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Serra deve demitir afilhados de Alckmin
Aviso à bancada paulista provoca tensão no PSDB e é novo ponto de atrito entre o grupo do governador e o de antecessor
Trocas atingem indicados de outros parlamentares tucanos; cortes devem ser aplicados após a posse
de deputados estaduais
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Parlamentares tucanos - especialmente os mais alinhados
ao ex-governador Geraldo
Alckmin - já estão preparados
para a saída em massa de afilhados políticos da máquina do Estado de São Paulo. O governador José Serra (PSDB) sinalizou com a possibilidade de demissão de indicados ao anunciar o enxugamento da estrutura, incluindo a extinção ou racionalização de escritórios no
interior do Estado.
A expectativa é que o maior
volume de exonerações ocorra
após 15 de março, com a posse
dos novos deputados estaduais,
não só porque a Assembléia sofreu uma renovação de 47%,
mas também para que Serra tenha melhor conhecimento da
estrutura de governo.
Alguns cortes, porém, já foram feitos, como a extinção de
oito diretorias regionais de saúde. Secretário de Agricultura
no governo passado, o deputado federal Duarte Nogueira assistiu ao desmonte de sua antiga equipe. Aos tucanos disse, no
entanto, que não vê retaliação
na decisão do governador.
Com a extinção da Secretaria
de Turismo, o deputado estadual reeleito Orlando Morando
também sofreu perda de espaço político. Além dos cinco indicados na secretaria, era o padrinho do chefe da diretoria regional de Saúde do ABC.
O governo também já adiantou a intenção de extinguir os 11
escritórios regionais da CDHU
(Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano),
em geral, chefiados por afilhados políticos.
Segundo tucanos, deputados
como Edson Aparecido e Wanderlei Macris, foram responsáveis por indicações na CDHU.
Autor da indicação do titular de
Campinas, no governo passado,
Macris diz que considera natural a extinção de cargos numa
nova administração. "O governador sempre falou no enxugamento da máquina."
Novas indicações
Apesar da decisão anunciada
de extinção de cargos no governo, Serra deu sinais de que poderá acolher indicações de políticos na noite de quinta, em
jantar com a bancada do PSDB
na Assembléia. Segundo participantes, Serra criticou o modelo tradicional de política, da
troca de votos por cargos.
Mas admitiu a possibilidade
de acatar sugestões desde que
amparadas em critérios profissionais. Serra disse defender a
profissionalização da máquina.
Ainda segundo participantes,
Serra usou a Secretaria de Segurança como um exemplo de
pasta em que não cabe nomeação política. Ele disse que toda
a equipe foi escolhida pelo seu
secretário, de quem cobrará explicações em caso de falhas.
Afirmando que os deputados
devem representar o interesse
de suas regiões, Serra listou
suas prioridades -como a obra
do Rodoanel e o asfaltamento
de estradas vicinais- e sugeriu
que os deputados adaptem suas
reivindições a esse orçamento.
Ele afirmou que não adianta
cobrar a construção de uma Fatec (Faculdade de Tecnologia)
por município se seu compromisso é de dobrar o número de
unidades ao longo do governo.
Além do temor provocado
pelo risco de demissões, outro
ponto tem causado tensão no
tucanato, num prenúncio de
disputa entre a ala alckmista e a
serrista: a eleição do novo presidente do diretório municipal.
O secretário municipal de
Esporte, Walter Feldman, teria, entre suas tarefas, a missão
de assumir o comando do partido. A escolha de um serrista para presidir o diretório daria ao
governador poder na definição
dos rumos do partido em 2008.
O atual presidente, Tião Farias, não gosta da idéia. "Não
vejo por que antecipar um problema", argumenta.
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