São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2007

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PSDB "arquivou a oposição", afirma Aldo

Para deputado, eleição de rival pode desequilibrar relação de forças políticas ao concentrar muito poder nas mãos do PT

Nos bastidores, presidente da Câmara se queixa de "traição" de José Serra e de líder tucano na Casa e de omissão de Lula na disputa


SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Irritado com a decisão do PSDB de apoiar a candidatura do petista Arlindo Chinaglia (SP) na disputa pelo comando da Câmara, o presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), afirmou ontem que os tucanos "arquivaram a oposição" feita no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O deputado disse também que "não é aconselhável" para a democracia "dar todo o poder a um partido que já tem muito".
"Questionei duramente meus amigos do PSDB sobre a posição adotada, que não guarda coerência com a trajetória do partido nos últimos quatro anos [durante o governo Lula], a não ser que toda a oposição que o PSDB fez ao PT tenha sido completamente arquivada em função de acordos políticos regionais", afirmou.
"A partir desses acordos políticos o PSDB resolve dar ainda mais poder àquele partido que julgava ser o seu adversário", completou o deputado.
Nos bastidores, aliados de Aldo afirmaram que o presidente da Câmara disse ter se sentido "traído" pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e pelo líder da bancada tucana, Jutahy Júnior (BA).
Ontem, Aldo passou a trabalhar para tentar ampliar a dissidência dentro do PSDB.
"Na democracia, tudo tem conserto", avaliou.
Rebelo disse ter ouvido de interlocutores tucanos que o apoio declarado a Chinaglia "deixa o partido em situação muito difícil" para se justificar perante seus eleitores.

Reforma política
Aldo afirmou também que a adesão do PSDB à chapa petista inviabiliza as discussões para a aprovação de uma eventual reforma política.
"Como vamos iniciar a próxima legislatura discutindo a reforma política se os acordos realizados não guardam relação com a distribuição de poder dentro da Casa e se subordinam a acordos regionais em Assembléias, em nome de deputados que nem sequer tomaram posse de seus mandatos?", questionou Aldo.
Na avaliação do deputado, uma eventual vitória do adversário petista poderia desequilibrar a correlação de forças no país. "Julgo legítimo que o PT busque ampliar sua esfera de poder", disse. "Sou aliado do PT, mas, para o equilíbrio da democracia e da própria Câmara, não devemos dar todo o poder a um partido que já tem muito", sentenciou.
O presidente da Câmara também tem se queixado em conversas com seus aliados do que considera "omissão" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da disputa pelo comando da Casa e da interferência do ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) em favor de Arlindo Chinaglia.
Questionado sobre a situação, no entanto, Aldo tentou desconversar. "Não creio que o presidente Lula vá interferir [na disputa] porque é a eleição de outro Poder da República. Isso, naturalmente, criaria conseqüências indesejáveis para a relação entre os Poderes", avaliou o deputado.


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