|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Líderes da Renascer irão a júri popular nos Estados Unidos
Justiça decidirá na próxima semana se aceita a denúncia pelas acusações de lavagem de dinheiro e depoimento falso à polícia
Se for aceito o indiciamento, o casal passará à condição de réu; os advogados de Estevam e Sonia Hernandes não quiseram dar entrevista
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
Estevam Hernandes Filho,
52, e Sonia Haddad Moraes
Hernandes, 48, líderes da Igreja Apostólica Renascer em
Cristo, vão a júri popular federal, que decidirá na próxima semana se aceita ou não a denúncia pelas acusações de lavagem
de dinheiro, contrabando de
papel-moeda e depoimento falso à polícia.
Se for aceito o indiciamento,
o casal passará à condição de
réu perante a Justiça norte-americana e irá a julgamento. A
primeira audiência com a juíza
Andrea M. Simonton está prevista para o dia 24 deste mês.
O procedimento de júri popular para crimes de ofensa federal com pena superior a um
ano é comum nos EUA e está
previsto na Constituição. Só o
contrabando de dinheiro prevê
cinco anos de detenção.
"As pessoas têm direito a júri
em quase todas as situações nos
EUA", diz o advogado americano Joel Stewart, que atende a
comunidade brasileira e o consulado do Brasil em Miami: "O
fato de colocar um processo
criminal em andamento contra
o cidadão é extremamente importante, não pode ser deixado
nas mãos da polícia, sem verificação da possibilidade de que o
fato possa ter sido forjado".
Entre seis e 12 jurados são
convocados para decidir se
aceitam ou não a denúncia, a
depender da seriedade do caso.
O procedimento é assim: um
procurador explica a situação e,
em geral, traz o policial que efetuou a prisão em flagrante. No
caso do casal da Renascer, o
agente de imigração Edwin
Santiago testemunhará contra
e dará detalhes do que ocorreu.
A opinião do júri será questionada sobre a possibilidade
de o crime ter sido cometido. O
indiciamento, diz Stewart, autoriza que o acusado seja réu na
ação criminal. Nessa parte do
processo não há defesa. Só as
declarações da acusação são levadas em conta. Uma vez réus,
Estevam e Sônia vão a novo júri, que, junto com a juíza, decidirá pela condenação ou inocência, depois de sessões de depoimento, defesa e acusação.
Segundo a porta-voz da Justiça em Miami, Barbara Gonzalez, o casal ainda não pagou a
fiança de US$ 100 mil estipulada em audiência preliminar
com a juíza Simonton.
Do montante, US$ 50 mil poderiam ser pagos em liberdade,
mediante assinatura de um termo de compromisso. Os outros
US$ 50 mil deveriam ter um sinal de 10% no ato, ou seja, US$
5.000, que o casal deveria provar não ser "dinheiro sujo".
Estevam Hernandes e Sônia
ainda não conseguiram atestar
a origem lícita do valor da fiança. Os US$ 56.467 encontrados
com os dois foram apreendidos
pela alfândega e encaminhados
ao Tesouro americano.
A Folha teve acesso ao auto
de flagrante e de prisão de Estevam Hernandes e Sonia. O
documento descreve em detalhes desde a chegada ao aeroporto de Miami na madrugada
de terça num vôo da TAM saído
de São Paulo às declarações
prestadas em juízo e à revista
de bagagens que encontrou
US$ 56.467 em espécie.
Segundo a polícia, Estevam e
Sonia disseram portar menos
que US$ 10 mil. Foram levados
a uma sala para revista íntima e
de bagagem: US$ 17.679 foram
achados na bolsa de mão de Sonia. Aí o casal teria mudado a
versão: disse levar US$ 21 mil.
Em fundos falsos da mala,
num porta-CDs, numa bíblia e
na mochila do filho Gabriel,
menor de idade, estavam os demais dólares. No depoimento
registrado pela polícia, Sonia
diz que a quantia excedente foi
dada no aeroporto de Guarulhos pelo filho Felipe Daniel
Hernandes. Procurados pela Folha, os advogados Alicia Oliveira Valle e Mauricio Aldazabal, que representam os Hernandes, não responderam ao
pedido de entrevista.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Frase Índice
|