São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Prefeito do PPS recebeu depósito de pivô de suspeitas de fraude contra a CDHU

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

As investigações sobre supostas fraudes na CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) do governo de São Paulo detectaram um depósito bancário do engenheiro civil Francisco Emílio de Oliveira, o "Chiquinho da CDHU" -apontado pelos promotores como pivô de um esquema que teria ocorrido em 27 municípios de São Paulo-, na conta da filha do prefeito de Iepê, no interior do Estado, Faiad Zakir (PPS).
Empresas relacionadas a Oliveira foram contratadas pela prefeitura para construir 188 casas no município.
O prefeito foi afastado do cargo por ordem judicial e entrou com recurso no Tribunal de Justiça. Ouvido pela Folha, Zakir alegou que o pagamento deveu-se à venda de gado.
Indagado sobre o fato de o depósito ter ocorrido na conta da filha, Zakir afirmou: "Eu sou um quebrado, sou "sócio do Serasa". Eu não tenho conta bancária. Minha conta é estourada, então eu uso a conta da minha filha, sempre usei, há muito tempo".
"Não tem nada de errado, nada. Eu sempre fui muito amigo das pessoas que trabalham comigo, não amigo, assim, a gente faz amizade fácil, a gente uma peculiaridade no jeito de tratar as pessoas que faz com a gente tenha, realmente, uma proximidade. De modo que é esquisito isso, é esquisito esse negócio [a suspeita]", disse Zakir.
Segundo os promotores, houve uma transferência bancária de R$ 5,4 mil no dia 22 de setembro de 2005 da conta da microempresa "Rosaly Sylvia Ramalho Sampaio ME" para a conta de Mirian Rosa Alcântara Zakir, filha do prefeito. O comprovante da operação foi apreendido na empresa FT Construções, registrada em nome da mulher de Oliveira.
Num telefonema interceptado com ordem judicial, Oliveira perguntou a Zakir se havia chegado "o cracará" ou "verbinha", que os promotores interpretaram como sendo um pagamento em dinheiro. Após dizer que sim, o então prefeito fez um elogio: "Impressionante como você tá sendo pontual. Eu não tô nem acreditando".
Em outro diálogo, Zakir e Oliveira aparecem trocando impressões sobre como proceder em relação a uma investigação que o Ministério Público começara a fazer nos contratos para construção de casas populares no município. Além das gravações e do comprovante do depósito, os promotores afirmam ter em seu poder dois depoimentos de testemunhas, uma delas agora sob proteção legal, que confirmariam freqüentes visitas do prefeito à sede da empresa de Oliveira.


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