São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Peg-pag

Num dia vem Marta Suplicy e diz que deve ser reeleita porque vai renegociar a dívida. E leva vantagem por ser do partido do presidente. Noutro dia vem José Serra e diz que deve ser eleito porque vai ampliar o bilhete único para o metrô. E leva vantagem por ser do partido do governador.
A fisiologia já nem se esconde. Da Globo News à Folha On Line, a notícia estava em toda parte, mas a Agência Nordeste usou linguagem mais crua:
- O Banco do Brasil cedeu à pressão da Prefeitura do Rio. Segundo o deputado Rodrigo Maia, filho do prefeito, com a decisão o PFL não criará mais problemas na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
E não adianta o comentarista Franklin Martins reclamar, na CBN, que o episódio abre um "precedente grave", com o uso do Congresso como "moeda de troca" nas eleições.
Nem abre precedente, na verdade. No dizer do "Valor", em reportagem sobre a liberação de emendas parlamentares, "mudou o governo, mas não os hábitos". Ou "o padrão de comportamento é idêntico":
- No governo FHC, o tratamento dos adversários era o mesmo dado hoje pelo PT... O governo beneficia os políticos da sua base de apoio.
E a oposição reage com obstrução até conseguir a liberação. Para Rodrigo Maia:
- Nós não radicalizamos, só suspendemos a sessão. A gente não quer parar o país.
Só quer dinheiro, em ano de reeleição do pai.

"NYT" x FOX NEWS

outfoxed.com/Reprodução
Capa do DVD com o documentário


O extremismo da política nos EUA chegou à mídia. A estréia de um documentário financiado por pró-democratas sobre a Fox News, canal pró-republicano de Rupert Murdoch, abriu o conflito entre "liberais" e "conservadores".
De um lado, o "New York Times" deu reportagem sobre o documentário, no domingo, com elogios e sem outro lado. Destaca como "guerrilheiros" os esforços do diretor Robert Greenwald. Do outro lado, a Fox News reagiu ontem concentrando fogo no "NYT", segundo o site Editor & Publisher. Para a Fox, o jornal "recebe ordens" do "bilionário esquerdista" George Soros, um dos financiadores do filme.
E já entraram na briga o "Washington Post", ao lado da Fox News, e a NBC, cujo presidente, na "Variety", atacou as táticas empresariais de Murdoch.

AINDA O ERRO

Tem mais, no conflito. O "New York Times" noticiou no fim de semana que o erro de capa do "New York Post", jornal de Rupert Murdoch, anunciando um outro vice para John Kerry, teria sido um "furo" levantado pelo próprio Murdoch. O "Post" nega.

Esquerda
O que é "esquerda"? Lula diz que ele não é. José Serra diz que ele é. No "Canal Livre", da Band, o ministro da Educação, Tarso Genro, tentou uma abordagem:
- Estamos na fase de transição, para remodelar o que é esquerda, o que é direita, o que é centro. A clivagem do sistema de alianças, hoje, está muito mais relacionada com como combinar saúde fiscal com desenvolvimento e distribuição do que com padrões ideológicos.

Guerra santa 1
Marta Suplicy foi aos batistas no domingo. Antes, esteve com outras igrejas. Luiza Erundina, de sua parte, foi à Assembléia de Deus. Paulo Maluf foi logo ao cardeal arcebispo. Correndo por fora, entre os evangélicos, Serra e Francisco Rossi.
A "guerra santa", como destacaram os jornais de ontem, não se restringe mais ao Rio.

Guerra santa 2
Mas o Rio está na vanguarda. É em torno de Deus, com a Globo no meio, o conflito entre o católico Cesar Maia, o evangélico Marcelo Crivella e a dobradinha católico-evangélica do PMDB de Garotinho. Do cientista político Cesar Romero Jacob, especialista no assunto, ao "Valor":
- Os únicos que não se manifestaram foram Jandira Feghali (PCdoB) e Jorge Bittar (PT). Mas o farão. A disputa é acirrada.

Argumentos
É semana de juros. Lê-se então, na home do UOL:
- Mercado vê inflação e juros maiores neste ano.
Ouve-se Míriam Leitão:
- Inflação subindo e juros que não impedem crescimento dão argumento perfeito para o Banco Central não reduzir juros.
E no entanto, diz a CBN:
- O preço médio da cesta básica em São Paulo apresentou queda de 0,72% na semana.

Sem futuro
O blog de Jorge Bastos Moreno, no fim de semana, ouviu de José Sarney o anúncio de que não vai se candidatar mais:
- Não tenho mais projeto para o futuro, porque não tenho mais futuro, tenho passado.
Mas ele não vai abandonar a política, que, afirma, "só tem uma porta, a de entrada".

Cinco, seis horas
Mais do senador Sarney:
- Já estou há tantos anos no Congresso e fico sentado ali, presidindo por cinco, seis horas, ouvindo discursos cujos temas são os mesmos que ouço há 40 anos, sempre com uma variação de quatro verbos, cinco advérbios, duas preposições...

O líder
Ecoou pela Argentina, nas manchetes dos sites do "Ambito Financiero", "La Nación" e "Clarín", a declaração do ex-presidente Eduardo Duhalde a "O Globo" -de que "Lula é o principal líder do Mercosul" e o argentino Néstor Kirchner não dá atenção às "questões internacionais". Kirchner engoliu seco. Seu ministro do Interior dizia ontem que a declaração de Duhalde "não é crítica", mas uma observação "relativa à conjuntura em que está a Argentina".

Ao Haiti
De todo modo, o "La Nación" noticiou que o ministro da Defesa argentino vai, sim, ao Haiti. Ele teria adiado a viagem, que antes faria junto com os ministros do Brasil e do Chile, por conta da tensão social interna.

Sob pressão
O "Bom Dia Brasil" deu inusitada entrevista com o "ministro interino da Cultura", para falar do projeto que os artistas globais levaram a Lula. Pergunta:
- Como o senhor avalia a questão da falta de regulação das novas mídias, como a internet?


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