São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2002

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PESQUISA

Eleitores dizem ao Datafolha as razões que os levam a escolher um dos postulantes à Presidência da República em 2002

Imagem e sexo de candidato definem voto

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O eleitor tem razões que às vezes o marketing esmorece. Mas são as suas razões. O que escolhe Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elogia sua imagem pessoal (28%) -vinculando-a à honestidade e ao passado pobre- e o vêem preocupado com o social (22%).
O fato de Roseana Sarney (PFL) ser mulher (34%) e seu desempenho administrativo (27%) são os principais motivos de voto na governadora do Maranhão.
Pesquisa Datafolha com 2.198 entrevistados, realizada em 3 e 4 de janeiro, perguntou as razões das escolhas dos eleitores na sucessão presidencial de 2002. As respostas, espontâneas, foram agrupadas por correlação.
O eleitor de Lula vê potencial no petista para criar emprego (19%) e acredita que ele, depois de três eleições presidenciais como candidato derrotado, é merecedor de um voto de confiança.
O apoio a Lula por simpatia ideológica ou política aparece só como a quinta das razões de voto (15%), mas é um percentual muito superior aos que alegam o mesmo para optar por José Serra (3%) e Itamar Franco (2%). Os demais candidatos nem foram citados nesse tópico.
Bem vista como mulher e administradora, Roseana Sarney também tem destacada sua imagem pessoal (26%) -vinculada à honestidade, à competência e ao carisma- e sua atribuída preocupação com o social (12%) e com a criação de empregos (10%).
A propaganda eleitoral de Roseana até agora tem se concentrado em duas frentes. A primeira é o mote feminino -tema do principal jingle da governadora, que tem como refrão: "E não cheguei aqui de graça/tenho raça/Me chamo Ana, Susana ou Roseana/Sou a mulher".
A segunda frente é a administração no Maranhão, vendida pelos pefelistas como moderna e voltada para o social.
Dos entrevistados, 4% citaram como motivo para votar na pefelista o fato de ela ser filha do ex-presidente José Sarney (administração 1985-1990). Quando questionados sobre o que sabem a respeito da governadora, 21% associaram-na ao pai, hoje senador.

Garotinho
O governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), tem como principal alavanca de votos a sua administração no Estado (33%) e a sua imagem -na qual se ressalta a honestidade e a jovialidade que lhe são atribuídas.
A preocupação com o social e a área de segurança (ambas citadas por 17% dos seus eleitores) chega a superar a importância de sua religiosidade (14%).
Nesse universo, 11% apontam como importante para o voto em Garotinho a religião evangélica.
O governador do Rio é o único candidato com citação significativa nesse segmento. Quando questionados sobre o que sabem de Garotinho, 20% referiram-se à sua opção religiosa.
Tanto a questão administrativa quanto a religiosa fazem parte do marketing eleitoral de Garotinho. Nas inserções publicitárias que o PSB levou à televisão, o governador faz referências à sua administração e o que aponta como redução da violência no Rio.
Garotinho não menciona diretamente a religião na televisão, mas conciliou sua agenda de visita aos Estados com pregações evangélicas que realiza.

Ciro e Serra
A principal atribuição para o voto em Ciro Gomes também é sua imagem (53%) -associada à honestidade e à competência- e ao desempenho administrativo (22%) do ex-prefeito de Fortaleza, ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda. É o candidato que mais aparece identificado com propostas ou planos de governo (11%).
A gestão no Ministério da Saúde é o principal atributo (35%) da candidatura de José Serra (PSDB), segundo os eleitores ouvidos pelo Datafolha. É seguida da sua imagem pessoal (30%) -ligada à honestidade, competência e seriedade. Nesse quesito, 5% dizem simpatizar com o ministro, cuja suposta antipatia é vista como problema até por tucanos que resistem à sua candidatura.
Serra é valorizado por seu desempenho administrativo (19%) e por dar continuidade ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (9%). Um dos slogans adotados pelos serristas é "continuidade sem continuísmo", tentando assumir as qualidades do atual governo e escapar de suas mazelas.

Itamar
O governador Itamar Franco também tem como patrimônio sua imagem (32%), mais uma vez associada à honestidade e à simpatia, e seu desempenho administrativo (30%).
Presidente durante a gestação do Plano Real, 12% dos eleitores apontam a performance de Itamar na área econômica como razão para seu voto. A paternidade do Real está na raiz de seu afastamento de FHC, ministro da Fazenda que comandou a elaboração e a implantação do plano.
Mas para que serve uma pesquisa como esta? Ela detecta tendências do comportamento do eleitorado. Como cada um recebe as mensagens políticas, eleitorais e mesmo de marketing passadas pelos pré-candidatos.


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