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PSDB "arquivou a oposição", afirma Aldo
Para deputado, eleição de rival pode desequilibrar relação de forças políticas ao concentrar muito poder nas mãos do PT
Nos bastidores, presidente da Câmara se queixa de "traição" de José Serra e de
líder tucano na Casa e de omissão de Lula na disputa
SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Irritado com a decisão do
PSDB de apoiar a candidatura
do petista Arlindo Chinaglia
(SP) na disputa pelo comando
da Câmara, o presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP),
afirmou ontem que os tucanos
"arquivaram a oposição" feita
no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O deputado disse também
que "não é aconselhável" para a
democracia "dar todo o poder a
um partido que já tem muito".
"Questionei duramente
meus amigos do PSDB sobre a
posição adotada, que não guarda coerência com a trajetória
do partido nos últimos quatro
anos [durante o governo Lula],
a não ser que toda a oposição
que o PSDB fez ao PT tenha sido completamente arquivada
em função de acordos políticos
regionais", afirmou.
"A partir desses acordos políticos o PSDB resolve dar ainda
mais poder àquele partido que
julgava ser o seu adversário",
completou o deputado.
Nos bastidores, aliados de Aldo afirmaram que o presidente
da Câmara disse ter se sentido
"traído" pelo governador de
São Paulo, José Serra (PSDB), e
pelo líder da bancada tucana,
Jutahy Júnior (BA).
Ontem, Aldo passou a trabalhar para tentar ampliar a dissidência dentro do PSDB.
"Na democracia, tudo tem
conserto", avaliou.
Rebelo disse ter ouvido de interlocutores tucanos que o
apoio declarado a Chinaglia
"deixa o partido em situação
muito difícil" para se justificar
perante seus eleitores.
Reforma política
Aldo afirmou também que a
adesão do PSDB à chapa petista
inviabiliza as discussões para a
aprovação de uma eventual reforma política.
"Como vamos iniciar a próxima legislatura discutindo a reforma política se os acordos
realizados não guardam relação com a distribuição de poder
dentro da Casa e se subordinam a acordos regionais em Assembléias, em nome de deputados que nem sequer tomaram
posse de seus mandatos?",
questionou Aldo.
Na avaliação do deputado,
uma eventual vitória do adversário petista poderia desequilibrar a correlação de forças no
país. "Julgo legítimo que o PT
busque ampliar sua esfera de
poder", disse. "Sou aliado do
PT, mas, para o equilíbrio da
democracia e da própria Câmara, não devemos dar todo o poder a um partido que já tem
muito", sentenciou.
O presidente da Câmara também tem se queixado em conversas com seus aliados do que
considera "omissão" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
diante da disputa pelo comando da Casa e da interferência do
ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) em favor
de Arlindo Chinaglia.
Questionado sobre a situação, no entanto, Aldo tentou
desconversar. "Não creio que o
presidente Lula vá interferir
[na disputa] porque é a eleição
de outro Poder da República.
Isso, naturalmente, criaria conseqüências indesejáveis para a
relação entre os Poderes", avaliou o deputado.
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