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Sarney usa polícia do Senado para vigiar casa
Congressista deslocou seguranças para São Luís por temer invasão após cassação do governador do Estado, seu opositor político
Senador nega ter havido irregularidade no caso e critica as recentes denúncias contra a Casa, que, segundo ele, virou "boi de piranha"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), mobilizou
a polícia legislativa para fazer a
segurança de uma casa de sua
família no Maranhão. Quatro
servidores foram deslocados
para São Luís, no início de fevereiro, com ordem para averiguar se havia risco de invasão.
O trabalho, que durou quatro
dias, coincidiu com a decisão do
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de cassar o mandato do governador Jackson Lago (PDT).
De acordo com os ministros,
quem deve assumir é a segunda
colocada nas eleições de 2006,
Roseana Sarney (PMDB-MA),
filha do senador.
Sarney confirmou ontem a
informação do jornal "O Estado
de S. Paulo", mas negou que
houvesse irregularidade e criticou as recentes denúncias contra o Senado que, segundo ele,
virou "boi de piranha". O senador disse que não vê motivos
para "passar o Senado a limpo".
Para ele, os outros Poderes
também têm irregularidades,
mas a Casa "virou alvo".
O presidente do Senado disse
que os policiais "não fizeram
mais do que a obrigação" de
proteger um senador "ameaçado por causa do processo político no Estado".
"Está sendo divulgado que
vão explodir a minha casa. Pedi
então aos seguranças que, dentro da sua função normal, fossem averiguar a veracidade disso e que fizessem um rastreamento na minha casa, como de
qualquer senador", afirmou.
Há uma semana, a Folha revelou que o então diretor-geral
do Senado Agaciel Maia é o
proprietário de uma mansão,
em Brasília, avaliada em R$ 5
milhões e que não foi registrada em cartório. A denúncia
provocou seu afastamento definitivo. Ele estava havia 15
anos no cargo.
Na última terça, a Folha
também mostrou que a Casa
pagou, pelo menos, R$ 6,2 milhões de hora extra para 3.883
servidores em janeiro, durante
o recesso parlamentar.
A direção do Senado não informou o custo do deslocamento dos servidores até o Maranhão. No Siafi, sistema que
registra os gastos públicos, há
lançamento de R$ 4.000 com o
pagamento apenas das diárias.
O uso da polícia legislativa é
definido por resolução do Senado. Pelo documento, é legal a
realização de segurança do presidente fora do Congresso, em
qualquer localidade do país e
exterior, mesmo que a ameaça
não tenha relação com os trabalhos do senador. Segundo o
chefe da polícia legislativa da
Casa, Pedro Araújo Carvalho,
qualquer senador que se sentir
ameaçado pode solicitar o benefício, que também é estendido aos servidores.
Sarney também autorizou,
nesta semana, que dois policiais do Senado acompanhassem a senadora Kátia Abreu
(DEM-TO) em viagem de um
dia para Belém, embora o evento tenha sido organizado pela
CNA (Confederação Nacional
de Agricultura), entidade que
ela preside. Ela negou sofrer
ameaças e disse que pediu a segurança apenas "por precaução". Sobre o fato de o evento
não ter relação com seu trabalho na Casa, afirmou: "Sou senadora até 2014, minha filha".
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