São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Isolamento

A estratégia de confronto adotada por Renan Calheiros (AL) desde o início da semana fez crescer o grupo dos que acham que ele perdeu as condições de presidir o Senado. A investida contra senadores da oposição espantou parlamentares do PSDB e do DEM que, a despeito da orientação partidária, ainda davam alguma sustentação ao peemedebista.
Os membros da Mesa Diretora, estratégicos em várias fases do processo, se irritaram com a manobra que deixou para a semana que vem a decisão sobre nova perícia nos documentos do caso. E mesmo no PT e no PMDB, pilares da tropa de choque de Renan, crescem os questionamentos, como os feitos ontem por Ideli Salvatti (PT-SC) e Garibaldi Alves (PMDB-RN).

Não me deixem só. De um senador da base aliada sobre os últimos atos de Renan, como a manobra de ontem: "Essa escola alagoana já se mostrou desastrosa. Daqui a pouco ele pedirá para virmos de verde-amarelo e vai aparecer todo mundo de preto".

Bola de cristal. Ainda pela manhã, o senador Almeida Lima (PMDB-SE), um dos relatores do caso Renan no Conselho de Ética, já adiantava que a reunião da Mesa para referendar a nova perícia deveria ficar para terça que vem, como foi decidido depois.

GPS. Para despistar a imprensa, os organizadores do jantar de desagravo a Renan realizado anteontem mudaram três vezes o endereço do encontro. Com isso, o ônibus fretado para levar prefeitos alagoanos e convidados chegou a se perder em Brasília.

Tensão. Na porta do restaurante onde ocorreu o ato de desagravo, Renan foi ríspido ao responder sobre o encontro que teve com Lula a um repórter: "Foi boa a reunião. O presidente, inclusive, perguntou de você e da sua família". Ontem, o peemedebista bateu boca com outro jornalista.

Apagão. Após a sessão "coruja" de anteontem no Congresso para votar a LDO, parlamentares resolveram sair em massa de Brasília na manhã de ontem, o que deixou congestionadas as imediações do aeroporto da capital, lotou os seus estacionamentos e tumultuou as filas de embarque.

Passar bem. O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), jogou duro com Walfrido dos Mares Guia na conversa de anteontem. Ao ouvir novamente a promessa de que a indicação de Luiz Paulo Conde para Furnas estava assegurada, disse: "Então você ligue para ele e o convide".

Ajuda divina. Vice-líder do PP na Câmara, José Linhares (CE), que é padre, foi destacado para cobrar do Planalto a indicação feita pelo partido para a diretoria da Anvisa, que já conta com dois afilhados do PT e dois do PMDB.

Racha na base. Apesar de não serem novas, as últimas ameaças do PC do B de deixar a CUT para formar uma nova central alarmaram o PT e o Planalto. Secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci ligou para o presidente da sigla, Renato Rabelo, para sondá-lo sobre o vôo solo.

Palanque. José Dirceu transformou ontem seu blog, com quase um ano de funcionamento, em site. A página conta com um espaço chamado "Defesa", no qual o petista apresenta uma linha do tempo com sua versão para as denúncias das quais foi alvo quando ocupava a Casa Civil.

Três atos. O PT impetrará mandado de segurança no TJ contra a ordem cronológica das CPIs na Assembléia paulista, que leva o caso CDHU para 2008. Também recorrerá ao tribunal para desenterrar a apuração sobre a Nossa Caixa e irá ao STF pelo direito da minoria de investigar.

Chapa-branca. Das 15 CPIs que aguardam instalação, 13 têm assinaturas só de integrantes da base do governador José Serra (PSDB).

Tiroteio

"Renan descobriu que não é mais presidente do Congresso. Falta agora perceber que também não é mais presidente do Senado."


Do deputado FERNANDO GABEIRA (PV-RJ) sobre a ausência de Renan na sessão conjunta de deputados e senadores que aprovou a LDO.

Contraponto

Pastelão

Em recente viagem oficial, os deputados Raul Jungmann (PPS-PE), Dr. Rosinha (PT-PR) e Ruy Pauletti (PSDB-RS) chegaram a La Paz famintos e seguiram para o restaurante do hotel. Enquanto Pauletti atendia ao celular, Jungmann e Rosinha deixaram a mesa para ir ao terraço apreciar o visual da cidade boliviana. Na volta, notaram que a porta de vidro que os separava do sistema de aquecimento do restaurante não abria por fora.
-Pauletti!-, gritavam enquanto batiam na porta.
A eloqüência acabou chamando a atenção de um garçom, que resgatou a dupla da área gelada. O gaúcho, ainda em seu longo telefonema, nem notou o mau humor dos colegas, que, de volta à mesa, batiam os dentes de frio.


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