São Paulo, sábado, 13 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Planalto aposta em derrubada da candidatura própria para reeleger Lula no primeiro turno

PMDB decide hoje se terá candidato e rumo da eleição

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB faz hoje uma convenção nacional em Brasília para decidir se a sigla deve ou não ter candidato próprio a presidente da República. Mais do que tomar esse posicionamento, a legenda pode estar também decidindo se a corrida pelo Palácio do Planalto terá um ou dois turnos.
Além do PT e do PSDB, o PMDB é o único partido que apareceu nas pesquisas eleitorais com um pré-candidato a presidente (Anthony Garotinho) pontuando mais de 10%. Todos os outros nomes têm desempenho de nanicos. Com a eventual desistência dos peemedebistas, a eleição poderá ficar polarizada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Assim, o embate tende a ser decidido já no primeiro turno.
Como Lula tem aparecido como favorito à reeleição nas pesquisas, a não-candidatura do PMDB é hoje mais favorável ao petista. Essa posição tem sido defendida pelos chamados governistas do PMDB -até porque a sigla detém hoje três ministérios (Minas e Energia, Saúde e Comunicações).
Os principais defensores da não-candidatura são os senadores Renan Calheiros (AL), José Sarney (AP) e Ney Suassuna (PB). Na Câmara, defendem a tese os deputados Geddel Vieira Lima (BA) e Henrique Alves (RN). Nem todos são governistas de fato, mas se uniram nessa tese também por causa da verticalização -a regra que obriga as alianças estaduais a respeitarem a coalizão nacional.
O PMDB é no momento o partido com o maior número de pré-candidatos próprios a governos estaduais. Se a sigla tiver um postulante a presidente, as disputas locais terão todas de obedecer ao que for fixado como aliança nacional. Ficariam inviabilizados vários acordos.
Do outro lado, a posição dos defensores da candidatura própria tem como principais representantes os interessados diretos: Garotinho e o ex-presidente Itamar Franco. Os dois estão praticamente isolados, embora publicamente ainda ostentem alguns apoios de fachada.
É caso de Orestes Quércia, principal cacique do PMDB em São Paulo, que diz apoiar Itamar para presidente. Na realidade, Quércia deseja forçar um acordo local com o PT ou com o PSDB para ficar com apoio para a vaga de candidato ao Senado.
Segundo a Folha apurou, os governistas do partido esperam ter mais de 200 votos a seu favor. Na noite de ontem, a Executiva do PMDB aplicou uma derrota a Garotinho aprovando a resolução segundo a qual a decisão de hoje pode ser tomada por maioria simples dos convencionais, e não por dois terços como queria o ex-governador do Rio.
Itamar já estava ontem em Brasília. "Estou confirmando minha candidatura à Presidência e não vou recorrer contra nenhuma decisão que a convenção tomar". Garotinho, que ficou 11 dias em greve de fome, deve chegar hoje.

Encontro sem militantes
A convenção do PMDB está marcada para começar às 9h. Será realizada no auditório Petrônio Portella, dentro do Senado. Não serão permitidos militantes no recinto nem no gramado em frente ao Congresso. O objetivo é evitar confrontos físicos entre os governistas e os oposicionistas da sigla.
Em 1998, o PMDB fez uma violenta convenção dentro do Congresso e houve briga entre militantes, com depredação em vários pontos do local.
Os 528 convencionais peemedebistas terão de responder a apenas uma pergunta que consta da pauta da convocação do encontro: "Você é a favor da manutenção da candidatura própria do PMDB à Presidência da República?". Na cédula só haverá a opção de responder "sim" ou "não".


Colaborou RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília

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