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Posse na AGU vira palanque de pedidos
Novo advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, e seu antecessor, Álvaro Ribeiro, criticam o orçamento da instituição
Advogado da campanha de Lula em 2006, novo titular defende a reestruturação do órgão e a concretização de uma nova Lei Orgânica
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acompanhada ontem por representantes de Executivo, Legislativo e Judiciário, a posse
do novo comando da AGU (Advocacia Geral da União) se
transformou em um palanque
de críticas ao orçamento do órgão e a promessas de reestruturação da instituição.
Álvaro Ribeiro da Costa, que
deixa o cargo, citou a "insuficiência orçamentária" da AGU
e disse que as carreiras jurídicas tiveram reajuste "bastante
inferior" ao de carreiras relacionadas. Cobrou a reestruturação da AGU e a "inadiável"
criação de um quadro de carreira dos servidores de apoio.
O novo advogado-geral da
União, José Antonio Dias Toffoli, falou a seguir. Foi aplaudido toda vez que citou a necessidade de reestruturação do órgão e a concretização de uma
nova Lei Orgânica da AGU
-cujos funcionários cobram a
informatização no ritmo da do
Judiciário.
O auditório da Procuradoria
Geral da República ficou lotado
para o evento. Além de diferentes ministros do governo petista, os presidentes da Câmara,
Arlindo Chinaglia, do Senado,
Renan Calheiros, e do STF (Supremo Tribunal Federal), Ellen
Gracie, compareceram à solenidade. Outro que esteve no
evento foi o deputado federal
José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão de José Genoino
que ficou conhecido depois que
um assessor foi preso em São
Paulo com dólares na cueca.
A AGU é responsável por defender o governo em várias instâncias, incluindo ações milionárias. A perda de um prazo
num processo, por exemplo,
pode levar a perdas para os cofres da União. Ex-subchefe de
Assuntos Jurídicos da Casa Civil, na gestão de José Dirceu, e
ex-advogado de campanhas nacionais petistas, Toffoli comandará 1.466 advogados da União
(administração direta) e 3.974
procuradores federais (autarquias e fundações).
Toffoli e a AGU
O novo advogado-geral da
União se envolveu em ao menos 12 embates com a AGU entre 1995 e 2003. Em nome do
PT ou do PC do B, questionou
medidas provisórias do então
presidente Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002). Afirmava que elas feriam a Constituição. Nenhuma das ações de
Toffoli prosperou. O STF (Supremo Tribunal Federal) arquivou todos os processos.
Ontem, em seu discurso de
despedida, Ribeiro colocou cada uma de suas críticas sempre
acompanhada de pontos positivos que, segundo ele, foram
conquistados em sua gestão,
iniciada em janeiro de 2003.
"As carreiras jurídicas foram
reestruturadas e sua remuneração teve aumento substancial. Embora ainda bastante inferior à de carreiras correlatas,
a remuneração inicial duplicou", disse Ribeiro.
"Em termos de recursos financeiros, verifica-se ainda a
insuficiência orçamentária em
face das crescentes responsabilidades da Advocacia da
União", completou ele.
No final do ano passado, em
uma carta pública ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Ribeiro já havia sinalizado sua
insatisfação com as condições
da AGU. No texto, ele afirmou
que o conjunto de problemas
"comprometeu e frustrou os
objetivos do governo" e também "pode repetir-se e agravar-se em seu futuro mandato [do
presidente Lula]".
Ontem, Toffoli agradou aos
presentes à posse com um discurso em defesa dos servidores.
"As carreiras de advogados públicos da Advocacia Geral da
União podem ter a convicção
de que encontrarão em mim
um companheiro defensor das
prerrogativas da advocacia pública e da estruturação de uma
instituição forte e dinâmica para tratar, com eficiência, das
demandas que lhe chegam diariamente por meio dos diversos
canais institucionais."
Colaborou a Reportagem Local
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