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MÁFIA DOS SANGUESSUGAS
Encontros ocorriam em restaurante de hotel no DF
Ex-gerente confirma entrega
de dinheiro para assessores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Marcelo Antonio de França, ex-gerente de um restaurante do hotel Meliá, em Brasília, confirmou
ontem em depoimento à Polícia
Federal que o empresário Darci
José Vedoin, da Planam, se reunia
com deputados no restaurante do
hotel e entregava dinheiro para
assessores de parlamentares.
França teria reconhecido, segundo a PF, o ex-deputado federal Carlos Rodrigues (expulso do
PL-RJ) e o deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) como participantes dos encontros. Em entrevista
ele não quis confirmar os nomes.
O ex-funcionário, que trabalhou de 2001 a 2004 no restaurante do hotel, também confirma que
viu assessores colocando dinheiro
em envelopes, mas não viu deputados. "Nenhum deputado chegou a pegar dinheiro lá dentro.
Mas eu via dinheiro. Cheguei a ver
dinheiro porque via malotes vindo por funcionários dele", disse.
Segundo ele, "uma vez um funcionário do Darci, em uma mesa
ao fundo do restaurante, separou
dinheiro em um envelope, lacrou
e repassou às pessoas que vinham
buscar. Eram funcionários e assessores", disse. Vedoin é apontado pela PF como o chefe da quadrilha que vendia ambulâncias
superfaturadas a prefeituras pagas com recursos da União a partir de emendas parlamentares.
Disse que Vedoin e seus convidados falavam sempre sobre medicamentos. Ele confirmou que a
ex-servidora do Ministério da
Saúde Maria da Penha Lino, acusada de fazer parte da quadrilha,
também frequentava o local.
Além da investigação feita pela
Polícia Federal na chamada "Operação Sanguessuga", a Procuradoria Regional da República da 1ª
Região, que tem sede em Brasília e
responde por 13 Estados mais o
Distrito Federal, vai montar uma
força-tarefa de procuradores para
investigar com mais rapidez a
participação de 37 prefeitos no
"esquema dos sanguessugas".
O procurador Mário Lúcio de
Avelar disse ontem no início da
noite que pediu a prisão preventiva "da maioria" dos presos na
Operação Sanguessuga. Hoje,
vence o prazo da prisão temporária dos 48 detidos em Cuiabá.
Coordenador do Núcleo Criminal do órgão, o procurador Alexandre Camanho quer adotar um
procedimento padrão para todos
os casos. Já na próxima semana,
devem ser expedidos os primeiros
ofícios aos órgãos competentes
para requisitar cópias de processos de licitação sob suspeita de
fraude, de tramitação de emendas, bem como a transcrição das
conversas telefônicas gravadas na
investigação: "Acredito que, em
quinze dias, podemos concluir essa etapa inicial da investigação".
Congresso
O delegado Tardelli Boaventura, que comanda as investigações
da Polícia Federal na "Operação
Sanguessuga", será o primeiro a
ser ouvido pela comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara que apura o envolvimento
dos parlamentares no esquema.
A Corregedoria quer saber de
Boaventura, delegado em Cuiabá
(MT), quais os critérios adotados
pela PF para considerar suspeitos
deputados citados em gravações
feitas com autorização judicial. O
depoimento de Boaventura está
marcado para terça-feira. No
mesmo dia poderá depor o procurador federal Paulo Gomes Ferreira Filho, que cuida do caso.
Colaborou a Agência Folha, em Cuiabá
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