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CANJA
Funcionários da Embrapa distribuem 2.000 animais em manifestação por reajuste salarial
Sindicalistas dão galinhas em ato no Rio
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Na casa da catadora de papel
Luzinete Maria Braga, 50, vai ter
sopa de galinha até o final da semana. Ela e cada um de seus sete
netos ganharam ontem galinhas
vivas de um grupo de integrantes do Sinpaf (Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário), que, numa manifestação por reajuste salarial, distribuiu 2.000 animais a pessoas que
passavam pela Cinelândia (centro do Rio).
"Isso é um banquete. Nem
sempre conseguimos ter carne
em casa", afirmou Braga, sorrindo e segurando uma galinha pelo pé. Um de seus netos chegou a
ganhar um ovo.
A entrega de comida pelos sindicalistas da Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que ontem convocaram
paralisação de 24 horas, aconteceu em todo o país. Em cada Estado foi escolhido um alimento
típico. Segundo o diretor nacional do Sinpaf, Adoildo Melo, o
sindicato pagou R$ 5.000 pelas
galinhas, adquiridas em uma
granja na zona norte.
"O caixa [de dinheiro] do sindicato está quebrado, mas demos o nosso recado. Queremos
reajuste de 26%, mais 36% de
perdas acumuladas. Mas também estamos brigando pelo aumento de recursos para pesquisas científicas", disse Melo.
Descontentes
Diferentemente da catadora de
papel, a doméstica Aldagilsa Oliveira dos Santos, 71, não ficou
muito satisfeita com a galinha
que recebeu, por considerá-la
"muito magrinha".
"Vou primeiro engordar essa
daqui no quintal, para depois
botar na panela. Olha como o
pescocinho dela está magrinho",
mostrou ela, que soube da distribuição dos animais pelo rádio.
Uma grande fila se formou na
Cinelândia durante a distribuição, que durou cerca de uma hora e meia. Quem não conseguiu
a sua, como a camelô Paula da
Silva, 44, reclamou: "Eu fiquei na
fila até agora e não consegui nada. Ia ser meu jantar".
A camelô chegou a chorar,
quando viu o caminhão indo
embora vazio.
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