Movimento dos Atingidos por Barragens é contrário a parecer do Ibama que permite criar usina; concessão é do grupo Votorantim

A Companhia Brasileira de Alumínio informa que está "trabalhando para atender" os pedidos do Ibama, mas não comenta o protesto

DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 600 manifestantes vinculados ao MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) invadiram na manhã de ontem a sede do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) nos Jardins, em São Paulo, em protesto ao parecer técnico emitido pelo órgão favorável à instalação da usina hidrelétrica Tijuco Alto nos municípios de Ribeira (SP) e Adrianópolis (PR). A usina é uma concessão da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), do grupo Votorantim.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) apoiou a ocupação do prédio, iniciada às 5h30 e encerrada às 17h30, conforme o Ibama. Servidores foram impedidos de entrar na sede. Só diretores foram autorizados a entrar para negociar com os militantes.
A Polícia Militar e a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) acompanharam o protesto. A desocupação aconteceu após coordenadores do MAB informarem que representantes do Ibama em Brasília se colocaram à disposição para ouvir os pedidos deles.
Militantes do movimento disseram que o Ibama demonstrou a intenção de liberar a licença prévia para a CBA antes do término dos debates sobre o assunto. Segundo a assessoria, o Ibama só concederá autorizações à CBA após ouvir os movimentos sociais.

Histórico
No dia 26 de fevereiro, o Ibama emitiu parecer técnico em que diz que o empreendimento possui pontos "positivos que podem ser potencializados e negativos que podem ser evitados". Porém, a CBA tem de cumprir duas determinações para receber a licença prévia: solucionar o problema de inundação de cavernas e obter da Agência Nacional de Águas o direito de uso dos recursos hídricos do rio Ribeira.
A CBA não comentou a invasão do prédio federal. A diretoria da empresa disse que está "trabalhando para atender as solicitações do Ibama".
Localizada no Vale do Ribeira, a Tijuco Alto produzirá 144MW de energia que será utilizada apenas por um complexo metalúrgico da CBA, no município de Alumínio (SP). A concessão da usina foi emitida em 1988 e desde então a CBA tenta obter autorização para iniciar as obras. (AFONSO BENITES)


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