|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF chegou a investigar lobby sobre ministro das Cidades
Márcio Fortes era alvo de assédio por parte do ex-deputado federal Pedro Corrêa
O "braço" da empreiteira Gautama dentro da pasta seria Flávio Candelot, que chegou a dirigir a Secretaria de Política Urbana sob FHC
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Operação Navalha da Polícia Federal investigou em seu
início suposto tráfico de influência exercido no Ministério
das Cidades. O primeiro relatório da operação indica a existência de gravações telefônicas
relacionadas à pasta e diz que o
ministro Márcio Fortes (PP)
era alvo de assédio criminoso
por parte do ex-presidente da
legenda Pedro Corrêa, deputado cassado devido ao mensalão.
O texto assinado pelos delegados da PF Andrea Tsuruta e
Antonio de Pádua Vieira Cavalcanti é datado de 19 de outubro
de 2006 e cita arquivos de
grampos com os títulos "Áudios Ministério das Cidades" e
"Conduta Pedro Corrêa".
Ontem, o "Painel" da Folha
noticiou que a PF tem em seu
poder gravação de pelo menos
três telefonemas entre o ministro Márcio Fortes e o lobista
Sérgio Sá, preso sob a suspeita
de auxiliar a empreiteira Gautama na fraude a licitações.
A empreiteira é apontada pela PF como a chefe do esquema
de fraude a licitações e obras
públicas desvendado pela operação. O "braço" da Gautama
que atuaria no ministério, entretanto, não seria Sergio Sá,
mas outro lobista que prestava
serviços à empreiteira, Flávio
Candelot, que foi diretor da Secretaria de Política Urbana
(hoje Ministério das Cidades)
entre 2001 e 2003, na gestão
Fernando Henrique Cardoso.
"Flávio Candelot também
conta com o apoio do ex-deputado federal Pedro Corrêa, o
qual se encarrega de fazer tráfico de influência junto ao ministro das Cidades, Márcio Fortes,
e ao secretário-executivo, Rodrigo Figueiredo, a fim de tentar conseguir aprovar portaria
e reunir pessoas para agilizar e
facilitar o recebimento de verbas públicas por parte da organização criminosa", diz o texto.
Já a representação da PF que
quase sete meses depois serviu
de base para a deflagração das
mais de 40 prisões não cita
mais o ministro. Datado de 8 de
maio, o documento diz apenas
que Candelot participava da
quadrilha e que seus principais
contatos eram Pedro Corrêa e
Rodrigo Figueiredo.
Figueiredo nega ter sofrido
influência política e diz que
suas conversas com Candelot
foram estritamente técnicas. A
Folha não localizou Corrêa ontem. A PF disse que Márcio
Fortes não foi investigado.
A Folha localizou um diálogo gravado entre Pedro Corrêa
e Flávio Candelot em que o nome do ministro é citado. Na
conversa, gravada em 6 de julho de 2006, o ex-deputado repassa a Candelot orientações
que o ministro teria lhe dado
para que fosse concretizada
obra de saneamento básico em
Sinop (MT), investigada na
Operação Navalha. "Márcio falou na minha frente agora com
o Superintendente de Negócios, lá em Cuiabá", diz Corrêa.
Texto Anterior: Ex-chefe da PM critica ação da Polícia Federal Próximo Texto: Outro lado: Fortes diz não lembrar de lobista Índice
|