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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Petistas descartam autonomia do BC na 2ª gestão Lula
Programa do partido para a reeleição marca distância de idéias liberais defendidas pelo ex-ministro Antonio Palocci
PT critica eliminação do déficit público, tese apoiada pelo ex-ministro; presidente já negocia apoio para
nova agenda de reformas
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O programa de governo de
Luiz Inácio Lula da Silva será
um tiro no "paloccismo", sem
espaço para teses como autonomia do Banco Central ou déficit zero.
As primeiras pistas sobre o
documento, a ser divulgado em
15 de julho, foram dadas ontem
em Brasília. Permanecem os
compromissos com a estabilidade e o superávit primário,
mas o PT marca distância de
medidas "liberais" defendidas
pelo ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda) ou seu fiel discípulo ainda no governo, Paulo
Bernardo (Planejamento).
A autonomia do BC ficaria
descartada até 2010. "Isso seria
retirar o controle democrático
da sociedade", disse o presidente do PT, Ricardo Berzoini. Os
defensores da medida afirmam
que ajudaria na queda dos juros, livrando a instituição de
pressões.
Outra tese que tem a simpatia de Palocci e Bernardo, a eliminação total do déficit público, também foi bombardeada
pelos petistas. Segundo Berzoini e o coordenador-geral do documento, Marco Aurélio Garcia, a proposta é sinônimo de
corte nos programas sociais.
Uma meta alternativa, segundo Berzoini, seria manter a
taxa de juros real [descontada a
inflação] entre 7,5% e 8% ao
ano, com superávit primário de
4,25%. Hoje, o juro real está um
pouco acima dos 10%.
Ao comentar promessa tucana de reduzir despesas, Garcia
atacou o corte de gastos e a redução de impostos, embora reconheça o peso da carga tributária. "Corte de custeio significa diminuição dos gastos sociais, dificultar o funcionamento da máquina do Estado."
Também tem chance nula de
entrar no programa de governo
outra idéia cara aos economistas liberais, com a qual já flertaram Palocci e o próprio Lula: a
desvinculação entre o aumento
do salário mínimo e das aposentadorias. O objetivo seria
ter mais espaço para reajustar o
mínimo, sem o risco de criar
um rombo na Previdência.
Para Berzoini, há alarmismo
com as contas da Previdência.
"É equivocada a tese do rombo
explosivo. Os que dizem isso
são os que querem cortar o pagamento a 7 milhões de famílias que recebem aposentadoria rural", disse.
Reformas
O presidente licenciado da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), anunciou ontem que não
disputará mais o governo de
Pernambuco e que apoiará
Humberto Costa, do PT.
Segundo o parlamentar, em
encontro na semana passada,
Lula disse que precisará de seu
apoio na Câmara, caso consiga
se reeleger. O presidente negocia diretamente com parlamentares pensando em apoios
futuros para aprovar uma nova
agenda de reformas, incluindo
as da Previdência e tributária.
No final deste mês, a CNI vai
elaborar uma agenda fundamental para o próximo governo, que inclui "as reformas tributária, trabalhista - acoplada
à sindical-, e um novo ciclo de
reforma da Previdência", além
da definição do papel das agências reguladoras.
Colaborou MALU DELGADO ,
da Reportagem Local
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