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Arruda manteve 18 do alto escalão de Roriz
Levantamento contraria estratégia do governador de atribuir mensalão do DEM a uma única "herança maldita", Durval Barbosa
Ao menos cinco rorizistas com cargos na gestão atual recebem dinheiro em vídeos gravados pelo ex-secretário de Relações Institucionais
ALAN GRIPP
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A tentativa do governador do
Distrito Federal, José Roberto
Arruda (sem partido), de atribuir o mensalão do DEM a uma
única maçã podre herdada da
administração anterior -reforçada anteontem em nota e no
pronunciamento na qual se
desligou do partido -se revela
uma estratégia frágil quando
comparadas as composições
dos dois governos.
Durval Barbosa, denunciante
do esquema de arrecadação e
pagamento de propina, não é
apenas um contrapeso como
Arruda quer transformá-lo. Como Barbosa, pelo menos 18 integrantes do primeiro escalão
do atual governo ocuparam
cargos igualmente relevantes
na gestão de Joaquim Roriz
(1999-2006), ex-peemedebista
recentemente filiado ao PSC.
Com Arruda sem partido e
sem direito a disputar a reeleição, Roriz se torna um dos favoritos à disputa do governo do
Distrito Federal em 2010. Ao
menos cinco rorizistas com
cargos no governo Arruda protagonizaram os vídeos gravados por Barbosa -três aparecem recebendo dinheiro vivo
do pivô do escândalo, Barbosa.
Outros quatro são citados no
inquérito da Polícia Federal como membros do esquema. Entre eles, Fábio Simão, ex-secretário pessoal de Roriz e chefe de
gabinete de Arruda, que foi alvo
de mandado de busca e apreensão no dia que deflagraram a
Operação Caixa de Pandora.
Odilon Aires (PMDB), flagrado recheando bolsos do paletó e
da calça com maços de notas,
foi secretário de Assuntos Fundiários no governo Roriz. Na
gestão Arruda, ele é presidente
local do Instituto de Previdência dos Servidores.
Também filmado recebendo
dinheiro, José Luiz Naves foi
administrador da cidade-satélite de Samambaia e presidente
da Codhab (Companhia de Desenvolvimento Habitacional)
com Arruda. No governo anterior, foi adjunto da Secretaria
de Planejamento.
Já Eurides Brito (PMDB),
que aparece nas imagens colocando R$ 30 mil na bolsa, foi
gerente do programa de erradicação do analfabetismo de Arruda e líder do governo na Câmara do DF. Na gestão Roriz,
foi secretária de Educação.
Braço direito de Arruda, José
Geraldo Maciel, afastado do
cargo de chefe da Casa Civil, foi
titular da Saúde de Roriz. Segundo a PF, Maciel era um dos
encarregados de distribuir a
propina aos deputados aliados
de Arruda. Foi gravado tratando das mesadas. Todos negam
participação no esquema.
Arruda processado
Não são apenas os integrantes do primeiro escalão do governo Roriz que permaneceram na gestão do DEM.
Desde 2008, Arruda é processado por ter contratado sem
concurso 138 funcionários que,
em sua maioria, já atuavam na
gestão anterior. O Ministério
Público da União diz que os
contratos são ilegais.
A pedido do órgão, os funcionários informaram nomes de
políticos que os indicaram para
o cargo e se já haviam prestado
serviços ao governo do DF. Parte revelou ter sido indicada por
deputados distritais, entre eles
alvos da operação da PF, como
Eurides Brito, Brunelli (PSC) e
Benedito Domingos (PP).
Afirmaram ainda que eram
contratados pelo ICS (Instituto
Candango de Solidariedade),
organização sem fins lucrativos
que Arruda sempre teve orgulho de ter extinto tão logo assumiu o governo.
Em 2006, o ICS foi alvo de
operação da PF que prendeu
dirigentes da entidade acusada
de servir de cabide de emprego
e de ter desviado R$ 25 milhões
do governo.
"A utilização indevida dos
falsos comissionados [cargos
de confiança, sem concurso]
mostra-se mais clara ainda
quando se verifica que grande
parte dos atuais comissionados
eram trabalhadores vinculados
ao ICS, dispensados pelo próprio governador que afirmou
tratar-se de nomeações políticas", diz a ação que tramita no
Tribunal de Justiça do DF e
exige que o governador seja
condenado a pagar os direitos
trabalhistas de todos os 138
funcionários listados.
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