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PV fraudou notas para justificar despesas
TCE-SP, Polícia Civil e Promotoria apontam que notas de empresas fantasmas foram usadas em prestações de contas de verba pública
Sede das empresas deveria ser em Campina do Monte Alegre; notas têm endereços coincidentes, numeração baixa e falta de telefones
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Lago João Gomes, em Campina do Monte Alegre (SP), onde deveriam estar instaladas empresas que emitiram notas fiscais ao PV
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINA DO
MONTE ALEGRE (SP)
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A direção nacional do PV incluiu notas fiscais de empresas
fantasmas nas prestações de
contas apresentadas ao TSE
(Tribunal Superior Eleitoral)
referentes a 2004 e 2005.
As firmas deveriam funcionar em Campina do Monte Alegre (a 230 km de São Paulo) no
momento em que emitiram os
documentos fiscais, mas não
existiam, conforme constatação do Tribunal de Contas do
Estado de São Paulo, da Polícia
Civil e do Ministério Público
Estadual. Suspeita-se da existência de 639 empresas com
endereços fictícios na cidade.
O esquema das empresas
inexistentes foi organizado na
cidade que, em 1992, elegeu pela primeira vez um prefeito do
PV. À época, o procurador da
Prefeitura de Campina do
Monte Alegre era Carlos Galeão Camacho, atual presidente
do diretório do PV na cidade de
São Paulo. Em Angatuba (vizinha a Campina do Monte Alegre), Camacho é réu em 23 processos criminais. Nos processos, é acusado da prática dos
crimes de peculato e falsidade
ideológica, sob a suspeita de ter
montado um esquema de criação fraudulenta de empresas.
Em São Paulo, o PV é aliado
do DEM. Em 13 de maio, Camacho e o prefeito Gilberto Kassab deram entrevista conjunta.
Nela, o dirigente verde anunciou apoio à reeleição de Kassab. O PV integra ainda a base
aliada do presidente Lula (PT).
Nas prestações de contas em
análise pelo TSE, a Folha encontrou sete notas de empresas que não existem nos endereços que constam dos documentos. Elas foram entregues
para justificar supostos gastos
de R$ 130 mil do partido com
criação digital, marketing, elaboração de programa partidário e gravação de peças publicitárias para a TV. A maior fonte
de renda do partido é o Fundo
Partidário, custeado por verbas
públicas, que em 2004 e 2005
repassou ao PV R$ 793 mil.
As empresas
As notas chamam a atenção
pela baixa numeração, falta de
telefones, descrição genérica
dos serviços e coincidência de
endereços. As empresas que
emitiram notas com maior valor (R$ 112,5 mil) -Vim Consultoria Empresarial e Cia. Brasil de Cinema e Televisão-
funcionariam na av. Nossa Senhora Aparecida, 226. Lá, porém, há uma fábrica de bolsas.
O PV apresentou uma nota
no valor de R$ 4.866 emitida
pela Corinne Decorações. O recibo, de 3 de fevereiro de 2005,
tenta justificar "serviços diversos prestados ao Partido Verde,
inclusive na área de visual de
candidatos e apresentadores".
O cadastro da Receita Federal
diz que a empresa, que funcionaria em Campina do Monte
Alegre, foi extinta em 31 de outubro de 1997. Não poderia
emitir nota oito anos depois.
O TCE de São Paulo inspecionou em setembro de 2005
os endereços de 639 empresas
registradas num cadastro de
prestadores de serviço à prefeitura, organizado por Camacho.
No imóvel 138 da rua Amâncio Borba, os técnicos do tribunal encontraram uma casa de
família. Ali deveria funcionar a
firma Pipe Comércio Cine-Vídeo. Segundo nota apresentada
à Justiça Eleitoral pelo PV, a Pipe recebeu do partido R$ 7.280
referentes a "serviços de cine-vídeo e planejamentos de marketing"" em 2005.
Outras 20 empresas deveriam funcionar naquele endereço, entre elas a Suvina Informática, que emitiu notas de R$
3.185 em 2004 e R$ 4.800 em
2005, por serviços de "produção e criação digital" e "produção de campanha eleitoral".
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