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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Dividir para aprovar
A sinalização de que o governo toparia, como último
recurso para obter a prorrogação da CPMF, destinar
todo o dinheiro do imposto para a saúde divide os senadores do PSDB. De um lado está o líder, Arthur Virgílio (AM). Acompanhado de parte da bancada e sob
orientação expressa de FHC, ele insiste na tecla de
que, seja lá qual for a concessão do Planalto, a prioridade é deixar Lula sem o imposto por pelo menos um
trimestre, jogando a negociação para o ano que vem.
De outro lado estão senadores que, ainda evitando
contrariar publicamente o líder, ponderam que não
faria sentido recusar tal oferta. O governo, que já tentou atrair o PSDB em bloco e depois no "microvarejo",
aposta suas últimas fichas na fratura da bancada.
Balcão. Um ministro resume: "O PSDB está pedindo alto. Talvez o governo aceite pagar. Mas ainda precisa ver se
eles entregam a mercadoria".
Ghost. Arthur Virgílio surpreendeu correligionários ao
dizer que extraiu de um "diálogo" com Mário Covas, fora
da "esfera terrestre", a inspiração para votar contra a
CPMF. Tucanos mais antigos
imaginam que essa amizade
tenha começado depois da
morte do governador, pois é
sabido que Covas não gostava
de Virgílio. E vice-versa.
Bicho-papão. O governo
produziu a toque de caixa um
levantamento de todas as
obras que seriam paralisadas
em caso de derrubada da
CPMF. O objetivo é atribuir à
oposição eventuais esqueletos de concreto. Pela estimativa oficial, 60% das emendas
parlamentares, primeiro alvo
do facão do Executivo, tratam
de obras em andamento.
Tiro no pé. Relator do Orçamento, o deputado José Pimentel (PT-CE) apresentou
nova estimativa de receita para 2008, baseada na arrecadação recorde, com R$ 6 bi extras. É argumento para quem
diz que a CPMF pode acabar
sem maiores traumas.
Expert. Veterano do escândalo dos sanguessugas, Wellington Roberto (PR-PB) deu
plantão na comissão de Orçamento para incluir obras no
relatório. Com ele estava o ex-deputado Inaldo Leitão (PR-PB), autor da emenda que daria a Lula chance de disputar
um terceiro mandato.
Afasta de mim 1. Escolhido pelo PMDB para presidir o Senado, Garibaldi Alves
não faz nenhuma questão de
comandar a sessão da CPMF.
"Não estou familiarizado com
a questão", dizia ontem a um
assessor pelo celular.
Afasta de mim 2. O senador potiguar, que deve ser
eleito hoje, gostaria de tomar
posse amanhã ou depois:
"Não precisa ser agora".
Quem? Pouco conhecida
dos senadores, Solange Paiva
atravessou sua sabatina para a
Anac chamando o petista Delcídio Amaral de "Decilde".
Sorry. Petistas passaram semanas trabalhando duro para
fazer o relator da MP que regulamenta as franquias dos
Correios. Mas o correligionário Arlindo Chinaglia avisou
que o posto será dado a Nelson Marquezelli (PTB-SP).
Inimigo meu. A disputa
pela presidência do PT reavivou a antiga rixa entre Tarso
Genro e Olívio Dutra. Enquanto o ministro da Justiça
vinha a público dizer cobras e
lagartos sobre Jilmar Tatto,
ex-governador e dirigente do
partido no Rio Grande do Sul
anunciava seu apoio à candidatura do deputado paulista.
Só no papel. A Assembléia paulista aprovou ontem
projeto que aumenta em R$ 1
bi a previsão de gastos com a
habitação. Há três anos, porém, o governo tucano vem
recebendo ressalvas do Tribunal de Contas do Estado por
não desembolsar o mínimo
previsto em lei para a área.
Visita à Folha. Geraldo
Alckmin (PSDB), ex-governador de São Paulo, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço.
Tiroteio
"O fato de alguém que decide os destinos
da cidade se considerar um cidadão
acima da lei ajuda a explicar o caos
em que São Paulo se transformou."
Do engenheiro LUIZ CÉLIO BOTTURA, ex-presidente da Dersa,
sobre a utilização de placas irregulares por vereadores
interessados em escapar do rodízio de veículos.
Contraponto
Cortando pela raiz
Em sessão recente, a CCJ da Câmara discutia um projeto que acaba com o Sistema S (contribuição sobre a folha
de pagamento das empresas que financia Sesc, Senai e Senac, entre outros) quando Carlos Willian (PTC-MG) tomou a palavra para registrar seu protesto:
-Acabar como? Vejam vocês: se não fosse o Senai, o
presidente Lula não estaria onde está hoje!
Um grupo parou para ouvir o governista:
-Se não fosse o Senai, também eu não estaria aqui...
Do fundo da sala, um deputado da oposição rebateu:
-Todos nós queremos manter o Sistema S. Mas não dê
mais exemplos como esses senão derrubamos já!
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