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MUY AMIGOS
Brasileiro irá a Caracas em fevereiro para reunião de cúpula do G15
Chávez diz que vence plebiscito
DO ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY
O presidente venezuelano
Hugo Chávez disse ontem a seu
colega brasileiro Lula que a oposição a seu governo não tem o
número suficiente de assinaturas válidas para que seja convocado o plebiscito para eventualmente afastá-lo do poder.
"Mesmo que tiver (o número), eu ganho o plebiscito", fanfarronou o mandatário venezuelano, durante o almoço com
Lula, no qual mostrou bom humor e tranquilidade surpreendentes para quem está, há dias,
sendo alvejado por médios e altos funcionários americanos.
O bom humor era tanto que,
ao sair da sala de almoço no luxuoso Hotel Quinta Real de
Monterrey, em que Lula se hospeda, Chávez ironizou: "Eu estou em um hotel de terceira,
mas você está em um de luxo"
(Chávez está no Crowne Plaza,
que não é exatamente de terceira, mas não chega ao nível do
Quinta Real).
O presidente da Venezuela
disse também a Lula que não
pretendia levar ao plenário da
Cúpula Extraordinária das
Américas a denúncia que fizera
na véspera, segundo a qual os
Estados Unidos estão conspirando para derrubá-lo.
A tese de Chávez é a de que a
oposição não tem as assinaturas
necessárias, mas vai dizer que o
Conselho Nacional Eleitoral, a
quem cabe decidir, rejeitou assinaturas válidas, manipulado pelo presidente. Seria o pretexto
para o golpe.
Não foi possível saber a reação
de Lula durante o almoço com
Chávez, mas o chanceler Celso
Amorim anunciou, depois, que
o presidente brasileiro irá à cúpula do G15, marcada para fevereiro exatamente em Caracas.
Parece um sinal, ainda que velado, de apoio a Chávez, na medida em que esse grupo de países em desenvolvimento não
chega a ser relevante para justificar uma viagem presidencial.
Amorim, que fez um relato
dos encontros de Lula aos jornalistas, foi evasivo ao extremo.
O máximo de crítica que fez aos
Estados Unidos foi dizer que
não acha que "seja produtivo
tentar isolar governos".
Já para a Venezuela, o afago
foi mais firme: "Tínhamos, temos e continuaremos a ter uma
relação sólida com a Venezuela
e com o governo venezuelano".
O chanceler negou-se a entrar
no que chamou de "troca de
opinião entre países", chegando
a usar uma metáfora familiar:
"Se dois parentes trocam acusações, você tenta ouvir os dois lados e buscar um ponto de vista
comum".
A Folha perguntou então se
não é o caso de dizer a um ou a
ambos os parentes da metáfora
qual a opinião do hipotético
conciliador. "Quando você tem
que dizer, não faz propaganda",
escapou o ministro.
Além de Chávez, Lula teve
reuniões bilaterais com o mexicano Vicente Fox, o peruano
Alejandro Toledo e o equatoriano Lúcio Gutiérrez.
A conversa em princípio mais
suculenta foi com Fox, já que
ambas as partes expressaram o
desejo de fazer um acordo de livre comércio entre o México e o
Mercosul (já há uma série de
acordos de cooperação econômica).
(CR)
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