São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Lula inaugura obra considerada irregular pelo TCU

Órgão aponta sobrepreço e deficiência no projeto de refinaria do Paraná, que receberá US$ 5,4 bi do governo federal até fim de 2012

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou ontem, na região de Curitiba, uma série de obras na Repar (Refinaria Presidente Getúlio Vargas) listadas como irregulares pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
De acordo com relatório do tribunal, foram identificadas deficiências e desatualizações no projeto básico de ampliação e modernização de partes da refinaria, além de restrição de competitividade na licitação, sobrepreço e orçamento incompleto ou desatualizado.
O investimento total do governo federal na unidade, no município de Araucária, é de US$ 5,4 bilhões até o final de 2012. É a maior obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no Paraná.
Dos 52 contratos analisados pelo tribunal, foram encontradas supostas irregularidades em 19 dos projetos.
Lula rebateu as acusações de irregularidades em entrevista a uma rádio de Curitiba antes de participar da solenidade de conclusão da primeira etapa etapa das obras na Repar.
"O que me irrita profundamente é quando você governa, decide alguma coisa e aquilo não acontece. São tantas instituições de fiscalização, [...] que você leva três anos para começar uma obra", disse Lula.
O presidente afirmou que é "favorável a qualquer fiscalização, até por satélite", mas pediu mudanças nas regras. "Do jeito que as coisas estão, um governador do Estado ou um presidente da República não conseguem fazer uma obra estruturante em quatro anos."
Na entrevista, Lula também disse que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que o acompanhou na viagem, deve articular amplas alianças políticas na sua eventual candidatura à Presidência. "Precisamos ter um bloco mais compacto para governar o Brasil."
Lula afirmou que Dilma deve tentar unir o PMDB do governador do Paraná, Roberto Requião, em um amplo palanque em torno de sua candidatura.
Requião e os petistas estão rompidos em razão do apoio de Lula ao senador Osmar Dias (PDT), pré-candidato ao governo e desafeto do peemedebista.
Em discurso, o presidente defendeu as viagens com sua equipe para vistoriar e inaugurar obras pelo país.
"Se o presidente da República, o governador ou prefeito não colocam o pé na rua para visitar as coisas que estão acontecendo no Brasil, muitas vezes, quando ele pensa que aconteceu, não aconteceu."
Lula disse que, ao mencionar que existem governantes no país que inauguram "até maquete", não quis atingir o governador de São Paulo e pré-candidato a presidente, José Serra (PSDB), fotografado participando de solenidade de lançamento do projeto de uma ponte no litoral paulista.
"Eu não sabia que o governador de São Paulo iria inaugurar uma maquete. Falei aquilo porque faz parte da cultura do país", declarou Lula.
Ao ser anunciado pelo cerimonial para discursar, Requião foi vaiado por um grupo de funcionários da Repar próximo ao palco. Ele rebateu chamando-os de "palhaços".


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