São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Leite derramado

Luiz Eduardo Greenhalgh aproveitou audiências para tratar de projeto do interesse do setor de leite longa vida para levar ao Planalto, em pelo menos duas ocasiões, o publicitário Guilherme Sodré, que, como o ex-deputado petista, trabalha para Daniel Dantas.
No palácio, os dois estiveram não apenas com o chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, mas com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Uma dessas conversas foi narrada por Sodré ao amigo e senador Heráclito Fortes (DEM-PI) em grampo captado pela Operação Satiagraha. Na condição de representante da cooperativa IntegraLac, LEG usou o encontro com Carvalho para sondar a existência de investigação contra Humberto Braz, braço direito de Dantas.



Senha. Em 28 de março, um dia depois de ouvir de Sodré (conhecido como Guiga), em um dos telefonemas grampeados pela PF, que Dilma Rousseff resolvera "todas as pendências" do negócio do leite, o oposicionista Heráclito subiu à tribuna do Senado para elogiar a ministra, que estaria "dentro de uma frigideira, vítima do fogo amigo".

Operador. As escutas indicam que os serviços de Greenhalgh para Dantas nem de longe se limitaram à coleta de informações sobre a investigação da PF. Num dos trechos, ele conversa com Carlos Rodenburg, sócio do Opportunity e ex-cunhado do banqueiro, "a fim de intermediar" com a governadora do Pará, Ana Júlia (PT), interesses de fazendas do grupo no Estado.

Não diga. Em diálogo Greenhalgh-Sodré no auge da CPI dos Cartões, o ex-deputado faz previsão sobre o futuro da secretária-executiva da Casa Civil, envolvida no caso do dossiê de gastos de FHC: "Erenice vai ser mandada embora". Ela está lá até hoje.

Sr. X. Em seu relatório, o delegado Protógenes Queiroz, responsável pela Operação Satiagraha, diz suspeitar que exista, acima de Dantas e de Naji Nahas, "um comando central não identificado" da organização criminosa.

Gerúndio. Segundo o texto, os grupos de Dantas e de Nahas se articulavam para operar no fundo "soberando" que o governo pretende criar.

Sotaque. Na intimidade, Daniel Dantas é conhecido pelo talento para imitar pessoas. Os mais próximos consideram impagável sua imitação do hoje ministro Mangabeira Unger, que além de ter trabalhado para o banqueiro o conhece desde a infância.

Multiplicação. Um dos principais homens do governo na Câmara, Luciano Castro (PR-RR), que agora tenta a Prefeitura de Boa Vista, enriqueceu de 2006 para cá. Seu patrimônio declarado aumentou de R$ 378,5 mil para R$ 827,3 mil. Candidato à reeleição, o fazendeiro Iradilson Sampaio (PSB) registrou R$ 2,5 milhões na declaração.

Frota. Líder folgado das pesquisas em Curitiba, o prefeito Beto Richa (PSDB) incluiu em sua declaração de bens à Justiça Eleitoral uma moto Harley Davidson avaliada em R$ 50 mil. Em Fortaleza, o candidato Moroni Torgan (DEM) declarou seis carros, quatro deles modelos antigos.

O clone. Marta Suplicy não é a única petista a pegar carona nos slogans da bem sucedida campanha de Lula em 2006. Em Porto Velho (RO), Roberto Sobrinho disputa o segundo mandato por coligação denominada "Roberto de novo, com a força do povo".

Bonde. Uma das maiores coligações formadas nas capitais é a de Raimundo Angelim (PT), que busca a reeleição em Rio Branco (AC). Candidato dos irmãos Tião e Jorge Viana, terá apoio de 16 partidos.

Pulverizada. A média neste ano é de cinco candidatos a prefeito por capital, mas duas fogem à regra: Rio de Janeiro (12) e São Luís (11).

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Com a Polícia Federal no pé de Daniel Dantas e de Eike Batista, vai faltar dinheiro para financiar as campanhas neste ano."
Do deputado ANDRÉ VARGAS (PT-PR), sobre as operações Satiagraha, que prendeu Dantas, e Toque de Midas, que realizou busca e apreensão no escritório da empresa MMX, de Eike.

Contraponto

Mudança de hábito

Entusiasta da chamada "Lei Seca", o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) queixava-se, na sexta-feira, de habeas corpus concedido a um presidente de associação de bares que pretendia dirigir depois de ter bebido.
-Não demora e haverá juiz dando plantão em boteco!
Heráclito Fortes (DEM-PI) entrou na conversa:
-Essa lei tem contribuído para gerar empregos. Agora, quem gosta de beber está contratando motorista.
Ao que Cristovam completou:
-Pois é, senador, antigamente era necessário habeas corpus da esposa para ir ao bar. Agora, o sujeito precisa é de habeas corpus do juiz para voltar do bar!


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