São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2002

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GOVERNO

Visita oficial terá dois dias de duração e tem objetivos comerciais e políticos; Ucrânia será segunda etapa de viagem

FHC inicia viagem pós-apagão à Rússia

WILSON SILVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

O presidente Fernando Henrique Cardoso chega hoje à tarde à Rússia para uma visita oficial de dois dias, debaixo de um frio que pode chegar a - 20C em Moscou e a - 30C em Kiev (Ucrânia), que visita em seguida.
A viagem à Rússia é considerada estratégica pelo Itamaraty, tanto do ponto de vista comercial quanto do político. Adiada por seis meses por causa da crise de energia elétrica, a visita assumiu agora maior importância política, pelo fato de o presidente russo, Vladimir Putin, ter se sobressaído como aliado dos Estados Unidos na reação aos ataques terroristas de 11 de setembro.
O governo brasileiro considera que Putin deu uma guinada ao Ocidente ao declarar apoio irrestrito ao presidente George W. Bush e aproximar-se da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), despontando como líder mundial emergente.
Segundo diplomatas que integram a comitiva brasileira, FHC não poderia terminar seu mandato sem visitar a Rússia. Essa viagem é tida como uma aposta na consolidação de um relacionamento crescente, mas com potencial para ser muito mais intenso.
Do ponto de vista das relações comerciais entre os dois países, é grande a expectativa do governo brasileiro de aumentar as exportações para a Rússia.

"Porta-voz"
FHC quer dar ênfase à política externa neste último ano de mandato, numa tentativa de consolidar o papel de porta-voz do mundo emergente, na defesa de uma globalização mais solidária, que vise o fim da pobreza em escala global, por meio de regras comerciais mais equilibradas.
Várias outras viagens estão previstas, a primeira delas em fevereiro. Além de visitar a Polônia, FHC deve participar na Suécia da terceira reunião de cúpula da chamada Terceira Via (entre capitalismo e socialismo), doutrina defendida pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que combina "ambição e prosperidade econômica com compaixão e justiça social", conforme sua definição.
A comitiva de FHC tem 91 pessoas, sendo oito integrantes do governo, 13 convidados especiais e 70 empresários. A relação de convidados é eclética. Inclui os governadores Esperidião Amin (SC) e Jaime Lerner (PR), os deputados Geddel Vieira Lima (líder do PMDB na Câmara) e Arnaldo Madeira (líder do governo na Câmara), o prefeito de Joinville (SC), Luiz Henrique, e a escritora Tite de Lamare.
De Lamare escreveu o livro "Nos Caminhos da Eterna Rússia". Ela é mulher do presidente da Agência Nacional do Petróleo, Sebastião do Rêgo Barros, que foi embaixador na Rússia de 90 a 95.
Esta é a terceira visita oficial de um chefe de Estado brasileiro à Rússia. Antes de FHC estiveram no país o então presidente José Sarney e o imperador d. Pedro 2º. FHC e sua mulher, Ruth Cardoso, visitaram o país em 94, depois da eleição para o primeiro mandato e antes da posse.
Depois da Rússia, FHC visita Kiev, atendendo convite feito pelo governo ucraniano. Será a primeira visita oficial de um presidente brasileiro àquele país, ex-membro da extinta União Soviética, que mantém relações diplomáticas com o Brasil há dez anos.
Está prevista a assinatura de protocolos e acordos nos dois países, mas, do ponto de vista prático, a ênfase é comercial. Nos dois países,FHC encerra seminários empresariais cujo objetivo é aprofundar as relações comerciais.


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