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ORÇAMENTO
Sessão havia sido adiada por manobra de filho do prefeito Cesar Maia
Rio e governo selam acordo, e LDO pode ser votada hoje
RANIER BRAGON
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil e a Prefeitura
do Rio de Janeiro assinaram ontem acordo que, se não sofrer revés, vai possibilitar hoje a votação
da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), medida sem a qual o
Congresso fica impedido de entrar em recesso.
A LDO, cujos indicadores devem ser usados pelo governo na
elaboração do Orçamento do ano
seguinte, deveria ter sido votada
na quinta passada, mas o deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), filho
do prefeito do Rio, Cesar Maia,
usou recursos regimentais e conseguiu derrubar a sessão.
A divergência que adiou as férias de deputados federais e senadores se deve à interpretação sobre quanto cada município pode
movimentar dos recursos que é
obrigado a depositar em juízo devido a ações tributárias.
A Prefeitura do Rio entendia
que a lei 10.819/03 permitiria o
uso de 70% dos recursos; o banco
argumentava que só 40% poderiam ser movimentados.
Os ministros Antonio Palocci
Filho (Fazenda) e Aldo Rebelo
(Coordenação Política) entraram
na negociação e, após reunião ontem, o acordo pareceu agradar às
partes. "Estamos satisfeitos, porque o Banco do Brasil resolveu
cumprir a lei", disse o deputado.
O banco não se pronunciou.
Na parte técnica, porém, nem os
aliados do prefeito se entendiam.
Rodrigo Maia afirmou que o BB
depositou na conta da prefeitura
70% dos R$ 314 milhões identificados até ontem como depósitos
judiciais tributários feitos pelo
Rio. Esse valor, R$ 220 milhões,
seria usado totalmente em investimentos, segundo o deputado.
Já o secretário de Fazenda da
prefeitura, Francisco de Almeida
e Silva, afirmou que o município
se comprometeu a usar 30% dos
valores repassados para criar um
fundo de reserva que teria o objetivo de servir como garantia para
o caso de derrotas nas ações que
correm na Justiça. Isso reservaria,
na prática, apenas 40% do total
dos depósitos para uso imediato.
"Historicamente, a prefeitura
perde apenas 10% das ações tributárias. A decisão sobre se vamos
ou não criar fundo não é da conta
do banco", afirmou o deputado.
Além do secretário, participou
da reunião o procurador-geral do
município, Júlio Horta. Da parte
do banco, compareceram os diretores de Governo, João Carlos de
Mattos, e Jurídico, Miguel Oscar
Viana Peixoto.
Mais resistências
Além da pendência do PFL, o
governo enfrentou ontem resistência do PSDB, que queria o
compromisso de que o presidente
não vetasse o artigo da LDO que
proíbe o remanejamento de recursos de emendas parlamentares
para outros fins.
O líder do governo, senador
Fernando Bezerra (PTB-RN),
apoiou a reivindicação e disse, à
noite, que Aldo havia dado a garantia de que não haverá veto.
Com isso, o PSDB, a princípio,
não buscaria derrubar a sessão.
O governo depende desses acordos devido ao baixo quórum de
deputados e senadores em Brasília, já que muitos iniciaram o recesso por conta própria.
Se a oposição quisesse, poderia
exigir o quórum mínimo, que é de
um sexto do Congresso para a
realização da sessão e de metade
mais um da Câmara e do Senado
para a votação.
Além da LDO, estão na pauta de
votações o PPA (Plano Plurianual) 2004-2007 e créditos extras
a ministérios, entre eles, R$ 159
milhões para a quitação do novo
avião presidencial.
Caso seja aprovada hoje e não
sofra vetos por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a lei
acarretará um gasto extra ao governo de R$ 1,7 bilhão em 2005,
devido à previsão de aumento real
do salário mínimo em 2,22% e à
destinação obrigatória de pelo
menos 11% da Cide (tributo sobre
combustíveis) para a infra-estrutura em transportes.
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