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Acesso de Agnelo a vídeo de propina divide PT
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pré-candidato do PT ao governo do Distrito Federal, o ex-ministro Agnelo Queiroz trouxe desconforto à sigla ao ser
obrigado a admitir que assistiu
ao vídeo do governador José
Roberto Arruda (sem partido)
recebendo propina antes de ser
deflagrada a Operação Caixa de
Pandora, da Polícia Federal.
Ele não levou o caso às instâncias partidárias e tampouco ao
Ministério Público.
O petista assistiu a três vídeos no ano passado, no Palácio
do Buriti, no gabinete de Durval Barbosa -ex-secretário de
Articulação Institucional de
Arruda responsável pelas gravações clandestinas que trouxeram à tona o suposto esquema de corrupção no DF.
Apesar de o PT tentar tratar o
caso como superado, especulações sobre a possibilidade de
Barbosa ter gravado também o
encontro com Agnelo sacudiram os ânimos no partido e levaram setores a defender a candidatura do deputado federal
Geraldo Magela ao governo do
DF. Consultas jurídicas foram
feitas sobre se o episódio configuraria prevaricação de Agnelo.
Magela, que concorreu ao governo em 2002 e foi derrotado
por Joaquim Roriz no segundo
turno, teve seu nome envolvido
no escândalo Waldomiro Diniz,
sobre o suposto financiamento
de campanhas eleitorais com
recursos do jogo do bicho.
A direção do PT tenta controlar o incêndio para que o
episódio não inviabilize a pré-candidatura de Agnelo e nem
contamine o 4º Congresso Nacional da sigla, na próxima semana em Brasília, quando a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) será aclamada pré-candidata à Presidência.
Dirigentes do partido avaliam, ainda, que é um erro estratégico insuflar a divisão interna num momento em que a
pré-candidatura petista deveria emergir diante da prisão
preventiva de Arruda.
Segundo petistas, Agnelo foi
convidado para o encontro pelo
jornalista Edmilson Edson dos
Santos, o Sombra, protagonista
da prisão preventiva de Arruda,
feita com base na acusação de
que o governador tentou suborná-lo para que não prestasse depoimento.
"Não vejo nenhum problema
nisso. O Agnelo não era autoridade. Se fosse deputado e não
denunciasse, seria grave", diz
Chico Vigilante, até a semana
passada presidente do PT-DF.
"Quando fiquei sabendo disso,
chamei o Agnelo para conversar", conta o petista.
A confissão de Agnelo foi feita no início do mês à direção do
PT, quando começaram a circular boatos em Brasília que ele
fora gravado por Barbosa.
"Concordei em ir ao gabinete
do [...] Durval Barbosa. É um local público e de grande movimento. Estive lá, sozinho, no
meio da tarde de um dia útil,
sem qualquer preocupação por
estar sendo visto. Nada tinha a
esconder. E agora nada tenho a
esconder", explicou Agnelo no
dia 25 de janeiro, em seu blog.
Ele dá justificativas ao ponto
que preocupa o PT: "Dizem que
[Barbosa] pode ter gravado minha presença em seu gabinete.
Torço para que tenha mesmo
gravado, para que fique claramente demonstrado que, ao
contrário do que insinuam
maldosamente adversários políticos, não tratei de nenhum
outro assunto com ele e não cometi nenhum ato ilícito".
Procurado ontem pela Folha, o pré-candidato do PT não
respondeu aos recados. Segundo a assessoria de imprensa de
Agnelo, ele permanece pré-candidato, tem o apoio da direção do PT, e não alimentará disputas internas com Magela.
"Tenho recebido pressões,
tanto internas quanto de fora
do PT, para recolocar meu nome. Estou avaliando e refletindo. Se for bom para o PT não
vou recusar", disse Magela. Ele
acrescentou ter "certeza de que
não há nada que comprometa a
idoneidade moral de Agnelo".
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