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Serra inaugura 1º trem comprado da Alstom em contrato sob investigação
TCE calcula que cada trem custou R$ 38 milhões; governador diz que custo ficou em R$ 27 milhões
A Alstom é investigada em três países sob suspeita de ter subornado políticos para ganhar encomendas -uma delas do Metrô de São Paulo
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
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José Serra e o secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, na inauguração
MARIO CESAR CARVALHO
CATIA SEABRA
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), inaugurou
ontem o primeiro trem -de um
lote de 16- cujo contrato de
compra está sob investigação
por suspeita de superfaturamento e de burlar a Lei das Licitações. O trem é da Alstom.
O conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Antonio Roque Citadini diz em
despacho de agosto deste ano
que o Metrô não conseguiu
provar até agora que pagou o
menor preço pelos trens.
Segundo auditores do TCE, o
Metrô pagou R$ 609,5 milhões
pelos 16 trens, quando se inclui
o pagamento de ICMS. Pelas
contas do tribunal, cada trem
custa R$ 38 milhões.
O Metrô diz que esse valor
não é real porque obteve um
desconto de R$ 100 milhões e
pagou R$ 499,8 milhões pelo
lote. Com o desconto, cada
trem custou R$ 31,2 milhões.
Na cerimônia de entrega, na
estação Itaquera (zona leste), o
governador mencionou um outro preço: R$ 27 milhões.
Em uma compra com licitação internacional, feita cinco
meses depois da aquisição sem
concorrência, o Metrô pagou
R$ 28,8 milhões por trem.
A Alstom está sendo investigada na Suíça, na França e no
Brasil sob suspeita de ter subornado políticos para ganhar
contratos. Um dos documentos
apreendidos na Suíça diz que a
Alstom pagou US$ 6,8 milhões
para ganhar um contrato de
US$ 45 milhões do Metrô.
Ontem, Serra descartou a
possibilidade de haver atraso
na entrega de trens por conta
das investigações: "Nada a ver".
O governador enalteceu a
inovação do trem: "Na verdade,
o Metrô melhora também não
apenas com novas linhas, mas
com novos e mais modernos
trens. Este daqui, inclusive,
tem câmara de segurança".
O trem entregue ontem tem
seis carros e capacidade para
transportar 2.000 passageiros.
Os 15 restantes serão entregues
até o final do próximo ano.
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) e diretores da Alstom
participaram da cerimônia.
O preço não é o único problema na compra, de acordo com o
Tribunal de Contas. Os trens
foram comprados da Alstom
em 2007, na gestão de Serra,
com um contrato que havia sido assinado em 1992.
Pela Lei das Licitações, o
contrato de 1992 caducou em
1997. Segundo o voto do conselheiro Citadini, o Metrô deveria
ter feito uma nova licitação.
Na semana passada, em um
caso muito parecido com o dos
16 trens comprados sem uma
nova licitação pelo Metrô, o
Tribunal de Contas considerou
irregular uma compra feita pela
CPTM (Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos).
A CPTM usou um contrato
de 1995 para fazer compras em
2005, no governo de Geraldo
Alckmin (PSDB). De acordo
com auditores do tribunal, a
CPTM gastou R$ 34,6 milhões
a mais por não ter feito uma nova concorrência.
O julgamento do tribunal sobre a CPTM é definitivo.
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