São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mesmo com a liminar da Justiça, bispo não suspende greve de fome

Dom Luiz Flávio Cappio diz que começa a se sentir "fisicamente debilitado"

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SOBRADINHO (BA)

O bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, 61, afirmou ontem, em Sobradinho (540 km de Salvador), que a liminar concedida pela Justiça Federal, determinando a suspensão das obras da transposição das águas do rio São Francisco, não o fará encerrar sua greve de fome contra o projeto.
"Ainda não estamos no fim. Foi um grande sinal de esperança, mas ainda não estamos no final da nossa luta", afirmou ele, confirmando, pela primeira vez, sentir-se "fisicamente debilitado". "Fomos presenteados com a chegada da liminar, mas, evidentemente, o governo vai recorrer. Ainda mantenho o meu jejum", disse.
O religioso, que completa na manhã de hoje 15 dias sem se alimentar, reafirmou que só encerrará o protesto quando houver sinal "concreto" de que a obra será paralisada definitivamente, e o Exército, que executa o projeto, retirar suas tropas dos locais de trabalho.
"Precisamos ver como o governo vai se comportar", afirmou dom Luiz. "A partir do que acontecer, esperamos ver um sinal de esperança para a conclusão dessa luta."
O bispo disse que, apesar de se sentir "fisicamente debilitado", está "mentalmente bem". Segundo ele, há momentos em que sente a "cabeça pesada, fraqueza, vontade de sentar, de deitar e de dormir".
Dom Luiz afirmou que tem sonhado muito quando dorme, mas "sem pesadelos". Nos últimos dias, ele ampliou os períodos de descanso. Há oito dias, por ordem médica, também substituiu a água por soro caseiro. Bebe cerca de três litros por dia, em pequenas doses servidas em um copo de geléia.
Apesar dos problemas físicos que começam a lhe incomodar, o religioso mantém sua rotina. Conversa com romeiros e visitantes, sempre à sombra de uma árvore, ao lado da igreja de São Francisco, onde jejua.
Ontem, no final da tarde, o bispo recebeu a deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS) e o líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile.
A deputada disse que buscará ampliar o apoio político ao religioso no Congresso, por meio de articulações e pronunciamentos em plenário. Afirmou também que não vê mais possibilidade de um acordo entre dom Luiz e o governo.
Stedile disse que o MST intensificará ações para nacionalizar o debate. "Aumentaremos nossa voz de denúncia em outras regiões do Brasil, que não são banhadas pelo rio São Francisco e que, aparentemente, não se sentem ligadas ao caso", afirmou.


Texto Anterior: Greve de fome: Juiz sergipano quer que bispo se recupere
Próximo Texto: Saída: Lula discute hoje com a CNBB forma de encerrar a greve de fome
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.