São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

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Após negociação, índios liberam reféns

Indígenas exigem suspensão de processos contra 23 cintas-largas e a não-liberação da mineração nas terras da reserva Roosevelt

Presidente da Funai, que foi à reserva por exigência dos índios, diz que demandas serão levadas adiante pelo Ministério da Justiça

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

As cinco pessoas que eram mantidas reféns desde sábado por índios cintas-largas dentro da reserva Roosevelt, em Rondônia, foram liberadas ontem, após negociação com a Funai (Fundação Nacional do Índio).
Por exigência dos índios, o presidente da Funai, Márcio Meira, se deslocou de Cacoal (534 km de Porto Velho) até a reserva. Na volta, às 19h20, levou no helicóptero o espanhol David Martín Castro, oficial do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, o procurador regional da República Reginaldo Pereira da Trindade, e a mulher do procurador, Margarete Geareta da Trindade.
Em português e mostrando presentes recebidos dos cintas-largas, o oficial da ONU disse estar bem. "O trato na aldeia foi ótimo, não sofremos violência." O administrador da Funai em Ji-Paraná, Vicente Batista, e o motorista Mauro Gonçalves, foram de carro até Cacoal.
A Abin (Agência Brasileira de Informação) monitorou as negociações e a liberação dos reféns. A Polícia Federal ficou de fora do processo porque os índios exigiam que policiais federais deixassem as barreiras de acesso à terra indígena.
Os índios fizeram oito reivindicações. Entre elas a suspensão dos processos contra 23 cintas-largas acusados do massacre de 29 garimpeiros na reserva em 2004, e a não-liberação de mineração em terras indígenas. Meira disse que as reivindicações serão encaminhadas pelo Ministério da Justiça. "Vamos ter uma audiência com o ministro para darmos soluções a todas as reivindicações."
O grupo tinha ido à reserva, no sábado, a convite dos cintas-largas, para verificar denúncia de constrangimentos a índios em revistas da PF. O oficial da ONU recebeu a denúncia em Genebra (Suíça). A PF nega a denúncia. "Não há reclamação oficial sobre a revista", disse o delegado Mauro Sposito.
A exploração de diamantes é proibida no local. Os índios cobravam ilegalmente "pedágio" dos garimpeiros. Depois passaram a garimpar e controlar a atividade, o que gerou o conflito de 2004. Há divisões entre os cintas-largas; alguns exploram a atividade de forma ilegal.


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