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Festa de sindicato vira ato de apoio a Dilma
Apesar de homenagens à ministra, sindicalista causou constrangimentos ao defender 3º mandato para Lula, convidado de honra
Ministra, durante discurso, citou o nome de muitos dos presentes ao evento e falou da importância do sindicato na luta contra a ditadura
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Sindicato dos Metalúrgicos
do ABC transformou ontem à
noite, em São Bernardo do
Campo (SP), sua festa de aniversário em um evento de
"apoio e solidariedade" à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que luta contra um câncer
e é pré-candidata do PT a presidente na eleição de 2010.
Não faltou, no entanto, uma
defesa explícita de um terceiro
mandato para o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o que
constrangeu a ministra e uma
parte da plateia.
Lula chegou à comemoração
dos 50 anos da entidade, que
ele presidiu de 1975 a 1981,
acompanhado da primeira-dama, Marisa Letícia, e da ministra da Casa Civil. No ápice da
homenagem a Dilma, a plateia
saudou a petista incluindo seu
nome no jingle da campanha de
Lula em 1989: "Olê, olê, olê,
olá/Dilma, Dilma lá". Também
explodiram gritos de "2010, se
Deus quiser" e "está eleita".
Terceiro mandato
Um dos componentes da mesa, Paulo Vidal, antecessor de
Lula no comando do sindicato
até 1975, entretanto, passou ao
largo da homenagem e, ao discursar, defendeu um terceiro
mandato para o petista.
"Imaginar pura e simplesmente que politicamente seria
importante cumprir as normas
constitucionais e tirar o Lula da
Presidência, eu acho que todos
nós temos que repensar isso",
afirmou ele, que, logo em seguida se desculpou: "A companheira Dilma que me perdoe".
A plateia não se manifestou, e
Lula fechou a cara. Mais tarde,
o presidente chamou o sindicalista para uma conversa reservada, que terminou com uma
troca de afagos e sorrisos. Antes
disso, ao ser apresentada oficialmente, Dilma foi saudada
com entusiasmo pelas 500 pessoas que lotavam o salão principal do sindicato, ofuscando a
entrada do próprio Lula.
Ditadura
Em seguida, após a exibição
de um vídeo que contou parte
da história do sindicado com
ênfase no período da ditadura
(1964-1985), Dilma foi presenteada com um buquê de flores.
Houve mais aplausos e gritos
de "tá eleita!". A ministra agradeceu apenas com sorrisos.
O presidente do sindicato,
Sérgio Nobre, retomou o tema
da luta contra o câncer. Disse
que Dilma era uma guerreira e
que da sua vitória dependia a
continuidade do processo histórico iniciado no sindicato e
levado até o poder por Lula.
"Um guerreiro reconhece o
outro quando o vê. A gente sabe
que você é guerreira e estamos
juntos na sua luta para superar
todos os problemas porque a
continuidade dessa história depende muito de você", disse ele.
Em seu discurso, que durou
cerca de 15 minutos, a chefe da
Casa Civil não comentou a homenagem. Pausadamente, citou o nome de muitos dos presentes e se concentrou na importância do sindicato no combate à ditadura.
"O vídeo foi muito forte, ele
mostra a história do nosso país
e a gente tem sempre que saber
de onde nós viemos. E nós viemos de um conjunto de lutas
que o Brasil viveu. No ABC, as
forças democráticas começaram a devorar a ditadura", afirmou Dilma, que atuou em organizações de esquerda e foi presa pelos militares. A partir de
1978, o Sindicato do ABC promoveu as maiores greves no
país desde o golpe de 1964.
Em seu discurso, Lula exaltou o passado de militante da
ministra. Segundo ele, Dilma
era "uma menina de 20 anos"
quando foi presa e torturada
por "acreditar em utopias".
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