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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Planalto aposta em derrubada da candidatura própria para reeleger Lula no primeiro turno
PMDB decide hoje se terá candidato e rumo da eleição
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PMDB faz hoje uma convenção nacional em Brasília para decidir se a sigla deve ou não ter candidato próprio a presidente da
República. Mais do que tomar esse posicionamento, a legenda pode estar também decidindo se a
corrida pelo Palácio do Planalto
terá um ou dois turnos.
Além do PT e do PSDB, o
PMDB é o único partido que apareceu nas pesquisas eleitorais com
um pré-candidato a presidente
(Anthony Garotinho) pontuando
mais de 10%. Todos os outros nomes têm desempenho de nanicos.
Com a eventual desistência dos
peemedebistas, a eleição poderá
ficar polarizada entre o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o
pré-candidato do PSDB, Geraldo
Alckmin. Assim, o embate tende a
ser decidido já no primeiro turno.
Como Lula tem aparecido como
favorito à reeleição nas pesquisas,
a não-candidatura do PMDB é
hoje mais favorável ao petista. Essa posição tem sido defendida pelos chamados governistas do
PMDB -até porque a sigla detém
hoje três ministérios (Minas e
Energia, Saúde e Comunicações).
Os principais defensores da
não-candidatura são os senadores Renan Calheiros (AL), José
Sarney (AP) e Ney Suassuna (PB).
Na Câmara, defendem a tese os
deputados Geddel Vieira Lima
(BA) e Henrique Alves (RN). Nem
todos são governistas de fato, mas
se uniram nessa tese também por
causa da verticalização -a regra
que obriga as alianças estaduais a
respeitarem a coalizão nacional.
O PMDB é no momento o partido com o maior número de pré-candidatos próprios a governos
estaduais. Se a sigla tiver um postulante a presidente, as disputas
locais terão todas de obedecer ao
que for fixado como aliança nacional. Ficariam inviabilizados
vários acordos.
Do outro lado, a posição dos defensores da candidatura própria
tem como principais representantes os interessados diretos: Garotinho e o ex-presidente Itamar
Franco. Os dois estão praticamente isolados, embora publicamente ainda ostentem alguns
apoios de fachada.
É caso de Orestes Quércia, principal cacique do PMDB em São
Paulo, que diz apoiar Itamar para
presidente. Na realidade, Quércia
deseja forçar um acordo local
com o PT ou com o PSDB para ficar com apoio para a vaga de candidato ao Senado.
Segundo a Folha apurou, os governistas do partido esperam ter
mais de 200 votos a seu favor. Na
noite de ontem, a Executiva do
PMDB aplicou uma derrota a Garotinho aprovando a resolução
segundo a qual a decisão de hoje
pode ser tomada por maioria simples dos convencionais, e não por
dois terços como queria o ex-governador do Rio.
Itamar já estava ontem em Brasília. "Estou confirmando minha
candidatura à Presidência e não
vou recorrer contra nenhuma decisão que a convenção tomar".
Garotinho, que ficou 11 dias em
greve de fome, deve chegar hoje.
Encontro sem militantes
A convenção do PMDB está
marcada para começar às 9h. Será
realizada no auditório Petrônio
Portella, dentro do Senado. Não
serão permitidos militantes no recinto nem no gramado em frente
ao Congresso. O objetivo é evitar
confrontos físicos entre os governistas e os oposicionistas da sigla.
Em 1998, o PMDB fez uma violenta convenção dentro do Congresso e houve briga entre militantes, com depredação em vários
pontos do local.
Os 528 convencionais peemedebistas terão de responder a apenas
uma pergunta que consta da pauta da convocação do encontro:
"Você é a favor da manutenção da
candidatura própria do PMDB à
Presidência da República?". Na
cédula só haverá a opção de responder "sim" ou "não".
Colaborou RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília
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