São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2008

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Mulher de Paulinho compra casa à vista no litoral de SP

Transação ocorreu quando PF investigava suposta partilha de propina no caso BNDES

Advogado diz que Elza Pereira pagou R$ 220 mil pelo imóvel em Bertioga, com um cheque de R$ 160 mil e o restante em dinheiro

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Vista da rua na Riviera de São Lourenço, em Bertioga, onde fica a casa da mulher de Paulinho

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Colocado sob suspeita na Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, por supostamente se beneficiar de desvio de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), 52, o Paulinho, há mais de um mês freqüenta uma nova casa em Bertioga, no litoral sul de São Paulo, registrada em nome de sua filha, Daniele Costa da Silva.
O imóvel foi comprado pela mulher de Paulinho, Elza de Fátima Costa Pereira, 48, tesoureira do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes. Ela informou, por meio do advogado Antônio Rosella, ter pago R$ 220 mil pelo imóvel, com um cheque seu de R$ 160 mil e o restante em dinheiro. Segundo o advogado, a parte em dinheiro foi paga "por conveniência" e o imóvel foi registrado em nome da filha por se tratar de "uma dependente" (leia texto abaixo).
Elza declarou em 2006 ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, quando se candidatou, e perdeu, a senadora paulista pelo PDT, um patrimônio de R$ 441 mil, sendo R$ 130 mil em "aplicações financeiras" na Caixa Econômica Federal e o restante equivalente a 50% de dois imóveis. Se fosse mantido intocado na poupança, o valor em dinheiro guardado por Elza na CEF seria hoje de R$ 149 mil -cerca de 67% do valor que ela desembolsou pela nova casa em Bertioga.
Em 2006, Paulinho declarou-se mais pobre que a mulher, com um patrimônio total de R$ 163,1 mil.
A compra do imóvel em Bertioga ocorreu "há cerca de 20 dias", segundo o advogado de Elza, ou há mais de 30 dias, de acordo com os ex-proprietários localizados ontem pela Folha em São Paulo. O período da negociação coincide com o auge das investigações da Polícia Federal que apontam suposta partilha de recursos entre Paulinho, o consultor da Força Sindical João Pedro de Moura, o advogado Ricardo Tosto, o consultor Marcos Vieira Mantovani e o empreiteiro Manuel Fernandes de Bastos Filho, entre outros investigados.
A investigação da PF começou em dezembro do ano passado. A partir de fevereiro, interceptações telefônicas feitas com ordem judicial nos aparelhos de diversos investigados passaram a registrar referências a Paulinho e a alguém identificado como "PA", que a PF presumiu ser o deputado federal pedetista.
A PF apreendeu planilhas e páginas manuscritas na sede da empresa de Mantovani, a Progus, que também relacionam Paulinho e "PA" como beneficiários da partilha de recursos relativos a empréstimos tomados no BNDES.
A casa está localizada na Riviera de São Lourenço, região que concentra condomínios e prédios residenciais de médio e alto padrões.
Há mais de 30 dias a filha de Paulinho aparece, no cadastro da empresa responsável pela administração do condomínio, como a responsável pela casa. As taxas de condomínio e outras despesas passaram a ser enviadas por e-mail para Daniele.
O imóvel foi adquirido do odontólogo Aprígio Zangelorami, que dirige uma clínica especializada em disfunções mandibulares e dores faciais. O consultório funciona no edifício Jorge Azem, na esquina da Alameda Santos com a rua Haddock Lobo, nos Jardins.
Zangelorami disse ontem, na clínica, que não tinha detalhes sobre a venda da casa, e orientou a reportagem a procurar sua mulher, Beatriz. Ela contou que a negociação ficou a cargo de um seu procurador, cujo nome não revelou. Beatriz não soube explicar como o imóvel foi pago, se com dinheiro ou com cheques.


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