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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
PSDB marcou para amanhã anúncio de candidato, mas pode ter que delegar decisão a diretório
Hesitação de Serra leva Aécio a transferir apoio a Alckmin
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A hesitação do prefeito José Serra desidratou o suporte partidário
à sua candidatura à Presidência.
Antes favorável ao lançamento de
Serra ao Palácio do Planalto, o governador de Minas, Aécio Neves,
tem dito a interlocutores que, "a
essa altura do campeonato", o governador Geraldo Alckmin é a
melhor opção do PSDB para evitar mais desgaste num momento
de ascensão do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Encarregado de consultar os demais governadores sobre a candidatura ideal, Aécio chega a apostar no anúncio de uma dobradinha amanhã, com Alckmin para a
Presidência e Serra para o Palácio
Bandeirantes. A hipótese tem sido
rechaçada por serristas.
A intenção da cúpula do partido
é chegar a um acordo até amanhã.
Mas, mantido o impasse, a Executiva Nacional do PSDB deverá se
reunir ainda amanhã, para a convocação do Diretório Nacional na
semana seguinte.
Convertido em voto, o apoio de
Aécio à candidatura Alckmin poderia desestimular Serra para
uma disputa interna. Como uma
parte expressiva do PSDB de São
Paulo já defende Alckmin e Minas
representa uma grande fatia do
partido, Serra poderia ficar em
desvantagem, caso Aécio decidisse exercer influência.
Os aliados de Serra, no entanto,
afirmam que um apoio de Aécio a
Alckmin não seria suficiente para
derrotá-lo no diretório, fórum
que está sendo cogitado para palco da disputa entre os dois.
Os serristas consultaram ontem
os principais aliados do prefeito
dentro da Executiva Nacional e do
diretório para avaliar a possibilidade de disputa. Todos teriam estimulado o prefeito.
Na noite de sábado, Serra também ouviu seus principais aliados
em São Paulo, como os secretários Aloysio Nunes Ferreira e
Walter Feldman e o deputado Alberto Goldman. Os três teriam incentivado Serra a concorrer. O
prefeito não tinha se decidido, sob
o argumento de que não está certo se deve deixar o cargo.
"Ele só ouviu", contou Feldman, defensor da candidatura.
Os aliados de Serra ainda têm a
expectativa de que Aécio seja leal
à decisão do presidente do partido, Tasso Jereissati (CE), caso ele
venha a apoiar o prefeito. Tasso,
porém, não teria explicitado sua
opinião depois das reuniões da
semana passada.
Aécio, Tasso e o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso
-integrantes do chamado triunvirato- defendiam o nome do
Serra mesmo quando as pesquisas esboçaram a recuperação de
Lula. Os números mostravam que
Serra era mais competitivo.
Com a insistência de Alckmin e
a demora de Serra, o trio começou
a manifestar preocupação com o
desgaste interno e também com o
risco de derrota.
Além de Aécio, FHC chegou a
propor que Serra concorresse ao
governo do Estado, possibilidade
descartada pelos aliados do prefeito. "Estamos hoje discutindo o
Serra ser candidato a presidente.O prefeito Serra não cogita ser
candidato a governador . Essa hipótese não existe", reagiu Aloysio.
Segundo serristas, FHC continua defendendo a idéia, mas teria
prometido apoio ao prefeito para
qualquer que seja sua decisão.
Serra e Alckmin teriam programado um encontro para os próximos dias. Ontem, em suas visitas
à Bienal do Livro, afirmaram que
o encontro não está marcado.
Alckmin disse que "não há razão para mudança [da data]".
"Espero que saia [o nome]. Mas
também, se não sair, não vai acabar o mundo", disse.
O governador admitiu a hipótese de apoiar o fim da reeleição
-objeto de interesse de Aécio-,
desde que seja mantido o mandato de quatro anos.
Alckmin reafirmou que sua
"saideira" do governo será na
inauguração da estação Chácara
Klabin, do Metrô. E, ao deixar a
Bienal, recolheu pessoalmente, na
lama, lixo da marginal Tietê.
Serra chegou à Bienal quase
duas horas após a saída de Alckmin e avisou que não falaria sobre
política. Estava acompanhado do
neto, do genro e da mulher, Mônica. Comeu e passeou pelos estandes, mas não comprou nada.
Disse que, atualmente, está lendo entrevistas do escritor argentino Ernesto Sabato, mas ressaltou
não se lembrar do nome da obra.
Em 1987, Sabato concedeu ao ensaísta Carlos Catania, também argentino, 11 entrevistas, que resultaram no livro batizado com o seguinte título: "Meus Fantasmas".
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