São Paulo, sábado, 13 de maio de 2006

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MÁFIA DOS SANGUESSUGAS

Encontros ocorriam em restaurante de hotel no DF

Ex-gerente confirma entrega de dinheiro para assessores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Marcelo Antonio de França, ex-gerente de um restaurante do hotel Meliá, em Brasília, confirmou ontem em depoimento à Polícia Federal que o empresário Darci José Vedoin, da Planam, se reunia com deputados no restaurante do hotel e entregava dinheiro para assessores de parlamentares.
França teria reconhecido, segundo a PF, o ex-deputado federal Carlos Rodrigues (expulso do PL-RJ) e o deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) como participantes dos encontros. Em entrevista ele não quis confirmar os nomes.
O ex-funcionário, que trabalhou de 2001 a 2004 no restaurante do hotel, também confirma que viu assessores colocando dinheiro em envelopes, mas não viu deputados. "Nenhum deputado chegou a pegar dinheiro lá dentro. Mas eu via dinheiro. Cheguei a ver dinheiro porque via malotes vindo por funcionários dele", disse.
Segundo ele, "uma vez um funcionário do Darci, em uma mesa ao fundo do restaurante, separou dinheiro em um envelope, lacrou e repassou às pessoas que vinham buscar. Eram funcionários e assessores", disse. Vedoin é apontado pela PF como o chefe da quadrilha que vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras pagas com recursos da União a partir de emendas parlamentares.
Disse que Vedoin e seus convidados falavam sempre sobre medicamentos. Ele confirmou que a ex-servidora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, acusada de fazer parte da quadrilha, também frequentava o local.
Além da investigação feita pela Polícia Federal na chamada "Operação Sanguessuga", a Procuradoria Regional da República da 1ª Região, que tem sede em Brasília e responde por 13 Estados mais o Distrito Federal, vai montar uma força-tarefa de procuradores para investigar com mais rapidez a participação de 37 prefeitos no "esquema dos sanguessugas".
O procurador Mário Lúcio de Avelar disse ontem no início da noite que pediu a prisão preventiva "da maioria" dos presos na Operação Sanguessuga. Hoje, vence o prazo da prisão temporária dos 48 detidos em Cuiabá.
Coordenador do Núcleo Criminal do órgão, o procurador Alexandre Camanho quer adotar um procedimento padrão para todos os casos. Já na próxima semana, devem ser expedidos os primeiros ofícios aos órgãos competentes para requisitar cópias de processos de licitação sob suspeita de fraude, de tramitação de emendas, bem como a transcrição das conversas telefônicas gravadas na investigação: "Acredito que, em quinze dias, podemos concluir essa etapa inicial da investigação".

Congresso
O delegado Tardelli Boaventura, que comanda as investigações da Polícia Federal na "Operação Sanguessuga", será o primeiro a ser ouvido pela comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara que apura o envolvimento dos parlamentares no esquema.
A Corregedoria quer saber de Boaventura, delegado em Cuiabá (MT), quais os critérios adotados pela PF para considerar suspeitos deputados citados em gravações feitas com autorização judicial. O depoimento de Boaventura está marcado para terça-feira. No mesmo dia poderá depor o procurador federal Paulo Gomes Ferreira Filho, que cuida do caso.


Colaborou a Agência Folha, em Cuiabá

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