São Paulo, terça-feira, 13 de março de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Quem perde, quem ganha

Começam os balanços da turnê de George W. Bush, sempre em contraste com a de Hugo Chávez.
A BBC seguiu reportagem da Telesur e confrontou no mapa as paradas do americano e do venezuelano, este no encalço daquele. O "Guardian", sublinhando os protestos, escreveu que "você tem que sentir pena de Bush". Andrés Oppenheimer, do "Miami Herald", diz que para seus interlocutores Chávez se saiu um pouco melhor -ou seja, no caso, muito melhor.
Não para a "Economist". Em texto que adiantou no site, a revista diz que é "uma viagem impopular, mas não sem sentido". Bush "fez poucos novos amigos", também "pouco de substancioso se alcançou", por exemplo, quanto ao álcool. Mas o presidente dos EUA "ao menos mostrou que a esquerdista América Latina também não está unida em torno de Mr. Chávez."

ESCRAVOS DO ETANOL
O "New York Times" saiu-se ontem com o título "Bush pressiona por livre comércio onde as crianças ainda cortam cana", sobre a Guatemala.
O "Guardian" foi além e, no final da semana, em longa reportagem do correspondente Tom Philips desde Palmares Paulista, no "coração da revolução energética brasileira", noticiou, no título-denúncia:
- Os escravos do etanol do Brasil: os 200 mil cortadores de cana que sustentam o "boom" da energia renovável.

AMÉRICA NEGRA
Antes do "Guardian" e do "NYT", o blog de Luiz Felipe de Alencastro já alertava:
- Quem conhece a história do Brasil e das regiões caribenhas, ou seja, da América Negra, sabe como a grande lavoura açucareira carrega uma tradição de escravismo.

SETE NOVAS IRMÃS
No blog Energy Roundup, do "Wall Street Journal", sobre a lista das novas gigantes do petróleo, do "Financial Times", que incluiu a Petrobras:
- As Novas Irmãs controlam dez vezes mais reservas do que as velhas. E produzem duas vezes mais. Só ficam atrás em faturamento líquido, mas devem controlar a produção mundial por décadas, então devem passar à frente. As Velhas Irmãs talvez nunca recuperem o terreno perdido.

DA CHINA
As agências Reuters e AP noticiam que a China desenvolverá na próxima década um jato de grande porte para concorrer com Boeing e Airbus. Nos despachos, atenção para a fábrica criada pela Embraer na China em 2004, em acordo com a AVIC II, que está no projeto de grande porte.

AGORA OU NUNCA

Figurante na pauta de Bush, o debate sobre comércio mundial, a "rodada Doha", foi ao primeiro plano ontem em jornais financeiros como "FT" e "Valor", este com a manchete "EUA querem abertura em eletroeletrônicos e químicos". Querem mais, "que o Brasil pressione a Índia a abrir seu mercado". Diz o "FT" que "os poucos que estão realmente envolvidos nas negociações insistem que Doha está finalmente fazendo algum progresso". Mas, diante da resistência dos EUA em eliminar subsídios, "a frustração cresce". E também o desespero, a julgar pelo "El País" de ontem, no texto "Acordo em Doha: agora ou nunca".

TORTURA? GUERRA CIVIL?

Fox News - noquarter.typepad.com


A Fox News, ao vivo da Marginal Pinheiros, destilou preconceito contra a segurança brasileira de Bush. Nada de novo. Ontem nos sites de edição compartilhada Digg e Reddit, o destaque era o blog No Quarter, que fez uma seleção de absurdos direitistas da emissora. Os dois reproduzidos acima retratam os debates "11 de Setembro teria sido evitado se Moussaoui fosse torturado?" (esq.) e "Guerra civil aberta no Iraque é uma coisa boa?".

NÃO PEDE LICENÇA
Do blog Blue Bus, a partir do site Relatório Reservado:
- O mexicano Carlos Slim vai lançar web TV no Brasil. O investimento deverá chegar à casa dos US$ 30 milhões.
O Blog do Zé Dirceu, de outro lado, avisa que "não há como impedir convergência dos meios", "o mercado é dinâmico e não pede licença" etc.

O ESTADO DA MÍDIA
Saiu "O Estado da Mídia", relatório antes ligado à universidade Colúmbia, hoje independente. Sobre a mídia nos EUA em 2006, diz que "o ritmo da mudança se acelerou" e "parece estar perto de um ponto-chave". Sobre imprensa, pergunta e responde:
- A indústria de jornais está morrendo? Não agora.

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@ - Nelson de Sá


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