Cristiano Machado/ "Hoje em Dia"

Lula e Itamar Franco durante encontro em Belo Horizonte

PT e PSDB intensificaram ontem, por coincidência no Dia dos Namorados, o assédio sobre os partidos do espectro da direita, tentando consolidar seus casamentos políticos para a corrida sucessória. O PT investiu em suas negociações com o PL, e o PSDB ganhou promessas de apoio de alas do PPB e do PFL.
Em Belo Horizonte, o presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com o senador José Alencar (PL-MG), favorito do PT para ocupar o posto de vice na possível chapa com o PL, e com o governador de Minas, Itamar Franco (PMDB), de quem recebeu apoio à sua candidatura.
"Ter Minas Gerais na nossa companhia, de corpo e alma, ter o candidato a vice de Minas e o governador é um indício de que podemos ganhar as eleições. É o segundo Estado economicamente e eleitoralmente", afirmou o presidenciável petista, que considerou a manifestação de Itamar, feita por interlocutores, como um "indício de vitória".
Em palestra que fez a empresários, em Belo Horizonte, Lula reafirmou que Alencar será o seu vice, se a coligação se confirmar. "Isso depende mais do PL", disse. Questionado sobre o assunto, o senador do PL declarou: "A aliança está caminhando bem, mas quem está cuidando disso são os presidentes dos partidos".
Um dos entraves para a aliança PT-PL foi resolvido. O prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento (PL), decidiu apoiar a união. Influente no partido, ex-apadrinhado político do governador Amazonino Mendes (PFL-AM), Nascimento pode ter peso decisivo na convenção do dia 23 que oficializa ou não o acordo com o PT.
Nascimento anunciou sua decisão em reunião em Manaus com o presidente do PT, deputado José Dirceu, com o presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto, e com o presidente do PC do B, Renato Rabelo. "É a notícia mais importante da campanha dessas últimas semanas", disse Dirceu.

Afagos para Serra
O senador José Serra recebeu manifestações de apoio de representantes de 14 diretórios estaduais do PPB. Após o encontro com os pepebistas, organizado pelo ex-ministro Francisco Dornelles, presidente do PPB do Rio de Janeiro, foi a vez de o PFL de Pernambuco discutir a adesão à candidatura do tucano, em almoço promovido pelo vice-presidente da República, Marco Maciel.
Na reunião do PPB e no almoço com o PFL, Serra disse que esse esforço por ampliar os apoios, mesmo que informais, tem de ser intensificado neste mês, no qual se realizarão as convenções partidárias. Afirmou que as alianças são fundamentais não só para ganhar as eleições presidenciais, mas, principalmente, para governar o país. ""Não se governa com minoria", disse aos pepebistas.
À tarde, Serra recebeu em seu gabinete representantes do PMDB do Rio Grande do Sul, já livre para apoiá-lo, sem a oposição do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que chegou a ser cogitado para vice do tucano.
Dos pepebistas, Serra ouviu manifestações de apoio, mas também ouviu reivindicações e queixas contra o PSDB nos Estados, principalmente no Rio Grande do Sul. Estavam presentes representantes dos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Pará, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Sergipe, Maranhão e Roraima. O PPB de Goiás, Amazonas, Espírito Santo e Ceará não compareceu, mas, segundo Dornelles, o autorizaram a declarar apoio a Serra.
No almoço no Jaburu, Serra solicitou formalmente o apoio do PFL de Pernambuco, que já está coligado ao PSDB no Estado, apoiando a reeleição do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB).
O senador José Jorge (PE) disse que, em Pernambuco, a intenção do diretório é orientar todos os filiados a votarem em Serra, apesar da decisão tomada pela Executiva de dar liberdade individual na sucessão presidencial.



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