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Apenas 15%
da União abriu seus arquivos
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao anunciar que pretende,
por meio de uma nova lei,
pressionar seus órgãos a revelarem documentos da ditadura, o governo expõe a
contradição: a União não
consegue extinguir o sigilo
que caracterizou o período.
Caso emblemático é a ação
movida desde 1982 por familiares de mortos e desaparecidos na guerrilha do Araguaia, ocorrida nos anos 70.
A liminar concedida em
2003 pela juíza federal de
Brasília Solange Salgado, que
dava um prazo de 120 dias
para a liberação dos papéis,
até ontem não havia sido
cumprida pelo governo.
O principal buraco nas coleções de documentos do Arquivo Nacional, ligado à Casa
Civil, é creditado ao Ministério da Defesa. Os serviços de
inteligência do Exército, da
Marinha e da Aeronáutica
não entregaram uma só folha
de papel sigiloso, segundo o
diretor-geral do Arquivo,
Jaime Antunes da Silva.
As Forças Armadas alegam
que os documentos foram,
provavelmente, destruídos.
"Como cidadão e como pesquisador, [a destruição] não
me parece crível", disse Silva.
A ditadura espalhou seu
sistema de inteligência por
cerca de 250 setores da administração pública federal,
segundo ele. Destes, só 15%,
ou 37 unidades, entregaram
seus fundos ao Arquivo.
O Arquivo tem disparado,
desde 2006, e-mails e telefonemas para cobrar os documentos. Vez por outra, um
órgão resolve responder. Em
fevereiro, a Folha revelou
que 92 caixas de dados confidenciais adormeceram por
mais de três décadas na Fundação Nacional do Índio. Só
foram liberadas em 2008.
Os principais fundos já entregues ao Arquivo são a base de dados do extinto SNI
(Serviço Nacional de Informações) e as atas do CSN
(Conselho de Segurança Nacional).
(RUBENS VALENTE)
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