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Urgência de agenda se
sobrepõe a "pacto social"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"O presidente da República não
está nos dando muito tempo para
o debate não, ele quer enviar a
proposta de reforma tributária
com rapidez ao Congresso", disse
ontem o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) a um auditório
repleto de prefeitos.
A frase tem uma sinceridade de
conversa de colegas -Palocci, há
poucos meses, comandava Ribeirão Preto- e traduz o estado de
espírito hoje dominante no governo Lula: a necessidade de romper o imobilismo e apresentar
uma agenda ao Congresso se sobrepôs à intenção de costurar um
longo e trabalhoso "pacto social",
discutindo as reformas com a "sociedade civil".
Palocci entregou o desgaste do
assembleísmo petista ao anunciar
a criação de um -mais um-
grupo de trabalho, este destinado
a discutir a reforma tributária. "Só
que eu quero fazer um alerta aqui:
é um grupo de trabalho para trabalhar efetivamente, muito rápido", disse. "Não temos um tempo
interminável."
Esvaziamento do conselho
É fácil, a partir dessas palavras,
apostar no esvaziamento do
CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), o fórum de 82 representantes da sociedade nomeados por Lula para
elaborar e legitimar as propostas
para as reformas -hoje, por sinal, acontece a primeira reunião
sobre a tributária.
Todas as principais propostas
de alteração do sistema de impostos já foram definidas por Palocci
e têm sido exibidas publicamente,
com direito a slides recheados de
gráficos. Já foi fechado um acordo
preliminar com os 27 governadores, e ontem avançou o entendimento com os prefeitos.
O governo chegou a uma conclusão simples, explicitada pelo
pragmático ministro da Fazenda:
todas as idéias foram objeto de intenso debate nos últimos anos, e
os diversos setores da sociedade já
manifestaram suas opiniões a respeito. O mesmo raciocínio pode
ser aplicado, sem dificuldade, à
reforma da Previdência.
A batalha, de fato, se dará no
Congresso -e aí haverá problemas para Lula. Será preciso, além
de consensos em torno de princípios genéricos, descer ao detalhamento dos projetos. Para isso,
nem a discussão interna do governo está madura.
Na reforma tributária, a saída
foi dividir as mudanças em duas
partes, começando pelas regras
gerais e deixando a regulamentação para depois. Para a Previdência, sobre a qual pesam as pressões mais imediatas do mercado
financeiro por resultados, não há
definição.
(GP)
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