São Paulo, terça-feira, 13 de março de 2007

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Maggi quer cinco cargos no governo federal para aliados

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deflagra uma reforma ministerial no seu segundo mandato, o seu aliado político, Blairo Maggi, do PR (Partido da República), governador de Mato Grosso, reivindica cargos.
A maior aposta é ver nomeado seu principal assessor, Luiz Antônio Pagot, para diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes).
Maggi também quer a presidência da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), uma diretoria da Eletronorte, outra do Banco da Amazônia e a Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura. Para esses cargos, não fala em nomes.
Pagot, atual secretário estadual da Educação, foi de 1993 a 1999 consultor do grupo André Maggi, que pertence ao governador, conhecido como o rei da soja. De 1995 a 2002, era o diretor-superintendente da Hermasa Navegação da Amazônia, outra empresa de Maggi. Ele também coordenou a campanha à reeleição do governador.
"Nós reivindicamos o Dnit. É uma coisa importante para Mato Grosso e o Centro-Oeste em razão de obras e estradas que a região precisa", afirmou Maggi, citando Pagot para o cargo.
"Outro assento que nós pedimos é a Conab, também em razão de muitas coisas do Estado. Coisas que a Conab determina, como estoques reguladores de compra de produtos e leilões."
Maggi argumenta que não confunde a esfera pública (governo do Estado) e a privada (suas empresas produtoras de soja) ao pedir as nomeações.
"Não significa que você quer colocar alguém para facilitar a vida de alguém [produtor]. Trata-se de estabelecer regras mais claras. É mais alguém [no cargo] a ter a visão do Estado produtor e dos produtores dentro desse processo", afirma o governador sobre a Conab.
Maggi disse ainda que, em conversa com o PP, decidiu dar apoio pessoal "à permanência do secretário-executivo do Ministério da Cidades [Rodrigo José Pereira] e também do [ministro] Márcio Fortes".
O governador também dá palpites sobre a reforma ministerial. "O presidente não deve fazer muitas mudanças. Na verdade, Lula teve a oportunidade entre as eleições e montou um ministério mais técnico. Você deixa de fazer política e passa a operacionalizar as coisas."
"Você pega o ministro de Minas Energia [Silas Rondeau]. É ágil, técnico, conhece, sabe atender. O ministro da Agricultura [Luís Carlos Guedes Pinto] tem feito um bom trabalho. Tem atendido", disse.
À Folha, Maggi disse que entrou no PR após consultar Lula. Na semana passada, ele se filiou oficialmente ao partido e levou cerca de 70 prefeitos.
Antes, o PL -absorvido pelo PR- tinha o comando "de três ou quatro" municípios, disse Maggi. A intenção do governador ao se filiar ao partido era obter verbas de Lula. Maggi diz que deu certo.
"Nós estamos perdendo a metade do que a gente faz nos fretes. Quanto estivemos com o Lula em minha fazenda [em novembro passado], nós tivemos a oportunidade de mostrar no mapa para ele todas as alternativas rodoviárias, ferroviárias e hidroviárias que o Estado tem. O presidente compreendeu muito bem isso e foi o que refletiu dentro do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]."

Rodovias
As obras em rodovias beneficiam o escoamento da produção de soja do grupo Amaggi em Mato Grosso. Em 2006, o governo do Estado diz ter investido R$ 700 milhões em estradas estaduais -ou seja, 3,5 vezes mais do que nas áreas de educação e saúde juntas.
O governador diz comemorar a inclusão no PAC do asfaltamento da rodovia federal BR-163 até Santarém (PA) e da duplicação da BR-364 entre Rondonópolis (MT) e Cuiabá. Essas obras estão na área de atividade do grupo Amaggi.


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