São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

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Serra deve demitir afilhados de Alckmin

Aviso à bancada paulista provoca tensão no PSDB e é novo ponto de atrito entre o grupo do governador e o de antecessor

Trocas atingem indicados de outros parlamentares tucanos; cortes devem ser aplicados após a posse de deputados estaduais

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Parlamentares tucanos - especialmente os mais alinhados ao ex-governador Geraldo Alckmin - já estão preparados para a saída em massa de afilhados políticos da máquina do Estado de São Paulo. O governador José Serra (PSDB) sinalizou com a possibilidade de demissão de indicados ao anunciar o enxugamento da estrutura, incluindo a extinção ou racionalização de escritórios no interior do Estado.
A expectativa é que o maior volume de exonerações ocorra após 15 de março, com a posse dos novos deputados estaduais, não só porque a Assembléia sofreu uma renovação de 47%, mas também para que Serra tenha melhor conhecimento da estrutura de governo.
Alguns cortes, porém, já foram feitos, como a extinção de oito diretorias regionais de saúde. Secretário de Agricultura no governo passado, o deputado federal Duarte Nogueira assistiu ao desmonte de sua antiga equipe. Aos tucanos disse, no entanto, que não vê retaliação na decisão do governador.
Com a extinção da Secretaria de Turismo, o deputado estadual reeleito Orlando Morando também sofreu perda de espaço político. Além dos cinco indicados na secretaria, era o padrinho do chefe da diretoria regional de Saúde do ABC.
O governo também já adiantou a intenção de extinguir os 11 escritórios regionais da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), em geral, chefiados por afilhados políticos.
Segundo tucanos, deputados como Edson Aparecido e Wanderlei Macris, foram responsáveis por indicações na CDHU. Autor da indicação do titular de Campinas, no governo passado, Macris diz que considera natural a extinção de cargos numa nova administração. "O governador sempre falou no enxugamento da máquina."

Novas indicações
Apesar da decisão anunciada de extinção de cargos no governo, Serra deu sinais de que poderá acolher indicações de políticos na noite de quinta, em jantar com a bancada do PSDB na Assembléia. Segundo participantes, Serra criticou o modelo tradicional de política, da troca de votos por cargos.
Mas admitiu a possibilidade de acatar sugestões desde que amparadas em critérios profissionais. Serra disse defender a profissionalização da máquina.
Ainda segundo participantes, Serra usou a Secretaria de Segurança como um exemplo de pasta em que não cabe nomeação política. Ele disse que toda a equipe foi escolhida pelo seu secretário, de quem cobrará explicações em caso de falhas.
Afirmando que os deputados devem representar o interesse de suas regiões, Serra listou suas prioridades -como a obra do Rodoanel e o asfaltamento de estradas vicinais- e sugeriu que os deputados adaptem suas reivindições a esse orçamento.
Ele afirmou que não adianta cobrar a construção de uma Fatec (Faculdade de Tecnologia) por município se seu compromisso é de dobrar o número de unidades ao longo do governo.
Além do temor provocado pelo risco de demissões, outro ponto tem causado tensão no tucanato, num prenúncio de disputa entre a ala alckmista e a serrista: a eleição do novo presidente do diretório municipal.
O secretário municipal de Esporte, Walter Feldman, teria, entre suas tarefas, a missão de assumir o comando do partido. A escolha de um serrista para presidir o diretório daria ao governador poder na definição dos rumos do partido em 2008.
O atual presidente, Tião Farias, não gosta da idéia. "Não vejo por que antecipar um problema", argumenta.


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