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Lula inaugura obra considerada irregular pelo TCU
Órgão aponta sobrepreço e deficiência no projeto de refinaria do Paraná, que receberá US$ 5,4 bi do governo federal até fim de 2012
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou ontem, na
região de Curitiba, uma série de
obras na Repar (Refinaria Presidente Getúlio Vargas) listadas como irregulares pelo TCU
(Tribunal de Contas da União).
De acordo com relatório do
tribunal, foram identificadas
deficiências e desatualizações
no projeto básico de ampliação
e modernização de partes da
refinaria, além de restrição de
competitividade na licitação,
sobrepreço e orçamento incompleto ou desatualizado.
O investimento total do governo federal na unidade, no
município de Araucária, é de
US$ 5,4 bilhões até o final de
2012. É a maior obra do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) no Paraná.
Dos 52 contratos analisados
pelo tribunal, foram encontradas supostas irregularidades
em 19 dos projetos.
Lula rebateu as acusações de
irregularidades em entrevista a
uma rádio de Curitiba antes de
participar da solenidade de
conclusão da primeira etapa
etapa das obras na Repar.
"O que me irrita profundamente é quando você governa,
decide alguma coisa e aquilo
não acontece. São tantas instituições de fiscalização, [...] que
você leva três anos para começar uma obra", disse Lula.
O presidente afirmou que é
"favorável a qualquer fiscalização, até por satélite", mas pediu
mudanças nas regras. "Do jeito
que as coisas estão, um governador do Estado ou um presidente da República não conseguem fazer uma obra estruturante em quatro anos."
Na entrevista, Lula também
disse que a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil), que o
acompanhou na viagem, deve
articular amplas alianças políticas na sua eventual candidatura à Presidência. "Precisamos ter um bloco mais compacto para governar o Brasil."
Lula afirmou que Dilma deve
tentar unir o PMDB do governador do Paraná, Roberto Requião, em um amplo palanque
em torno de sua candidatura.
Requião e os petistas estão
rompidos em razão do apoio de
Lula ao senador Osmar Dias
(PDT), pré-candidato ao governo e desafeto do peemedebista.
Em discurso, o presidente
defendeu as viagens com sua
equipe para vistoriar e inaugurar obras pelo país.
"Se o presidente da República, o governador ou prefeito
não colocam o pé na rua para
visitar as coisas que estão acontecendo no Brasil, muitas vezes, quando ele pensa que
aconteceu, não aconteceu."
Lula disse que, ao mencionar
que existem governantes no
país que inauguram "até maquete", não quis atingir o governador de São Paulo e pré-candidato a presidente, José
Serra (PSDB), fotografado participando de solenidade de lançamento do projeto de uma
ponte no litoral paulista.
"Eu não sabia que o governador de São Paulo iria inaugurar
uma maquete. Falei aquilo porque faz parte da cultura do
país", declarou Lula.
Ao ser anunciado pelo cerimonial para discursar, Requião
foi vaiado por um grupo de funcionários da Repar próximo ao
palco. Ele rebateu chamando-os de "palhaços".
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