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DANÇA DOS MINISTROS
Segundo PT, aliança é possível em mais de 1.500 municípios
Planalto vincula reforma do ministério às eleições
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reforma ministerial a ser promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma operação
casada com a eleição municipal.
Vencer o pleito deste ano é prioridade do Planalto, que propõe aos
partidos aliados um "contrato político": aliança nos municípios em
que isso for possível, apoio no segundo turno onde não for e pacto
de não-agressão ao governo federal onde partidos da base aliada
estiverem em conflito.
O "contrato político", termo cunhado pelo presidente do PT, José
Genoino (SP), foi defendido pelo
ministro José Dirceu (Casa Civil)
na conversa que teve domingo à
noite com a cúpula do PMDB.
Segundo Dirceu, a nomeação de
ministros peemedebistas não significa apenas o ingresso da sigla
no governo. Trata-se de uma
"aliança estratégica" que envolve
a eleição de 2004.
Amanhã ou quinta-feira, Genoino se reúne com Michel Temer (SP), presidente do PMDB,
para tratar da parceria entre as
duas legendas. Nos cálculos do
PT, será possível formalizar aliança em mais de 1.500 municípios,
inclusive em algumas capitais, como São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e João Pessoa.
Na eleição de 2000, PT e PMDB
foram aliados em cerca de 700
municípios. De acordo com o ministro-chefe, as duas siglas detêm
hoje 50% dos votos do país.
Genoino diz que as pesquisas a
que tem acesso indicam que as
duas siglas estão em primeiro e
segundo lugar, respectivamente,
na preferência do eleitorado.
O critério, de acordo com Genoino, será "o caráter democrático e ético das alianças". Em São
Paulo, por exemplo, o PT da prefeita Marta Suplicy quer o apoio
do PMDB do ex-governador
Orestes Quércia.
O caráter eleitoral da reforma
transpira também em outros movimentos do governo. O mais importante deles talvez seja a decisão de manter o ministro das Cidades, Olívio Dutra, no cargo.
Além da esquerda, os prefeitos
das capitais governadas pelo PT,
especialmente os de São Paulo,
Porto Alegre e Aracaju, pressionaram pela permanência de Dutra: neste ano, a pasta terá verba
superior a R$ 3 bilhões para investir em obras municipais. Trunfo
do qual o PT não abre mão.
Ministro petista, Humberto
Costa terá cerca de R$ 1 bilhão para investir em saúde, programas e
obras que gerem empregos.
Questão de honra
Para o Planalto, é questão de
honra vencer as eleições em quatro capitais governadas pelo partido (São Paulo, Porto Alegre, Belo
Horizonte e Recife) e tentar ganhar a Prefeitura do Rio. Em Porto Alegre e Recife é pouco provável a aliança com o PMDB. São
dois casos que devem entrar no
"pacto de não-agressão".
Em Recife, sem o PMDB, o Planalto joga as fichas no apoio de
Miguel Arraes (PSB) ao prefeito
João Paulo, até porque outro aliado, o PTB, terá um candidato forte: o ex-governador Joaquim
Francisco. O reflexo dessa situação na reforma ministerial é a
substituição do ministro Roberto
Amaral pelo deputado Eduardo
Campos (PE), líder do PSB na Câmara e neto de Arraes.
Em São Paulo, o PT considera
bem "encaminhada" a conversa
com o PMDB, mas quer mais: o
PP de Paulo Maluf foi convidado
para as conversas sobre a reforma. É improvável que o PP ganhe
algum ministério, podendo levar,
porém, cargos no primeiro escalão. Há ainda a tentativa de levar a
deputada Luiza Erundina (PSB) a
desistir de sua candidatura.
As chances do senador Sérgio
Cabral (PMDB-RJ) na reforma
ministerial estão atadas à possibilidade de ele vir a apoiar a candidatura de Jorge Bittar a prefeito. É
um quadro complexo, que envolve o secretário da Segurança do
Rio, Anthony Garotinho. Hoje, a
aliança é avaliada como difícil.
Mercadante
Um dos cenários analisados pelo presidente Lula na reforma ministerial é a nomeação do líder do
governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), para a Previdência Social. O atual ministro, Ricardo Berzoini, já foi avisado de que
pode voltar à Câmara ou ser deslocado para uma pasta que coordenaria as ações de política social.
A pasta foi oferecida ao PMDB,
que prefere o Ministério da Integração Nacional. Será mais fácil
para Lula, entretanto, que o
PMDB aceite a Previdência.
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