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MUSA DO "MENSALÃO"
Ex-secretária de Valério diz ter sido sondada pelo PSDB para concorrer a uma vaga na Câmara e que gostou da idéia
Karina diz que pode se candidatar a deputada
federal
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Depois de ter ido à CPI dos
Correios, em meio à crise política, depor como testemunha sobre o suposto pagamento de
"mensalão" a parlamentares, a
secretária Fernanda Karina Somaggio decidiu ser candidata a
deputada federal pelo PSDB nas
eleições de 2006.
Ex-secretária do publicitário
Marcos Valério de Souza na
agência SMPB, Karina diz em
entrevista à Folha que tomou a
decisão com base na notoriedade que ganhou nas ruas de Belo
Horizonte com sua exposição no
episódio.
Na entrevista abaixo, Karina
diz que as investigações ainda
não chegaram à pessoa-chave do
suposto esquema do "mensalão". "O Marcos Valério é um intermediário. O sócio dele, Cristiano de Mello Paz, veio de família rica, é de alto relacionamento,
e não foi investigado até agora."
A assessoria do empresário
Cristiano Paz, presidente da
agência SMPB Comunicação,
disse ontem que, por ser publicitário, ele tem relações profissionais com diversas pessoas, inclusive com políticos de Belo Horizonte.
A secretária está sendo processada por Valério por tentativa de
extorsão. O processo é anterior
às primeiras denúncias sobre a
suposta existência do esquema
de "mensalão".
Karina, que se declara admiradora da senadora Heloísa Helena
(PSOL-AL), afirma que sua
agenda -em poder da Polícia
Federal e da CPI dos Correios-
já revelou muita coisa, mas que
as agendas de outras secretárias
podem revelar muito mais.
Folha - O que mudou na sua rotina após sua ida à CPI dos Correios?
Fernanda Karina Somaggio -Eu
moro no mesmo endereço. A
minha vida está uma bagunça. É
complicado porque tenho uma
filha e não posso sair de casa, não
posso ficar andando na rua pela
segurança. No momento estou
em férias do trabalho.
Folha - Como suas revelações na
CPI refletiram na convivência com
sua filha e com seu marido?
Karina -Eu e meu marido explicamos à ela que quando eu trabalhava com o Marcos Valério
eu vi algumas coisas que eram
importantes, não falei de "mensalão" e muito dinheiro, ela não
iria entender. Estou em paz com
minha família, não tenho meu
coração contrito nem a cabeça
pesada.
Folha - Como a sra. avalia as
atuais investigações do escândalo
do "mensalão"?
KarinaEu espero, sinceramente, que as pessoas envolvidas
com tudo isso que está acontecendo sejam punidas. Tem pessoas que não foram investigadas.
O Marcos Valério é um intermediário, um operador. O sócio dele, Cristiano de Mello Paz, veio
de família rica, é de alto relacionamento, e ainda não foi investigado.
Folha - Na SMPB, qual era o relacionamento do Cristiano de Mello
Paz na SMPB com pessoas do governo federal?
Karina -O Cristiano conhece
várias pessoas, como o ministro
[Walfrido] Mares Guia [Turismo]. Tem muita amizade com o
governador de Minas Gerais, Aécio Neves [PSDB], mas com o
Mares Guia ele conversava sempre.
Folha - O que a sra. sabe sobre o
relacionamento do Cristiano com
o Mares Guia?
Karina - Eles nunca conversavam na empresa. O Cristiano
tem uma fazenda e ele [Mares
Guia] sempre ia para lá.
Folha - E qual era a freqüência
da troca de telefonemas entre os
dois?
Karina -Eram muitos telefonemas, todos os dias. Eu não sabia
o que eles tratavam, mas ele
[Cristiano] sempre dizia que era
amigo íntimo do Mares Guia.
Folha - A sra. chegou a anotar na
sua agenda alguma reunião entre
os dois?
Karina - Não, eu não era a secretária dele, a secretária dele [Cristiano] é a Adriana Fantini Boato.
A agenda dela pode revelar isso.
Folha - Mas a Adriana Boato não
é só secretária, ela aparece como
sócia de uma empresa.
Karina - Ela é uma das sócias da
empresa 2S Participações. O outro sócio é o chefe dos motoboys
da SMPB, Orlando Martins.
Folha - A sra. tornou-se uma figura popular, cumprimentada pelas pessoas na rua. Já tem pretensões políticas?
Karina -Fui sondada pelo PSDB
e tenho coragem de me candidatar, sim. Gosto muito do que a
Heloísa Helena [senadora do
PSOL-AL] faz e gostaria de ser
deputada federal. Eu amo política, sempre gostei, mas sempre
fui petista, voto no Lula desde os
16 anos. Quando ele ganhou
achei o máximo. "Agora vai ter
uma pessoa que foi da gente",
pensei.
Folha - Mas, se a sra. tem simpatia pelo PT, escolheria o PDSB?
Karina - Nunca fui tucana, mas
acho que tem que ser um partido
que tenha visibilidade política,
não quero ficar lá [no Congresso] com um monte de gente que
está lá e não serve pra nada.
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