São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2009

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Fórum Social bate recorde de investimento público no Pará

Governos federal, estadual e municipal gastam R$ 145,3 mi com obras em Belém

Em 2005, foram gastos R$ 10 mi no RS; governadora petista diz se identificar com a ideologia do encontro, que começa no dia 27 de janeiro


JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

A edição deste ano do Fórum Social Mundial, que começa no próximo dia 27, em Belém (PA), atrairá o maior volume de investimentos estatais desde a criação do encontro, no qual se reúnem organizações de esquerda de todo o mundo.
Para capacitar a capital paraense de infraestrutura, segurança e atendimento médico adequado aos mais de 80 mil participantes já inscritos, os governos federal e estadual e a prefeitura gastarão ao menos R$ 145,3 milhões.
Segundo a Abong (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais), o recorde anterior pertencia à última edição feita no Brasil, a de Porto Alegre (RS) em 2005, que teve 155 mil participantes e recebeu cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos.
Segundo os organizadores do fórum, o gasto deste ano ajudará a sanar uma série de falhas no serviço público de Belém -uma das capitais com pior saneamento básico do país, e que tem altos índices de violência e um caos crescente no trânsito.
"O fórum se pauta pela lógica de não fugir desses problemas. Se não fosse assim, todas as edições teriam sido feitas em Paris", disse Moema Miranda, do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), uma das organizações fundadoras do encontro. "Foi [um resultado] muito positivo, uma forma de apoio diferenciada."
Segundo ela, é errado pensar que o dinheiro público será usado apenas para promover uma reunião de entidades de esquerda, já que as melhorias devem ser duradouras. "O governo não vai gastar com passagem de avião de ninguém."
"Quando soubemos que o fórum viria para cá, isso foi motivo de alegria, mas também de preocupação", afirmou à Folha a governadora Ana Júlia Carepa (PT). "Por isso apresentamos uma proposta [de investimentos] ao governo federal já em 2007", disse ela.
Para Ana Júlia, tanto ela quanto o governo federal têm "identidade" com o direcionamento ideológico do encontro, o que facilitou a liberação dos recursos. Ela afirmou que parte das reformas não ficará pronta a tempo. "Mas elas [obras] ficarão para as comunidades."
O dinheiro para policiamento, cerca de R$ 52 milhões, chega em um momento em que o Estado enfrenta uma crise política na segurança pública. Na sexta-feira, o então comandante da Polícia Militar, Luiz Cláudio Rufeill, deixou o cargo, após a morte, em assaltos, de um procurador do município e de um médico.
A governadora nega haver crise. Para ela, só haverá problemas na segurança se "forças da oposição tentarem forjar alguma coisa".


Colaborou GRACILIANO ROCHA , da Agência Folha, em Porto Alegre


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