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Mesmo com a liminar da Justiça, bispo não suspende greve de fome
Dom Luiz Flávio Cappio diz que começa a se sentir "fisicamente debilitado"
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SOBRADINHO (BA)
O bispo de Barra (BA), dom
Luiz Flávio Cappio, 61, afirmou
ontem, em Sobradinho (540
km de Salvador), que a liminar
concedida pela Justiça Federal,
determinando a suspensão das
obras da transposição das
águas do rio São Francisco, não
o fará encerrar sua greve de fome contra o projeto.
"Ainda não estamos no fim.
Foi um grande sinal de esperança, mas ainda não estamos
no final da nossa luta", afirmou
ele, confirmando, pela primeira
vez, sentir-se "fisicamente debilitado". "Fomos presenteados com a chegada da liminar,
mas, evidentemente, o governo
vai recorrer. Ainda mantenho o
meu jejum", disse.
O religioso, que completa na
manhã de hoje 15 dias sem se
alimentar, reafirmou que só
encerrará o protesto quando
houver sinal "concreto" de que
a obra será paralisada definitivamente, e o Exército, que executa o projeto, retirar suas tropas dos locais de trabalho.
"Precisamos ver como o governo vai se comportar", afirmou dom Luiz. "A partir do que
acontecer, esperamos ver um
sinal de esperança para a conclusão dessa luta."
O bispo disse que, apesar de
se sentir "fisicamente debilitado", está "mentalmente bem".
Segundo ele, há momentos em
que sente a "cabeça pesada, fraqueza, vontade de sentar, de
deitar e de dormir".
Dom Luiz afirmou que tem
sonhado muito quando dorme,
mas "sem pesadelos". Nos últimos dias, ele ampliou os períodos de descanso. Há oito dias,
por ordem médica, também
substituiu a água por soro caseiro. Bebe cerca de três litros
por dia, em pequenas doses servidas em um copo de geléia.
Apesar dos problemas físicos
que começam a lhe incomodar,
o religioso mantém sua rotina.
Conversa com romeiros e visitantes, sempre à sombra de
uma árvore, ao lado da igreja de
São Francisco, onde jejua.
Ontem, no final da tarde, o
bispo recebeu a deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS) e
o líder do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) João Pedro Stedile.
A deputada disse que buscará
ampliar o apoio político ao religioso no Congresso, por meio
de articulações e pronunciamentos em plenário. Afirmou
também que não vê mais possibilidade de um acordo entre
dom Luiz e o governo.
Stedile disse que o MST intensificará ações para nacionalizar o debate. "Aumentaremos
nossa voz de denúncia em outras regiões do Brasil, que não
são banhadas pelo rio São
Francisco e que, aparentemente, não se sentem ligadas ao caso", afirmou.
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