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Para Pires, em país do rouba, mas faz, Waldomiro não merece CPI
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O corregedor-geral da União,
Waldir Pires, disse ontem que,
"em um país habituado ao rouba,
mas faz", o caso do ex-subchefe
de Assuntos Parlamentares da
Presidência Waldomiro Diniz
não é suficiente para gerar CPI.
Ao falar da amizade de José Dirceu (Casa Civil) com Waldomiro,
citou Jesus Cristo, "que conviveu
com Judas tantos anos".
"Esse caso do Waldomiro não é
caso para CPI. Levar a nação a um
tumulto de ação política por causa de um funcionário que praticou ato corrupto? Em um país habituado ao rouba, mas faz, e a oligarquias que produziram todo o
tipo de coisa? Isso não é possível."
Waldomiro aparece em fita de
vídeo cobrando propina e contribuição de campanha de um empresário de jogos, em 2002. À época, era presidente da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro),
na gestão Benedita da Silva (PT).
Para o corregedor-geral, o governo cumpriu seu dever ao demitir o funcionário, e as investigações estão sendo feitas. "Entre isso e ter uma CPI é uma distância
gigantesca. Até porque um assessor praticar atos de corrupção é
uma coisa assim que, infelizmente, acontece generalizadamente.
[...] E Cristo, que conviveu com
Judas tantos anos? Ele tinha que
saber antecipadamente?", disse.
Ainda se opondo à CPI, Pires
disse que "não podemos tumultuar a vida da República em razão
de um desvio de um funcionário
aqui ou acolá". Cabe à Corregedoria Geral da União investigar denúncias de lesão ao patrimônio
público e assessorar o presidente
da República quanto ao controle
interno da máquina pública.
Pires também minimizou a
atuação do filho de Dirceu, Zeca
Dirceu, pré-candidato do PT à
Prefeitura de Cruzeiro do Oeste
(PR), na liberação de verbas do
Orçamento para a sua região.
"Tenho lido algumas notícias a
respeito [do assunto], mas não recebi denúncia nenhuma. Não vi
também fato específico de que
houve tráfico de influência. Vivemos em um país com determinados costumes, temos que reformular esses costumes e ter atenção com os objetivos das atividades de cada ação pública."
Pires considerou "natural" a hipótese de o ministro ter aberto
portas para seu filho no governo.
"Não sei [se abriu portas], acho
que não, mas é uma coisa que até
se presume. É natural, o filho de
fulano ou beltrano, e que alguém
na sociedade imagine que possa
estar tendo um ato de simpatia
em relação a uma personalidade
como Dirceu", afirmou Pires.
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