|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PSDB exige relatoria, mas base aliada resiste
PMDB já indicou o presidente da CPI, e PT quer nomear o relator; Arthur Virgílio diz que, sem acordo, vai obstruir votações
Presidente do PSDB nega irregularidades nas contas de FHC, mas diz que CPI não deve começar investigando as famílias dos presidentes
ADRIANO CEOLIN
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de se unir para esfriar
a CPI dos Cartões, oposição e
governo disputavam ontem os
dois principais cargos da CPI
dos Cartões, a presidência e a
relatoria. A base aliada diz que
não vai ceder e o PMDB já indicou o senador Neuto do Conto
(SC) para presidente. O PSDB
pressiona para levar a relatoria
e ameaça obstruir votações.
A maior resistência a um
acordo com a oposição vem da
Câmara. Ontem, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) reuniu-se com líderes da
base aliada: "Temos que fazer o
que o regimento diz. O acordão
seria algo diferente disso. O que
vamos fazer se a oposição grita,
mas não age?", ironizou o vice-líder do governo, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).
A base aliada diz que a ameaça de obstrução feita pela oposição não muda nada: "Dentro
da democracia temos que respeitar a vontade da opinião pública, e o PMDB foi eleito com a
maior bancada e o PT com a segunda. Considero um equívoco
dos líderes da oposição paralisarem o país. Temos muita coisa a fazer no Congresso", disse
o líder do governo, deputado
Henrique Fontana (PT-RS).
Líderes da oposição na Câmara não falam claramente em
obstrução, mas insinuam
ameaças. "Vamos usar todas as
armas e todos os artifícios pata
termos nosso espaço. Quero garantir que possamos investigar", disse o líder tucano Antônio Carlos Pannunzio (SP).
O PT já deu início às articulações para emplacar Luiz Sérgio
(RJ), mas José Eduardo Cardozo (PT-SP) também é cotado. O
lançamento dos nomes irritou
a oposição. "Se não houver divisão de poder na CPI, vamos começar a obstruir as votações no
Senado", disse o líder do PSDB,
Arthur Virgílio (AM). O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), fez um
apelo: "O Senado não pode ficar
parado por causa da CPI. A
oposição precisa colaborar,
mas eu fiz um apelo para o senador Romero Jucá para convencer o Palácio do Planalto a
ceder um dos postos de comando da CPI para a oposição".
CPI sóbria
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), organizou almoço num restaurante em Brasília para selar a paz entre os
parlamentares do partido insatisfeitos com o acordo negociado pelo deputado Carlos Sampaio (SP), que permitiu a criação de uma CPI mista. No encontro, que contou com a presença de parlamentares do
PPS, PSOL, PSB, PDT e PTB e
PSOL, ficou definido que a oposição não vai abrir mão de ter
um representante do DEM ou
do PSDB no comando da CPI.
Após o almoço, Guerra disse
que não haverá blindagem para
Fernando Henrique Cardoso.
"Não dá para blindar A, B ou
coisa alguma. Mas a CPI tem de
ser sóbria. Não deve começar
pela investigação das famílias
dos presidentes". Segundo ele,
o governo está "fazendo cortina
de fumaça" ao dizer que há dados que comprometem FHC:
"Estão querendo jogar lama
nos outros. Eu acompanhei todos os gastos. Não há o que temer. Podem investigar o presidente Fernando Henrique",
disse Eduardo Jorge, ex-secretário-geral da Presidência.
Texto Anterior: Definição de líder tucano na Câmara evidencia racha Próximo Texto: Mea culpa: Erramos ao não fiscalizar gastos, diz Múcio Índice
|