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Após negociação, índios liberam reféns
Indígenas exigem suspensão de processos contra 23 cintas-largas e a não-liberação da mineração nas terras da reserva Roosevelt
Presidente da Funai, que foi à reserva por exigência dos índios, diz que demandas serão levadas adiante
pelo Ministério da Justiça
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
As cinco pessoas que eram
mantidas reféns desde sábado
por índios cintas-largas dentro
da reserva Roosevelt, em Rondônia, foram liberadas ontem,
após negociação com a Funai
(Fundação Nacional do Índio).
Por exigência dos índios, o
presidente da Funai, Márcio
Meira, se deslocou de Cacoal
(534 km de Porto Velho) até a
reserva. Na volta, às 19h20, levou no helicóptero o espanhol
David Martín Castro, oficial do
Alto Comissariado de Direitos
Humanos da ONU, o procurador regional da República Reginaldo Pereira da Trindade, e a
mulher do procurador, Margarete Geareta da Trindade.
Em português e mostrando
presentes recebidos dos cintas-largas, o oficial da ONU disse
estar bem. "O trato na aldeia foi
ótimo, não sofremos violência."
O administrador da Funai em
Ji-Paraná, Vicente Batista, e o
motorista Mauro Gonçalves,
foram de carro até Cacoal.
A Abin (Agência Brasileira de
Informação) monitorou as negociações e a liberação dos reféns. A Polícia Federal ficou de
fora do processo porque os índios exigiam que policiais federais deixassem as barreiras de
acesso à terra indígena.
Os índios fizeram oito reivindicações. Entre elas a suspensão dos processos contra 23
cintas-largas acusados do massacre de 29 garimpeiros na reserva em 2004, e a não-liberação de mineração em terras indígenas. Meira disse que as reivindicações serão encaminhadas pelo Ministério da Justiça.
"Vamos ter uma audiência com
o ministro para darmos soluções a todas as reivindicações."
O grupo tinha ido à reserva,
no sábado, a convite dos cintas-largas, para verificar denúncia
de constrangimentos a índios
em revistas da PF. O oficial da
ONU recebeu a denúncia em
Genebra (Suíça). A PF nega a
denúncia. "Não há reclamação
oficial sobre a revista", disse o
delegado Mauro Sposito.
A exploração de diamantes é
proibida no local. Os índios cobravam ilegalmente "pedágio"
dos garimpeiros. Depois passaram a garimpar e controlar a
atividade, o que gerou o conflito de 2004. Há divisões entre os
cintas-largas; alguns exploram
a atividade de forma ilegal.
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