São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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PSDB exige relatoria, mas base aliada resiste

PMDB já indicou o presidente da CPI, e PT quer nomear o relator; Arthur Virgílio diz que, sem acordo, vai obstruir votações

Presidente do PSDB nega irregularidades nas contas de FHC, mas diz que CPI não deve começar investigando as famílias dos presidentes

ADRIANO CEOLIN
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de se unir para esfriar a CPI dos Cartões, oposição e governo disputavam ontem os dois principais cargos da CPI dos Cartões, a presidência e a relatoria. A base aliada diz que não vai ceder e o PMDB já indicou o senador Neuto do Conto (SC) para presidente. O PSDB pressiona para levar a relatoria e ameaça obstruir votações.
A maior resistência a um acordo com a oposição vem da Câmara. Ontem, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) reuniu-se com líderes da base aliada: "Temos que fazer o que o regimento diz. O acordão seria algo diferente disso. O que vamos fazer se a oposição grita, mas não age?", ironizou o vice-líder do governo, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).
A base aliada diz que a ameaça de obstrução feita pela oposição não muda nada: "Dentro da democracia temos que respeitar a vontade da opinião pública, e o PMDB foi eleito com a maior bancada e o PT com a segunda. Considero um equívoco dos líderes da oposição paralisarem o país. Temos muita coisa a fazer no Congresso", disse o líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS).
Líderes da oposição na Câmara não falam claramente em obstrução, mas insinuam ameaças. "Vamos usar todas as armas e todos os artifícios pata termos nosso espaço. Quero garantir que possamos investigar", disse o líder tucano Antônio Carlos Pannunzio (SP).
O PT já deu início às articulações para emplacar Luiz Sérgio (RJ), mas José Eduardo Cardozo (PT-SP) também é cotado. O lançamento dos nomes irritou a oposição. "Se não houver divisão de poder na CPI, vamos começar a obstruir as votações no Senado", disse o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), fez um apelo: "O Senado não pode ficar parado por causa da CPI. A oposição precisa colaborar, mas eu fiz um apelo para o senador Romero Jucá para convencer o Palácio do Planalto a ceder um dos postos de comando da CPI para a oposição".

CPI sóbria
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), organizou almoço num restaurante em Brasília para selar a paz entre os parlamentares do partido insatisfeitos com o acordo negociado pelo deputado Carlos Sampaio (SP), que permitiu a criação de uma CPI mista. No encontro, que contou com a presença de parlamentares do PPS, PSOL, PSB, PDT e PTB e PSOL, ficou definido que a oposição não vai abrir mão de ter um representante do DEM ou do PSDB no comando da CPI.
Após o almoço, Guerra disse que não haverá blindagem para Fernando Henrique Cardoso. "Não dá para blindar A, B ou coisa alguma. Mas a CPI tem de ser sóbria. Não deve começar pela investigação das famílias dos presidentes". Segundo ele, o governo está "fazendo cortina de fumaça" ao dizer que há dados que comprometem FHC: "Estão querendo jogar lama nos outros. Eu acompanhei todos os gastos. Não há o que temer. Podem investigar o presidente Fernando Henrique", disse Eduardo Jorge, ex-secretário-geral da Presidência.


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