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Executiva do PMDB enterra candidatura à Presidência
Por 12 votos a 0, cúpula do partido decide não apoiar nenhum nome ao Planalto
Político ligado a Garotinho
obtém liminar para realizar
a convenção no dia 22, mas
aliados do ex-governador
nem apareceram para votar
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de meses de indefinição e conflitos internos, o
PMDB sepultou ontem a candidatura própria à Presidência. O
partido também não fará aliança no plano nacional: a opção é
a de ficar livre nos Estados para
compor com diferentes siglas.
O caminho escolhido pelo
PMDB levou em conta a regra
da verticalização, em vigor nas
eleições deste ano por determinação do Tribunal Superior
Eleitoral: o partido que estiver
em uma aliança nacional não
pode contrariá-la nos Estados.
A decisão foi tomada por
unanimidade, 12 a 0, em reunião da Executiva Nacional.
"Não tem outra saída a essa altura. É muito triste", afirmou o
senador Pedro Simon (PMDB-RS), pré-candidato do partido.
A polêmica, no entanto, ainda não está encerrada. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ligado ao ex-governador do
Rio Anthony Garotinho, obteve
uma liminar na Justiça para
realizar a convenção do partido
no dia 22. "É claro que o partido
não descumprirá uma decisão
judicial porque isso não é democrático", disse ele.
O presidente do partido, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou que vai recorrer da decisão. "O Judiciário não pode estabelecer uma data porque isso
fere a autonomia do partido.
Politicamente eu diria que a
candidatura própria é inviável", afirmou Temer.
Garotinho
A cúpula do partido afirma
que se a convenção for realizada, apenas dois diretórios estaduais compareceriam, o que inviabilizaria o evento. Integrantes da equipe de Garotinho afirmaram que ele está de acordo
com a decisão tomada pela
Executiva, porque seria "impossível a candidatura própria
prosperar". Segundo eles, um
sinal foi o fato de Garotinho
não ter comparecido à reunião.
Ele já foi pré-candidato do partido e agora apoiava Simon.
Agora o partido se dividirá
entre os apoios ao presidente
Lula e ao candidato do PSDB,
Geraldo Alckmin. "Acho que a
tendência é meio a meio, mas
com pequena diferença a favor
do PSDB", disse Temer.
Apesar de ter aceitado a decisão, Simon criticou o comando
partidário: "Estão todos com
cargo no governo [Lula]. Isso
pesou mais do que a candidatura à Presidência da República.
Não há amor, dedicação pelo
partido", disse ele no Senado.
"É uma legião estrangeira no
comando. Eles não conseguem
sentir a história do PMDB."
Buscando uma saída honrosa
para Simon, Temer propôs na
reunião que fosse dado um prazo até sexta-feira para que a
candidatura fosse retirada. A
proposta foi contestada de imediato. "Queria que a Executiva
assumisse o compromisso de
encerrar esse assunto hoje [ontem]. Não há como encaminhar
a candidatura própria e esse debate só serve para desgastar cada vez mais a nossa imagem",
disse o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), ex-ministro
das Comunicações. Ele concorrerá ao Senado aliado ao PT.
O PMDB teve ontem um raro
momento de harmonia na reunião da Executiva. A única voz
dissonante era a de Cunha. Simon já sabia da decisão a ser tomada. "Estamos dando como
falecida a idéia da candidatura
própria", disse o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ).
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