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CONEXÃO TUCANA
Laudo atesta veracidade de documento
Ex-tesoureiro reafirma que relato sobre caixa dois de R$ 91 mi é falso
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Mesmo confrontado com laudo
do INC (Instituto Nacional de
Criminalística) que comprovou
ser autêntico o documento que
descreve um suposto caixa dois
de R$ 91,5 milhões da campanha
do hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas
Gerais em 1998, Cláudio Mourão
-ex-tesoureiro do tucano-
manteve ontem, em depoimento
à Polícia Federal, a versão de que o
documento é uma montagem.
Segundo o delegado Praxíteles
Praxedes, a comprovação da autenticidade do documento foi o
motivo pelo qual Mourão foi ouvido novamente. Em seu primeiro depoimento à PF, em novembro, Mourão manifestou dúvida
quanto às rubricas, a ele atribuídas, que aparecem em duas folhas
do suposto balanço do caixa dois.
"A partir do momento em que
há um documento em que há autenticidade e não há indícios de
falsificação, e ele [Mourão], num
primeiro momento, disse que não
tinha confeccionado aquele documento, há uma necessidade de
que ele venha", disse Praxedes.
O intitulado "resumo da movimentação financeira" da campanha de Azeredo foi entregue à PF
pelo lobista Nilton Monteiro, a
quem o senador e seu ex-tesoureiro acusam de falsificação. Os papéis indicam o que seriam a origem e o destino de cerca de R$ 100
milhões que teriam sido arrecadados para a campanha - dos
quais apenas R$ 8,5 milhões foram declarados.
Laudo
Laudo do INC concluiu que a
assinatura e as rubricas de Mourão no documento são verdadeiras. Também apontou a inexistência de sinais de fraude ou montagem na seqüência das páginas.
Em depoimentos anteriores,
Mourão reconheceu R$ 11,5 milhões de caixa dois na campanha
de Azeredo e disse que o dinheiro
veio de empréstimos do publicitário Marcos Valério de Souza.
O delegado afirmou ontem que
o suposto balanço do caixa dois é
um "indicativo", mas não uma
"prova cabal" de irregularidades
na campanha de Azeredo. Disse
que ainda é preciso investigar
mais o caso.
Outros depoimentos
O depoimento de Mourão durou cerca de duas horas. Ele não
falou com a imprensa. Além dele,
a PF ouviu ontem Vera Veloso,
prima e ex-assessora de Mourão,
a outra tesoureira da campanha
de Azeredo em 1998, Denise Landim, e o ex-presidente da Copasa
(estatal de água) Ruy Lage.
As estatais mineiras Comig
(atual Codemig) e Copasa são
acusadas, em ação conjunta dos
Ministérios Públicos Federal e Estadual, de ter repassado R$ 3 milhões para a campanha de Azeredo, via SMPB, agência de Valério,
como se fosse patrocínio do evento motociclístico Enduro da Independência.
O ex-presidente da Copasa Ruy
Lage disse ontem ter "estranhado" o pedido de patrocínio de
R$ 1,5 milhão para o evento, encaminhado pela Secom (Secretaria
de Comunicação) do governo
Azeredo. Disse ter estranhado o
pedido porque a SMPB não detinha a conta publicitária da Copasa. "A saída que se encontrou foi
uma determinação da Secom."
O ex-secretário-adjunto de Comunicação de Azeredo Eduardo
Guedes Neto, que assinou as determinações de patrocínio, depôs
anteontem à PF. Ontem, ele afirmou que Lage está "mal-informado". "O patrocínio foi pago à
SMPB porque ela detinha os direitos exclusivos do evento."
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