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BMG será investigado em segunda fase
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A suposta participação do banco BMG no financiamento do esquema do mensalão deverá ser
investigada na segunda fase das
apurações da Procuradoria Geral
da República. Segundo a denúncia divulgada anteontem pelo
procurador-geral Antonio Fernando de Souza, os dirigentes do
BMG "também injetaram recursos milionários na empreitada delituosa, mediante empréstimos simulados". Em troca, diz o procurador, o banco obteve "lucros bilionários" com a carteira de crédito consignado.
A assessoria do BMG disse que
os executivos do banco não se
manifestariam sobre a denúncia
do Ministério Público.
O BMG repassou R$ 44,6 milhões (valores atualizados em novembro) a empresas do publicitário Marcos Valério de Souza e ao
próprio diretório nacional do PT.
A dívida foi rolada inúmeras vezes ao longo de 2003 e 2004, sem o
pagamento final.
A denúncia do procurador,
contudo, diz que não há provas
para relacionar o BMG diretamente à "quadrilha" -que teria
como cabeça o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu-, com o objetivo manter "o PT no poder".
"Não há elementos para apontar uma atuação estável e permanente com os demais membros
da organização criminosa, razão
pela qual não estão sendo denunciados pelo crime de quadrilha,
vez que a atuação desse grupo no
esquema será aprofundada na segunda etapa das investigações criminais", diz o documento.
Segundo o procurador, a venda
da carteira de crédito consignado
(com desconto em folha) à Caixa
Econômica Federal, pela qual o
BMG obteve ao menos R$ 119 milhões de lucro imediato, foi um
dos benefícios obtidos pelo banco
no governo Lula.
"Todos os fatos que se desenrolaram desde então demonstram
que as ações desenvolvidas pelo
núcleo político-partidário [dirigentes do PT] foram pautadas exclusivamente para beneficiar o
BMG, que, não por acaso, foi a
primeira instituição financeira
não-pagadora de benefícios previdenciários habilitada à concessão dos créditos consignados, o
que lhe rendeu vultosa lucratividade, decorrente, principalmente,
dos mecanismos utilizados em
seu benefício, que lhe permitiram
sair na frente de todo o mercado
de bancos pequenos."
Segundo Fernando de Souza, a
negociação da carteira com a CEF
se deu em "uma operação extremamente suspeita".
Gushiken
Único dos 40 denunciados pelo
Ministério Público Federal que
ainda ocupa cargo no governo
Lula, Luiz Gushiken informou
ontem, por meio de sua assessoria, que não procurou o Palácio
do Planalto, nos últimos dois dias,
para deixar o cargo à disposição
do presidente. Gushiken comanda hoje o NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos), órgão de assessoramento do presidente da República. No auge do escândalo do
mensalão, no ano passado, ele
deixou de ser ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica para chefe do NAE.
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