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Eleitor está cada vez mais atento à corrupção
Percentual do eleitorado que avalia a honestidade como muito importante num presidenciável vai de 88% para 91% de 2001 a 2007
Segundo Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, "não há espaço para alguém com imagem de corrupto
se lançar à Presidência"
MARCELO BERABA
DA SUCURSAL DO RIO
A lista de candidatos à sucessão de Lula em 2010 ainda não
está definida, mas os eleitores
já têm algumas idéias de como
deve ser o seu sucessor. É indiferente que seja homem ou mulher, rico ou pobre, mas aumentou -após três anos de escândalos, investigações policiais,
CPIs e processos judiciais- a
preocupação com a honestidade dos candidatos a presidente.
Em 2001, ainda no governo
de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), 88% dos eleitores
ouvidos pelo Datafolha disseram que consideravam muito
importante que o seu candidato à Presidência jamais tivesse
tido envolvimento em casos de
corrupção. Em 2002, quando
ocorreu a eleição vencida por
Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
este índice foi de 86%. Em pesquisa feita pelo instituto entre
26 e 29 de novembro passado, o
percentual foi para 91%.
A pesquisa ouviu 11.741 brasileiros acima de 16 anos. O Datafolha quis saber que importância os eleitores atribuem a fatores como sexo, patrimônio, estado civil, religiosidade, experiência administrativa e honestidade na corrida presidencial.
Dois aspectos sobressaem no
levantamento [veja o quadro ao
lado]: a ênfase na honestidade e
a crescente indiferença em relação ao fato de o candidato ser
casado ou religioso. Não é a palavra final dos eleitores, mas
são indicações que devem ser
levadas em conta.
Gestores honestos
Em 2001, os eleitores ouvidos pelo Datafolha achavam
igualmente muito importante
o candidato não ter envolvimento com corrupção (88%) e
ter experiência administrativa
(87%). Agora, passados seis
anos, eles dão mais importância à honestidade (91%) do que
à experiência (83%). Mas os
dois atributos se completam.
Pode-se dizer que a maioria absoluta prefere um gestor experimentado e honesto.
Os índices de rejeição aparente à corrupção são altos em
todos os segmentos e Estados
pesquisados pelo Datafolha,
mas há nuances. Entre os que
têm nível superior de escolaridade e os mais ricos, o percentual sobe para 95%. É, curiosamente, o mesmo indicador entre os eleitores do PP -um dos
partidos que mais tiveram parlamentares envolvidos nos escândalos do mensalão, mensalinho (Severino Cavalcanti) e
sanguessugas.
"Honestidade e experiência
administrativa são valores permanentes", analisa Marcus Figueiredo, cientista político do
Iuperj (Instituto Universitário
de Pesquisas do Rio de Janeiro): "A idéia de não envolvimento com corrupção é um
princípio desejado, o que não
quer dizer que eventualmente
algum envolvimento derrube
um pretenso candidato".
Números contundentes
Mauro Paulino, diretor-geral
do Datafolha, avalia que os números da pesquisa são "contundentes" em relação à rejeição à corrupção e à importância
de experiência administrativa:
"Os candidatos que não levarem em conta estes fatores terão dificuldades. Não há nenhum candidato associado a
casos de corrupção. Hoje não
há espaço para alguém com
imagem de corrupto se lançar à
Presidência".
Para Paulino, o eleitor espera
que o candidato tenha experiência, apesar de ter elegido
Lula em 2002: "Mas naquela
campanha, o publicitário Duda
Mendonça explorou muito a
idéia de que Lula teria um ministério experiente".
O cientista político Alberto
Almeida, autor do livro "A Cabeça do Brasileiro" (Record,
2007), entende que o resultado
do Datafolha demonstra que o
currículo do candidato relacionado com a vida pública tem
mais importância do que a vida
pessoal: "O eleitor procura alguém que tenha mostrado serviço, que seja bem sucedido e
faça o bem às pessoas".
Ele faz, no entanto, uma ponderação. Em disputas em que a
reeleição está em jogo -como
foi a de Lula em 2006-, o eleitor está mais atento às realizações do governo. Naquele ano,
o eleitor avaliou positivamente
o governo Lula, não deu tanta
importância para escândalos
como o do mensalão e o reelegeu. Em eleições normais, como será a de 2010, o fator pessoal tende a ter peso maior.
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