São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006

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BMG será investigado em segunda fase

RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A suposta participação do banco BMG no financiamento do esquema do mensalão deverá ser investigada na segunda fase das apurações da Procuradoria Geral da República. Segundo a denúncia divulgada anteontem pelo procurador-geral Antonio Fernando de Souza, os dirigentes do BMG "também injetaram recursos milionários na empreitada delituosa, mediante empréstimos simulados". Em troca, diz o procurador, o banco obteve "lucros bilionários" com a carteira de crédito consignado.
A assessoria do BMG disse que os executivos do banco não se manifestariam sobre a denúncia do Ministério Público.
O BMG repassou R$ 44,6 milhões (valores atualizados em novembro) a empresas do publicitário Marcos Valério de Souza e ao próprio diretório nacional do PT. A dívida foi rolada inúmeras vezes ao longo de 2003 e 2004, sem o pagamento final.
A denúncia do procurador, contudo, diz que não há provas para relacionar o BMG diretamente à "quadrilha" -que teria como cabeça o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu-, com o objetivo manter "o PT no poder".
"Não há elementos para apontar uma atuação estável e permanente com os demais membros da organização criminosa, razão pela qual não estão sendo denunciados pelo crime de quadrilha, vez que a atuação desse grupo no esquema será aprofundada na segunda etapa das investigações criminais", diz o documento.
Segundo o procurador, a venda da carteira de crédito consignado (com desconto em folha) à Caixa Econômica Federal, pela qual o BMG obteve ao menos R$ 119 milhões de lucro imediato, foi um dos benefícios obtidos pelo banco no governo Lula.
"Todos os fatos que se desenrolaram desde então demonstram que as ações desenvolvidas pelo núcleo político-partidário [dirigentes do PT] foram pautadas exclusivamente para beneficiar o BMG, que, não por acaso, foi a primeira instituição financeira não-pagadora de benefícios previdenciários habilitada à concessão dos créditos consignados, o que lhe rendeu vultosa lucratividade, decorrente, principalmente, dos mecanismos utilizados em seu benefício, que lhe permitiram sair na frente de todo o mercado de bancos pequenos."
Segundo Fernando de Souza, a negociação da carteira com a CEF se deu em "uma operação extremamente suspeita".

Gushiken
Único dos 40 denunciados pelo Ministério Público Federal que ainda ocupa cargo no governo Lula, Luiz Gushiken informou ontem, por meio de sua assessoria, que não procurou o Palácio do Planalto, nos últimos dois dias, para deixar o cargo à disposição do presidente. Gushiken comanda hoje o NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos), órgão de assessoramento do presidente da República. No auge do escândalo do mensalão, no ano passado, ele deixou de ser ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica para chefe do NAE.


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