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Após suspensão de cestas, índio de 2 anos morre em MS
Número de crianças com desnutrição severa cresceu de dezembro a janeiro em reserva
Governador peeemedebista deixou de distribuir 11 mil cestas a índios; doações do governo federal estavam atrasadas havia 20 dias
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O menino indígena Nandinho Fernandes, de dois anos e
um mês, morreu no fim de semana após ser internado com
desnutrição grave no Hospital
Universitário em Dourados
(MS), informou a Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Ele
morava numa reserva indígena
habitada por 11 mil guaranis e
caiuás, a 10 km da cidade.
No fim de dezembro do ano
passado, havia 15 crianças com
desnutrição severa na reserva.
Em janeiro deste ano, eram 27,
ainda conforme a Funasa.
Ao assumir o governo do Estado, o governador André Puccinelli (PMDB) suspendeu a
entrega de 11 mil cestas básicas
a índios. A distribuição fazia
parte do programa Segurança
Alimentar, mantido pelo governo anterior e suspenso devido à
crise financeira do Estado.
A assessoria de imprensa do
governador informou que caberia à Funasa falar sobre a
morte de Nandinho. Também
afirmou que foi pedido ao governo federal para assumir a
assistência nas aldeias (leia texto nesta página).
A Funasa, que também distribui cestas básicas mensalmente, só voltou ao abastecimento normal -que estava
atrasado havia 20 dias- na semana passada.
O órgão não relaciona a morte de Nandinho à suspensão do
programa do Estado ou ao atraso na entrega das cestas, mas
avalia que o aumento de crianças desnutridas pode ser conseqüência desses dois fatos.
Conforme números oficiais
da Funasa, em 2004 a desnutrição causou 21 mortes de crianças menores de um ano na região sul do Estado. No ano seguinte, foram dois óbitos. Em
2006, ocorreu um caso.
Ainda em 2005, a Folha
apontou que 15 crianças menores de cinco anos morreram de
desnutrição nos primeiros meses daquele ano. A situação levou a Funasa a reforçar a assistência às crianças indígenas no
sul do Estado.
Antônio Costa, coordenador
técnico da Funasa em Dourados, afirmou que os pais de
Nandinho recebem cestas de
alimentos e que é necessária
uma investigação para saber a
causa da desnutrição.
Os pais da criança indígena
morta afirmaram que não faltava comida, segundo o médico
da Funasa Zelick Trajber. No
entanto, o coordenador Costa
disse que a mãe da criança não
aceitava internar o menino.
Em novembro passado, a Funasa, que acompanha 2.200
crianças indígenas menores de
cinco anos em Dourados, constatou que Nandinho estava
com desnutrição moderada.
No dia 31 de janeiro, ele foi internado com desnutrição grave, segundo Costa. Nandinho
estava com diarréia e vômito e
morreu de insuficiência renal.
Cestas básicas
O governo de Mato Grosso do
Sul distribuía 1.700 cestas em
Dourados. Além disso, a Funasa retomou a entrega de 2.500.
No município, 8,8% (194) das
2.200 crianças acompanhadas
pelo órgão estão com desnutrição moderada ou grave. Ao menos 250 estão em situação de
risco nutricional.
As cestas que eram distribuídas pelo governo estadual continham 32 kg de alimentos: 10
kg de arroz, 5 kg de feijão, 5 kg
de açúcar, 1 kg de macarrão,
quatro latas de óleo, 1 kg de leite
em pó, 1 kg de fubá, 1 kg de erva-mate, 1 kg de farinha de mandioca, 1 kg de charque, 500 gramas de goiabada, 1 kg de sal e
cinco latas de sardinhas.
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