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Dono da Mauá se diz vítima de "pilantragem" de concorrentes
"Nós nunca tivemos nenhum contrato com a Angraporto", diz German Efromovich
Empresário alega que não dirigia o estaleiro, pois vive na Colômbia, mas afirma que as doações a políticos foram feitas dentro da lei
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Proprietário do estaleiro
Mauá Jurong, uma das empresas investigadas pela Polícia
Federal na Operação Águas
Profundas, o empresário German Efromovich afirma que
está sendo vítima de uma "pilantragem" armada por seus
concorrentes, mas ele não quis
nomear os responsáveis pela
suposta armação contra ele.
Nascido na Bolívia e naturalizado brasileiro, Efromovich é
dono de empresas em diversas
áreas, entre as quais as companhias aéreas Ocean Air e a colombiana Avianca, do estaleiro
Eisa e da empresa prestadora
de serviços na área de petróleo
Marítima. Em entrevista por
telefone à Folha, ele afirma
que nunca teve negócios com a
Angraporto, empresa que seria
o núcleo do suposto esquema,
segundo a Polícia Federal:
FOLHA - Sua empresa está sendo
acusada de participar de um esquema de fraude em licitações da Petrobras. Como o sr. responde?
GERMAN EFROMOVICH - É preciso
deixar claro. A Polícia Federal
está achando que a Mauá Jurong teve uma participação numa fraude da P-16. A incursão
que ela fez ontem lá na Mauá
[no escritório da companhia]
não durou mais do que uma hora. Nenhuma pessoa da Mauá
foi presa ou indiciada. É preciso
ter muito cuidado, porque estão causando um dano, sem saber o que está acontecendo antes, através de uma pilantragem, de que podemos ter sido
vítimas, "caídos" de babacas.
FOLHA - Vítimas de quem?
EFROMOVICH - Não sei. Não conheço os fatos. Está tudo de
surpresa. Não sabemos de onde
vem isso.
FOLHA - O Ministério Público Federal sustenta que haveria um esquema pelo qual a Angraporto receberia dinheiro para, em conluio com
funcionários da Petrobras, beneficiar o estaleiro Mauá Jurong. Há ainda acusação de que a Mauá depositou R$ 3,6 milhões na conta de uma
empresa fantasma...
EFROMOVICH - [interrompendo]
Eu não sei, não tive acesso. Primeiro que não dirijo a Mauá, eu
passo o meu tempo na Colômbia. Eu cheguei de viagem ontem, aparece um troço desses,
que não é prática da nossa empresa, não temos nenhum tipo
de conhecimento. Nós nunca
tivemos relação nenhuma, nenhum contrato com essa Angraporto. Nem conhecemos.
Eu nunca ouvi falar.
FOLHA - Mas o que o senhor diz sobre as acusações?
EFROMOVICH - Não sei o que é isso, não posso bater nem rebater. Eu não dirijo a empresa. O
nosso pessoal é do mais alto gabarito, qualidade, decência e
honestidade. Os caras vêm de
surpresa, não te dizem nada.
FOLHA - Algum funcionário de sua
empresa, agindo à sua revelia, pode
ter participado do esquema?
EFROMOVICH - Não sei, não acredito. Até hoje, nós somos vítimas de todo esse negócio. Fomos discriminados todo esse
tempo.
FOLHA - Existe uma disputa judicial entre a Marítima, também do
seu grupo, com a Petrobras.
EFROMOVICH - Não vou responder isso pelo telefone. Esse
mercado é uma guerra de tubarões, golpes baixos. Não sei se
alguém está aprontando, ou alguém está nos preparando para
alguma coisa.
FOLHA - O sr. disse que estão fazendo pilantragem com o sr. Mas
quem? A Polícia Federal?
EFROMOVICH - Não mencionei
que estão fazendo pilantragem,
falei que podem estar armando
com a gente. Não acredito que
seja a polícia. Pode ser obra de
concorrente, como já foi no
passado.
FOLHA - A Mauá Jurong doou para
campanhas de petistas no ano passado. Por quê?
EFROMOVICH - Está tudo documentado. Não fui eu que escolhi, nem sei. Essa ligação é maldosa, criminosa e escrota. Porque não está escondido. O que
foi dado está nos documentos.
Se doou, é dentro da lei.
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