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GOVERNO
Visita oficial terá dois dias de duração e tem objetivos comerciais e políticos; Ucrânia será segunda etapa de viagem
FHC inicia viagem pós-apagão à Rússia
WILSON SILVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
O presidente Fernando Henrique Cardoso chega hoje à tarde à
Rússia para uma visita oficial de
dois dias, debaixo de um frio que
pode chegar a - 20C em Moscou e
a - 30C em Kiev (Ucrânia), que
visita em seguida.
A viagem à Rússia é considerada estratégica pelo Itamaraty, tanto do ponto de vista comercial
quanto do político. Adiada por
seis meses por causa da crise de
energia elétrica, a visita assumiu
agora maior importância política,
pelo fato de o presidente russo,
Vladimir Putin, ter se sobressaído
como aliado dos Estados Unidos
na reação aos ataques terroristas
de 11 de setembro.
O governo brasileiro considera
que Putin deu uma guinada ao
Ocidente ao declarar apoio irrestrito ao presidente George W.
Bush e aproximar-se da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), despontando como líder mundial emergente.
Segundo diplomatas que integram a comitiva brasileira, FHC
não poderia terminar seu mandato sem visitar a Rússia. Essa viagem é tida como uma aposta na
consolidação de um relacionamento crescente, mas com potencial para ser muito mais intenso.
Do ponto de vista das relações
comerciais entre os dois países, é
grande a expectativa do governo
brasileiro de aumentar as exportações para a Rússia.
"Porta-voz"
FHC quer dar ênfase à política
externa neste último ano de mandato, numa tentativa de consolidar o papel de porta-voz do mundo emergente, na defesa de uma
globalização mais solidária, que
vise o fim da pobreza em escala
global, por meio de regras comerciais mais equilibradas.
Várias outras viagens estão previstas, a primeira delas em fevereiro. Além de visitar a Polônia,
FHC deve participar na Suécia da
terceira reunião de cúpula da chamada Terceira Via (entre capitalismo e socialismo), doutrina defendida pelo primeiro-ministro
britânico, Tony Blair, que combina "ambição e prosperidade econômica com compaixão e justiça
social", conforme sua definição.
A comitiva de FHC tem 91 pessoas, sendo oito integrantes do
governo, 13 convidados especiais
e 70 empresários. A relação de
convidados é eclética. Inclui os
governadores Esperidião Amin
(SC) e Jaime Lerner (PR), os deputados Geddel Vieira Lima (líder
do PMDB na Câmara) e Arnaldo
Madeira (líder do governo na Câmara), o prefeito de Joinville (SC),
Luiz Henrique, e a escritora Tite
de Lamare.
De Lamare escreveu o livro
"Nos Caminhos da Eterna Rússia". Ela é mulher do presidente
da Agência Nacional do Petróleo,
Sebastião do Rêgo Barros, que foi
embaixador na Rússia de 90 a 95.
Esta é a terceira visita oficial de
um chefe de Estado brasileiro à
Rússia. Antes de FHC estiveram
no país o então presidente José
Sarney e o imperador d. Pedro 2º.
FHC e sua mulher, Ruth Cardoso,
visitaram o país em 94, depois da
eleição para o primeiro mandato
e antes da posse.
Depois da Rússia, FHC visita
Kiev, atendendo convite feito pelo
governo ucraniano. Será a primeira visita oficial de um presidente brasileiro àquele país, ex-membro da extinta União Soviética, que mantém relações diplomáticas com o Brasil há dez anos.
Está prevista a assinatura de
protocolos e acordos nos dois países, mas, do ponto de vista prático, a ênfase é comercial. Nos dois
países,FHC encerra seminários
empresariais cujo objetivo é aprofundar as relações comerciais.
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