São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2007

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PF chegou a investigar lobby sobre ministro das Cidades

Márcio Fortes era alvo de assédio por parte do ex-deputado federal Pedro Corrêa

O "braço" da empreiteira Gautama dentro da pasta seria Flávio Candelot, que chegou a dirigir a Secretaria de Política Urbana sob FHC


RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Operação Navalha da Polícia Federal investigou em seu início suposto tráfico de influência exercido no Ministério das Cidades. O primeiro relatório da operação indica a existência de gravações telefônicas relacionadas à pasta e diz que o ministro Márcio Fortes (PP) era alvo de assédio criminoso por parte do ex-presidente da legenda Pedro Corrêa, deputado cassado devido ao mensalão.
O texto assinado pelos delegados da PF Andrea Tsuruta e Antonio de Pádua Vieira Cavalcanti é datado de 19 de outubro de 2006 e cita arquivos de grampos com os títulos "Áudios Ministério das Cidades" e "Conduta Pedro Corrêa".
Ontem, o "Painel" da Folha noticiou que a PF tem em seu poder gravação de pelo menos três telefonemas entre o ministro Márcio Fortes e o lobista Sérgio Sá, preso sob a suspeita de auxiliar a empreiteira Gautama na fraude a licitações.
A empreiteira é apontada pela PF como a chefe do esquema de fraude a licitações e obras públicas desvendado pela operação. O "braço" da Gautama que atuaria no ministério, entretanto, não seria Sergio Sá, mas outro lobista que prestava serviços à empreiteira, Flávio Candelot, que foi diretor da Secretaria de Política Urbana (hoje Ministério das Cidades) entre 2001 e 2003, na gestão Fernando Henrique Cardoso.
"Flávio Candelot também conta com o apoio do ex-deputado federal Pedro Corrêa, o qual se encarrega de fazer tráfico de influência junto ao ministro das Cidades, Márcio Fortes, e ao secretário-executivo, Rodrigo Figueiredo, a fim de tentar conseguir aprovar portaria e reunir pessoas para agilizar e facilitar o recebimento de verbas públicas por parte da organização criminosa", diz o texto.
Já a representação da PF que quase sete meses depois serviu de base para a deflagração das mais de 40 prisões não cita mais o ministro. Datado de 8 de maio, o documento diz apenas que Candelot participava da quadrilha e que seus principais contatos eram Pedro Corrêa e Rodrigo Figueiredo.
Figueiredo nega ter sofrido influência política e diz que suas conversas com Candelot foram estritamente técnicas. A Folha não localizou Corrêa ontem. A PF disse que Márcio Fortes não foi investigado.
A Folha localizou um diálogo gravado entre Pedro Corrêa e Flávio Candelot em que o nome do ministro é citado. Na conversa, gravada em 6 de julho de 2006, o ex-deputado repassa a Candelot orientações que o ministro teria lhe dado para que fosse concretizada obra de saneamento básico em Sinop (MT), investigada na Operação Navalha. "Márcio falou na minha frente agora com o Superintendente de Negócios, lá em Cuiabá", diz Corrêa.


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