São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Dono da Mauá se diz vítima de "pilantragem" de concorrentes

"Nós nunca tivemos nenhum contrato com a Angraporto", diz German Efromovich

Empresário alega que não dirigia o estaleiro, pois vive na Colômbia, mas afirma que as doações a políticos foram feitas dentro da lei

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Proprietário do estaleiro Mauá Jurong, uma das empresas investigadas pela Polícia Federal na Operação Águas Profundas, o empresário German Efromovich afirma que está sendo vítima de uma "pilantragem" armada por seus concorrentes, mas ele não quis nomear os responsáveis pela suposta armação contra ele. Nascido na Bolívia e naturalizado brasileiro, Efromovich é dono de empresas em diversas áreas, entre as quais as companhias aéreas Ocean Air e a colombiana Avianca, do estaleiro Eisa e da empresa prestadora de serviços na área de petróleo Marítima. Em entrevista por telefone à Folha, ele afirma que nunca teve negócios com a Angraporto, empresa que seria o núcleo do suposto esquema, segundo a Polícia Federal:

 

FOLHA - Sua empresa está sendo acusada de participar de um esquema de fraude em licitações da Petrobras. Como o sr. responde?
GERMAN EFROMOVICH -
É preciso deixar claro. A Polícia Federal está achando que a Mauá Jurong teve uma participação numa fraude da P-16. A incursão que ela fez ontem lá na Mauá [no escritório da companhia] não durou mais do que uma hora. Nenhuma pessoa da Mauá foi presa ou indiciada. É preciso ter muito cuidado, porque estão causando um dano, sem saber o que está acontecendo antes, através de uma pilantragem, de que podemos ter sido vítimas, "caídos" de babacas.

FOLHA - Vítimas de quem?
EFROMOVICH -
Não sei. Não conheço os fatos. Está tudo de surpresa. Não sabemos de onde vem isso.

FOLHA - O Ministério Público Federal sustenta que haveria um esquema pelo qual a Angraporto receberia dinheiro para, em conluio com funcionários da Petrobras, beneficiar o estaleiro Mauá Jurong. Há ainda acusação de que a Mauá depositou R$ 3,6 milhões na conta de uma empresa fantasma...
EFROMOVICH -
[interrompendo] Eu não sei, não tive acesso. Primeiro que não dirijo a Mauá, eu passo o meu tempo na Colômbia. Eu cheguei de viagem ontem, aparece um troço desses, que não é prática da nossa empresa, não temos nenhum tipo de conhecimento. Nós nunca tivemos relação nenhuma, nenhum contrato com essa Angraporto. Nem conhecemos. Eu nunca ouvi falar.

FOLHA - Mas o que o senhor diz sobre as acusações?
EFROMOVICH -
Não sei o que é isso, não posso bater nem rebater. Eu não dirijo a empresa. O nosso pessoal é do mais alto gabarito, qualidade, decência e honestidade. Os caras vêm de surpresa, não te dizem nada.

FOLHA - Algum funcionário de sua empresa, agindo à sua revelia, pode ter participado do esquema?
EFROMOVICH -
Não sei, não acredito. Até hoje, nós somos vítimas de todo esse negócio. Fomos discriminados todo esse tempo.

FOLHA - Existe uma disputa judicial entre a Marítima, também do seu grupo, com a Petrobras.
EFROMOVICH -
Não vou responder isso pelo telefone. Esse mercado é uma guerra de tubarões, golpes baixos. Não sei se alguém está aprontando, ou alguém está nos preparando para alguma coisa.

FOLHA - O sr. disse que estão fazendo pilantragem com o sr. Mas quem? A Polícia Federal?
EFROMOVICH -
Não mencionei que estão fazendo pilantragem, falei que podem estar armando com a gente. Não acredito que seja a polícia. Pode ser obra de concorrente, como já foi no passado.

FOLHA - A Mauá Jurong doou para campanhas de petistas no ano passado. Por quê?
EFROMOVICH -
Está tudo documentado. Não fui eu que escolhi, nem sei. Essa ligação é maldosa, criminosa e escrota. Porque não está escondido. O que foi dado está nos documentos. Se doou, é dentro da lei.


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