São Paulo, sexta-feira, 13 de março de 2009

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Sarney usa polícia do Senado para vigiar casa

Congressista deslocou seguranças para São Luís por temer invasão após cassação do governador do Estado, seu opositor político

Senador nega ter havido irregularidade no caso e critica as recentes denúncias contra a Casa, que, segundo ele, virou "boi de piranha"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), mobilizou a polícia legislativa para fazer a segurança de uma casa de sua família no Maranhão. Quatro servidores foram deslocados para São Luís, no início de fevereiro, com ordem para averiguar se havia risco de invasão.
O trabalho, que durou quatro dias, coincidiu com a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de cassar o mandato do governador Jackson Lago (PDT). De acordo com os ministros, quem deve assumir é a segunda colocada nas eleições de 2006, Roseana Sarney (PMDB-MA), filha do senador.
Sarney confirmou ontem a informação do jornal "O Estado de S. Paulo", mas negou que houvesse irregularidade e criticou as recentes denúncias contra o Senado que, segundo ele, virou "boi de piranha". O senador disse que não vê motivos para "passar o Senado a limpo". Para ele, os outros Poderes também têm irregularidades, mas a Casa "virou alvo".
O presidente do Senado disse que os policiais "não fizeram mais do que a obrigação" de proteger um senador "ameaçado por causa do processo político no Estado".
"Está sendo divulgado que vão explodir a minha casa. Pedi então aos seguranças que, dentro da sua função normal, fossem averiguar a veracidade disso e que fizessem um rastreamento na minha casa, como de qualquer senador", afirmou.
Há uma semana, a Folha revelou que o então diretor-geral do Senado Agaciel Maia é o proprietário de uma mansão, em Brasília, avaliada em R$ 5 milhões e que não foi registrada em cartório. A denúncia provocou seu afastamento definitivo. Ele estava havia 15 anos no cargo.
Na última terça, a Folha também mostrou que a Casa pagou, pelo menos, R$ 6,2 milhões de hora extra para 3.883 servidores em janeiro, durante o recesso parlamentar.
A direção do Senado não informou o custo do deslocamento dos servidores até o Maranhão. No Siafi, sistema que registra os gastos públicos, há lançamento de R$ 4.000 com o pagamento apenas das diárias.
O uso da polícia legislativa é definido por resolução do Senado. Pelo documento, é legal a realização de segurança do presidente fora do Congresso, em qualquer localidade do país e exterior, mesmo que a ameaça não tenha relação com os trabalhos do senador. Segundo o chefe da polícia legislativa da Casa, Pedro Araújo Carvalho, qualquer senador que se sentir ameaçado pode solicitar o benefício, que também é estendido aos servidores.
Sarney também autorizou, nesta semana, que dois policiais do Senado acompanhassem a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) em viagem de um dia para Belém, embora o evento tenha sido organizado pela CNA (Confederação Nacional de Agricultura), entidade que ela preside. Ela negou sofrer ameaças e disse que pediu a segurança apenas "por precaução". Sobre o fato de o evento não ter relação com seu trabalho na Casa, afirmou: "Sou senadora até 2014, minha filha".


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