São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) painel@uol.com.br

Caminho livre

A oposição, que comemora o "renascimento" depois da vitória sobre o governo na batalha da CPMF, dará uma trégua a Lula no negócio bilionário da compra da Brasil Telecom pela Oi. Tucanos e "demos" desconversam quando questionados sobre os riscos de monopólio no setor e sobre o precedente de mudança no Plano Nacional de Outorgas para permitir a fusão.
O principal argumento de oposicionistas e do governo é o mesmo: a concentração no setor é uma "tendência mundial". Só mudam as nuances: petistas e aliados exaltam a criação de uma empresa nacional forte para competir com as gigantes multinacionais. A oposição diz que o importante é fortalecer a Anatel para que o consumidor não seja prejudicado.

Dissonante. O tucano Paulo Renato (SP), no entanto, ameaça estragar a rara concórdia entre governo e oposição. O deputado diz que a mudança na regulamentação prejudica a concorrência, e quer convocar audiência pública sobre o tema na Câmara.

Trégua. O governo tenta evitar que servidores federais façam muito barulho por causa do congelamento de seus salários pós-queda da CPMF. Promete que, concluídos os cortes no Orçamento, sentará na mesa para discutir reajustes, mesmo que mínimos.

Mais embaixo. Um auxiliar direto de Lula diz que os parlamentares ainda não se deram conta do tamanho do corte que terão de amargar em suas emendas. "Vamos dar um clipping de notícias para que leiam e entendam que perdemos R$ 40 bi", diz.

CDF. O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) não faz parte do bloco de colegas que têm arrepios só de ouvir falar em cortes de recursos em suas pastas. "Quem manda é o presidente. Se tiver de fazer ajustes na minha área, não farei nenhuma articulação contrária", afirma.

Sem emissários. Tarso Genro vai pleitear assento no Diretório Nacional do PT. Em 2005, ele e José Dirceu, oponentes, fizeram acordo para que ambos ficassem de fora da cúpula partidária. Agora, o ministro da Justiça acha que é hora de participar diretamente do debate interno petista.

Prestígio. Sílvio Pereira abandonou o PT e diz aos quatro ventos que quer distância da política após ser envolvido no escândalo do mensalão. Mas sua irmã, Analice de Novaes Pereira, segue firme à frente da Superintendência do Ibama em São Paulo.

Paz e amor. O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) quer patrocinar evento em Brasília reunindo vários casos de sociedade, parcerias e casamentos entre judeus e árabes no país. É um desdobramento da reunião nos Estados Unidos sobre a questão palestina, da qual o Brasil participou em 2007.

Simetria. Se Lula for à reunião Árabes-Mercosul no Catar, irá também, pela primeira vez em seus seis anos de governo, a Israel. Ou vai nos dois, ou não vai a nenhum.

Rural. Alvo de ações por improbidade administrativa e peculato, o ex-governador Zeca do PT decidiu agora se dedicar à criação de peixes e galinhas. O pedido de licenciamento para piscicultura e aviário em seu sítio foi publicado no "Diário Oficial" de Mato Grosso do Sul.

Cabo eleitoral. Em alta após assumir a presidência do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN) decidiu se empenhar para emplacar um correligionário como candidato à Prefeitura de Natal: será o vereador Hermano Morais.

Pé na estrada. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, visitará cinco cidades neste mês para dar a largada na estratégia tucana para a sucessão municipal. Irá a Natal, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis e Rio de Janeiro.

Tiroteio

Lula se escondeu atrás de seu ministro-artista para justificar que, num momento de cortes para todos os lados, vai gastar R$ 700 milhões com uma TV que a sociedade não quer ver.


Do deputado federal PAULO BORNHAUSEN (DEM-SC) sobre as declarações do ministro da Cultura, Gilberto Gil, em defesa da TV Pública.

Contraponto

Posto avançado

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ligou anteontem para a colega da Casa Civil, Dilma Rousseff, a fim de avisá-la que, assim como ela, também tiraria uns dias de folga antes de retomar o debate do Orçamento:
-Fui!-, brincou Bernardo, que passou os últimos dias em meio ao debate sobre os cortes de emendas, período em que chegou a dizer que a oposição, dura nas críticas ao pacote pós-queda da CPMF, queria "governar da praia".
-Mas você falou com o presidente?-, perguntou Dilma.
Quando o ministro relatava todos os compromissos que havia acertado com Lula, foi interrompido pela colega.
-Então agora é você que vai governar da praia?!


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