São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Dividir para aprovar

A sinalização de que o governo toparia, como último recurso para obter a prorrogação da CPMF, destinar todo o dinheiro do imposto para a saúde divide os senadores do PSDB. De um lado está o líder, Arthur Virgílio (AM). Acompanhado de parte da bancada e sob orientação expressa de FHC, ele insiste na tecla de que, seja lá qual for a concessão do Planalto, a prioridade é deixar Lula sem o imposto por pelo menos um trimestre, jogando a negociação para o ano que vem.
De outro lado estão senadores que, ainda evitando contrariar publicamente o líder, ponderam que não faria sentido recusar tal oferta. O governo, que já tentou atrair o PSDB em bloco e depois no "microvarejo", aposta suas últimas fichas na fratura da bancada.

Balcão. Um ministro resume: "O PSDB está pedindo alto. Talvez o governo aceite pagar. Mas ainda precisa ver se eles entregam a mercadoria".

Ghost. Arthur Virgílio surpreendeu correligionários ao dizer que extraiu de um "diálogo" com Mário Covas, fora da "esfera terrestre", a inspiração para votar contra a CPMF. Tucanos mais antigos imaginam que essa amizade tenha começado depois da morte do governador, pois é sabido que Covas não gostava de Virgílio. E vice-versa.

Bicho-papão. O governo produziu a toque de caixa um levantamento de todas as obras que seriam paralisadas em caso de derrubada da CPMF. O objetivo é atribuir à oposição eventuais esqueletos de concreto. Pela estimativa oficial, 60% das emendas parlamentares, primeiro alvo do facão do Executivo, tratam de obras em andamento.

Tiro no pé. Relator do Orçamento, o deputado José Pimentel (PT-CE) apresentou nova estimativa de receita para 2008, baseada na arrecadação recorde, com R$ 6 bi extras. É argumento para quem diz que a CPMF pode acabar sem maiores traumas.

Expert. Veterano do escândalo dos sanguessugas, Wellington Roberto (PR-PB) deu plantão na comissão de Orçamento para incluir obras no relatório. Com ele estava o ex-deputado Inaldo Leitão (PR-PB), autor da emenda que daria a Lula chance de disputar um terceiro mandato.

Afasta de mim 1. Escolhido pelo PMDB para presidir o Senado, Garibaldi Alves não faz nenhuma questão de comandar a sessão da CPMF. "Não estou familiarizado com a questão", dizia ontem a um assessor pelo celular.

Afasta de mim 2. O senador potiguar, que deve ser eleito hoje, gostaria de tomar posse amanhã ou depois: "Não precisa ser agora".

Quem? Pouco conhecida dos senadores, Solange Paiva atravessou sua sabatina para a Anac chamando o petista Delcídio Amaral de "Decilde".

Sorry. Petistas passaram semanas trabalhando duro para fazer o relator da MP que regulamenta as franquias dos Correios. Mas o correligionário Arlindo Chinaglia avisou que o posto será dado a Nelson Marquezelli (PTB-SP).

Inimigo meu. A disputa pela presidência do PT reavivou a antiga rixa entre Tarso Genro e Olívio Dutra. Enquanto o ministro da Justiça vinha a público dizer cobras e lagartos sobre Jilmar Tatto, ex-governador e dirigente do partido no Rio Grande do Sul anunciava seu apoio à candidatura do deputado paulista.

Só no papel. A Assembléia paulista aprovou ontem projeto que aumenta em R$ 1 bi a previsão de gastos com a habitação. Há três anos, porém, o governo tucano vem recebendo ressalvas do Tribunal de Contas do Estado por não desembolsar o mínimo previsto em lei para a área.

Visita à Folha. Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador de São Paulo, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço.

Tiroteio

"O fato de alguém que decide os destinos da cidade se considerar um cidadão acima da lei ajuda a explicar o caos em que São Paulo se transformou."


Do engenheiro LUIZ CÉLIO BOTTURA, ex-presidente da Dersa, sobre a utilização de placas irregulares por vereadores interessados em escapar do rodízio de veículos.

Contraponto

Cortando pela raiz

Em sessão recente, a CCJ da Câmara discutia um projeto que acaba com o Sistema S (contribuição sobre a folha de pagamento das empresas que financia Sesc, Senai e Senac, entre outros) quando Carlos Willian (PTC-MG) tomou a palavra para registrar seu protesto:
-Acabar como? Vejam vocês: se não fosse o Senai, o presidente Lula não estaria onde está hoje!
Um grupo parou para ouvir o governista:
-Se não fosse o Senai, também eu não estaria aqui...
Do fundo da sala, um deputado da oposição rebateu:
-Todos nós queremos manter o Sistema S. Mas não dê mais exemplos como esses senão derrubamos já!


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