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PRESIDENTE 40/ELEIÇÕES 2010
CNBB prega voto "pró-vida", e candidatos condenam aborto
Igreja defende apoio a "pessoas comprometidas com respeito incondicional à vida"
Dilma, que em 2007 era a favor de descriminalização,
hoje vê "violência" contra a mulher; Serra adota crítica vaga, e Marina apoia texto
Lula Marques/Folha imagem
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D.Orani Tempesta, d.Benedito Beni dos Santos, d. Sergio Arthur Braschi e o d. Odilo Pedro Scherer
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA EM PORTO ALEGRE
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) recomendou ontem aos fiéis que votem em outubro em "pessoas
comprometidas com o respeito
incondicional à vida".
A "Declaração sobre o momento político atual" não faz
menção explícita ao aborto.
Mas sua divulgação ocorre no
momento em que a Igreja Católica cobra do governo federal
mudanças no PNDH 3 (Plano
Nacional dos Direitos Humanos) -no qual um dos temas
mais polêmicos é o aborto.
"Incentivamos a que todos
participem e expressem, através do voto ético, esclarecido e
consciente, a sua cidadania nas
próximas eleições, superando
possíveis desencantos com a
política, procurando eleger
pessoas comprometidas com o
respeito incondicional à vida, à
família, à liberdade religiosa e à
dignidade humana", diz a
CNBB, na "Declaração sobre o
momento político nacional".
O documento foi produzido
durante a Assembleia-Geral da
CNBB, que termina hoje em
Brasília. O texto também apontou "distorções inaceitáveis"
no plano de direitos humanos.
O porta-voz da Assembleia-Geral da CNBB, dom Orani
Tempesta, disse que a entidade
não quis apontar candidatos, e
sim orientar os fiéis a votar de
acordo com suas convicções.
O presidente Lula recebeu
ontem uma comissão da CNBB
e garantiu que mudará o texto
do PNDH 3. Lula afirmou que
serão retirados o apoio à descriminalização do aborto e a proibição à ostentação de símbolos
religiosos em prédios públicos.
Longe da polêmica
Ontem, os pré-candidatos à
Presidência adotaram um discurso moderado sobre aborto,
em consonância com a CNBB.
Em Porto Alegre, em entrevista a um programa da rede
RBS, Dilma Rousseff (PT) disse
que aborto "é uma coisa que nenhuma mulher defende". "Ninguém fala: "Eu quero fazer
aborto". Aborto é uma violência
contra as mulheres", disse.
Para a petista, aborto não é
uma "questão de foro íntimo", e
sim uma "política de saúde pública". "Há uma legislação que
prevê casos de aborto. Nestes
casos que são bastante conhecidos e que dizem respeito, inclusive, a condições adversas de
gravidez ou por risco de vida."
Questionada se o aborto seria
uma opção da mulher, disse
que a lei "é muito clara em que
condições está previsto". "Para
ser possível o aborto tem de estar previsto em lei. Tem de ser
legal." Dilma não disse se pretende mudar a lei se for eleita.
Em sabatina na Folha em
2007, Dilma defendeu a descriminalização do aborto. "Acho
que tem de haver descriminalização do aborto. No Brasil, é
um absurdo que não haja, até
porque nós sabemos em que
condições as mulheres recorrem ao aborto. Não as de classe
média, mas as de classe mais
pobres deste país", disse.
Questionado ontem pela Folha sobre o que pensa a respeito do tema, José Serra (PSDB)
evitou se aprofundar. Voltou a
afirmar ser contra a prática e
disse que uma mudança na legislação atual não dependerá
de um ato seu, caso seja eleito.
"Qualquer deputado pode fazer isso [propor mudança na
lei]. Como governo, eu não vou
tomar essa iniciativa", disse.
Em Natal, Marina Silva (PV)
disse que o documento de ontem reflete "a posição histórica
da CNBB". "Está de acordo com
a visão que eu tenho de defesa
da vida. Mas isso não significa
que eles estejam direcionando
[o voto] a ninguém", afirmou.
Colaborou a Reportagem Local
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