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Agaciel diz que paga o preço de uma "guerra"
Ex-diretor-geral do Senado afirma que as decisões estavam respaldadas na legislação, mas admite "falhas na divulgação desses atos"
Ex-diretor diz que virou o "bode expiatório" da disputa interna da Casa e que não é responsável pelas decisões tomadas pela Mesa Diretora
Lula Marques - 2.jun.09/Folha Imagem
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O ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia durante depoimento sobre as irregularidades na Casa a uma comissão de senadores
MARIA CLARA CABRAL
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diretor-geral do Senado Federal durante 14 anos e responsável por assinar grande parte
dos boletins administrativos da
Casa, Agaciel Maia afirmou ontem que a Casa está no meio de
uma "guerra" e que seu nome
foi envolvido nas denúncias de
irregularidades porque ele é o
"bode expiatório" da vez.
Segundo o ex-diretor-geral,
não existem atos secretos, mas
sim erros de publicação. Ele
sustenta que todos os atos foram legais, já que estavam respaldados pelo regulamento interno do Senado.
Agaciel Maia deixou o cargo
em março de 2009, depois que
a Folha revelou que ele não tinha registrado em cartório
uma casa situada em um bairro
nobre de Brasília e avaliada em
R$ 5 milhões. Hoje Agaciel trabalha no Instituto Legislativo
Brasileiro, um órgão de apoio
ao Senado. Leia a seguir trechos da entrevista:
FOLHA - O sr. mentiu ao não dizer
que não existe ato secreto no Senado Federal?
AGACIEL MAIA - Eu não menti,
mas fico impotente por não ter
como provar. Nem todos os
atos foram assinados por mim.
Me escolheram de bode expiatório dessa história. Estou pagando por coisas que eu não fiz.
Qual a arma que eu tenho para
lutar contra isso? Nenhuma.
FOLHA - Por que vários atos foram
publicados meses e até anos depois?
AGACIEL - Não existe a palavra
"ato secreto" no regulamento
do Senado. O que existe é ato
suplementar. E todas as decisões neles foram tomadas de
acordo com o regulamento, e
portanto são legais. Se existiu
algo foram falhas na divulgação
desses atos e, se existiu falha, só
essa comissão vai dizer. Mas eu
garanto que ninguém pode afirmar que houve qualquer decisão sem o respaldo legal. O que
se questiona é se foi publicado
ou não. Mas ninguém pode dizer que ato A, B ou C foi feito
ilegalmente, porque não foi.
FOLHA - Mas são centenas de atos
publicados depois.
AGACIEL - São cerca de 60 mil
movimentações de pessoal por
mês. A falha é natural pela
quantidade de informação, mas
não houve ilegalidade e não
tem ato secreto.
FOLHA - Então por que foi criada a
comissão? Ela não é necessária?
AGACIEL - É política pura, fruto
dessa guerra que se estabeleceu
no Senado, e eu estou pagando
o preço, é só você olhar.
A Mesa Diretora decidiu aumentar o número de cargos, e
os gabinetes preencheram essas vagas. O Agaciel é o responsável por isso? Por que esconder algo que é legal? O que parece é que é muito bom o pessoal levantar uma questão dessa e virar toda a pauta nacional.
Eu não tenho tribuna, não tenho nada para me defender. É
uma responsabilidade que não
é minha. Eu me sinto perseguido, isso é verdade, porque se você olhar vai ver que é verdade.
Tudo que foi imputado a mim
foi por água abaixo.
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