São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2010

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ANJ vê indício de controle irregular na mídia

Em representação, entidade cita reportagens sobre sociedade que envolve grupo português Ongoing

FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Entidades do setor de mídia apontaram à Procuradoria-Geral da República indícios de que as empresas responsáveis pelo jornal "Brasil Econômico" e pelo portal de internet Terra são controladas por companhias estrangeiras, o que configuraria uma violação à lei.
O artigo 222 da Constituição Federal prevê que pessoas físicas ou empresas estrangeiras podem deter somente até 30% do controle de companhias da área de mídia no país e não podem assumir atividades de direção e de seleção de conteúdo nos veículos de comunicação.
Em abril, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) entregou uma representação à Procuradoria na qual indica publicações na imprensa com a informação de que o grupo português Ongoing é, de fato, o controlador da EJESA (Empresa Jornalística Econômico S.A.), responsável desde 2009 pelo "Brasil Econômico".
A representação da ANJ relata que a publicação "Páginas do Futuro - Meio & Mensagem", de 26 de outubro de 2009, "dá conta de possível arranjo malicioso através do qual teria sido burlada" a lei brasileira, por meio da inclusão da mulher do presidente do grupo Ongoing, o empresário português Nuno Vasconcelos, como acionista da empresa constituída no Brasil.
Segundo um trecho da publicação transcrito na petição da ANJ, "a questão da legislação que limita em 30% o capital estrangeiro foi facilmente contornada com a esposa brasileira de Nuno, Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcelos, assumindo 70% do controle".
Por nota, o presidente da EJESA, José Mascarenhas, afirma que "o capital da EJESA é detido em mais de 70% por brasileira nata e em menos de 30% pelo grupo de origem portuguesa Ongoing", e a "administração da EJESA e seus jornalistas responsáveis por conteúdo são brasileiros natos".
Outra representação foi feita pela ANJ e pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) em relação ao portal Terra. Ricardo Pedreira, diretor-executivo da ANJ, diz que o Terra veicula conteúdo jornalístico, porém, a empresa responsável por ele, a Terra Networks Brasil S.A., segundo informações correntes no mercado, é controlada pelo grupo espanhol Telefónica.
O Terra informou que "não recebeu nenhuma comunicação" sobre a representação e por isso não iria se manifestar.


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